E a Thammy que deve estar até agora subindo e descendo a escadaria da Penha depois de ter sido chamada pra entrar na próxima novela da Glória Perez. Esse é o tipo de noticía infalível pra me fazer ficar louco pra ver a novela. Até porque, torço pelos underdogs e Thammy é um exemplo cabal disso. Basta olhar pra essa foto de dibulgação da peça dela:
A cara de satisfação da moça/moço entrando no Projac como atriz é algo que eu até pagava pra ver.
Vai lá Thammy, se joga.
A interação entre o Vale a Pena Ver de Novo e o Canal Viva lembra muito aquela dinâmica muito discutida entre obras literárias que foram transportadas para o cinema. O Canal Viva seria a obra sendo transmitida em sua totalidade – como a obra literária – cheia de descrições e detalhes. Já o Vale a Pena Ver de Novo é o resumo. A adaptação forçada, que impõe o corte em nome da condensação.
Mulheres de Areia , em reprise no Vale a Pena Ver de Novo, está mil anos à frente do que deveria estar se exibida corretamente. A audiência do reprisário vespertino não andava bem há muito tempo, o que levou a cúpula da emissora a ceder aos apelos populares que pediam reprises mais antigas e resolveu sacrificar a obra de Ivani Ribeiro, que se exibida no Viva, nos daria o prazer de sua totalidade.
No entanto, mesmo assim, recortada, a novela é uma delícia de assistir. O trabalho de Glória Pires é tão cheio de camadas que dá gosto de ver. A trama é tão arrumada, pensada, avaliada, de um jeito que as novelas hoje em dia não são mais. As duas irmãs iguais, opostas, refletindo a personalidade dos pais, e um show de boas reviravoltas pra ninguém botar defeito. Até Guilherme Fontes, que vivia um herói que chegava aos cúmulos da inocência, se destaca defendendo com tanta honestidade o grande babaca da época. Seu personagem, Marcos, cedia ao apelo sexual da irmã má, num jogo de dominação física velado que era impressionante para o horário das seis.
O trabalho de Marcos Frota como Tonho DaLua também merece muito destaque. Apesar dos eventuais exageros – principalmente nas cenas de emoção – o personagem foi um acerto absoluto. Frota, que nunca teve fama de ótimo ator, deve ter tido que brigar muito pela oportunidade e por isso mesmo, defende o papel com comovente paixão. É um trabalho de interpretação de encher os olhos. Sobretudo porque Ivani Ribeiro, esperta e inteligente, não caiu na tentação de criar um personagem com problemas comportamentais, aparentemente infantil, que fosse chapado por essa condição. Tonho é um pouco malvado. Pensa em matar, finge sentimentos quando lhe convém e sente certo prazer em manipular segredos. Ou seja, como todos nós.
E ainda tem Laura Cardoso e Antônio Vasconcellos imperdíveis. Suzana Vieira nos tempos em que não via problemas em viver mães de família sem fama de gostosonas. Viviane Pasmanter botando pra quebrar , Humberto Martins em início de carreira demonstrando muito talento, Andréa Beltrão roubando todas as suas cenas e o saudoso Raul Cortez vivendo um Virgílio odioso e ao mesmo tempo engraçadíssimo. Os rompantes dele são hilários.
Grande momento da televisão brasileira, e que reforça o sentimento de nostalgia dramatúrgica que agora nos toma perante equívocos totais como por exemplo, Fina Estampa.
Há algumas semanas a novela Fina Estampa, de Aquinaldo Silva, teve um de seus maiores picos de audiência. A razão foi mais um embate entre a descaracterizada Teresa Cristina e a ótima Griselda, além de um jogo de vôlei entre um grupo de “fortões” (como os próprios personagens nomearam) e um grupo de gays. Se cada capítulo da novela pudesse ser nomeado, esse poderia se chamar facilmente “A coroação da ignorância”.
O jogo de vôlei era uma estratégia esperta perante a audiência. Gays afetados, vestidos de rosa e dando saltinhos sempre funcionaram melhor do que aqueles que fazem o discurso social adequado. Não que a afetação não exista, ela existe. Mas não é só ela que existe. Aguinaldo tem um longo histórico de abordagens afetadas, talvez provenientes de uma concepção homossexual retrógrada, oriunda de uma época em que os gays ostentavam o orgulho de relacionarem-se apenas com “héteros”, enrustidos, tudo para que pudessem desfilar o status de terem “casos” com militares, médicos, mecânicos, motoristas... Aguinaldo não representa o homossexual dos anos 2000, ele parou no tempo em que a afetação era o único caminho possível para o gay na televisão. E infelizmente, depois de Gilberto Braga ter feito um trabalho exemplar em Insensato Coração, vem Fina Estampa e anula toda essa referência com um infeliz tratamento ao tema.
Tudo no tal jogo era equívoco. A caricatura não atingia só os gays não, porque os “fortões” também não tinham uma gota de profundidade. Tinham todos um pé no timbre da vilania. O time dos gays vestia rosa e saltitava pela areia. A plateia era dividida e segregada como manda o figurino e se já não bastasse tudo isso, o time dos gays perde o jogo porque não conseguiu se concentrar em outra coisa senão o volume do pênis de um dos jogadores. Qualquer palavra que não seja uma variante do ridículo, não se aplicaria na hora de julgar ideia tão esdrúxula. Pra coroar a ignorância toda, um dos fortões faz uma piada e os gays reagem com... violência. Isso mesmo. Os gays é que respondem primeiro com violência. O pesadelo se encerra com o personagem de Marcelo Serrado dizendo: Perdemos o jogo, mas ganhamos no pau. Saímos dessa experiência com uma representação triste de homossexuais rasos, fúteis, que não sabem perder e reagem com violência. Aguinaldo então pode dormir tranquilo, já que a audiência da novela permanece alta e ele tem o hábito de usar o ibope como parâmetro de qualidade. Criticado pela novela, reage como os gays de sua história: com agressividade. Invalida a competência dos críticos. Ataca-os com suas frases de efeito totalmente vazias de embasamento.
A novela em si, capenga num circo de incoerências. Aguinaldo declara que depois da Flora de A Favorita nenhuma vilã mais tem humanidade, motivos. Na cabeça de todo mundo que viu A Favorita, Flora era uma das vilãs que mais tinha razões para agir na trama, ao passo em que Teresa Cristina parece saída de um filme da Disney e não tem um só momento em que não fale com voz de Bruxa Malvada. Até agora já bateu, gritou, maltratou um empregado que a põe nos céus (o que jamais entenderei), discriminou e até matou, e os motivos não aparecem.
As tramas se costuram com a linha da obviedade, repetem padrões mil vezes já vistos. O egocentrismo de Aguinaldo vai tão longe que ele começou a incutir na história, bordões e influências de suas outras tramas. Coisa que ele fazia com bom humor no passado, mas que agora soa pretensioso, como se suas outras novelas estivessem blindadas pelo engano da super audiência. O artifício só depõe contra ele, já que Nazaré (por exemplo), uma personagem cheia de camadas, dá de mil a zero no vazio dramatúrgico de Teresa Cristina.
O Twitter do autor é um show a parte e confirma a noção que ele tem de que é imbatível com os números e com a qualidade. Mal sabe ele que sua antecessora, Insensato Coração, era infinitamente superior em texto, ousadia, planejamento... e filosofia.
Lá se foi mais de um mês da estreia de Fina Estampa e já dá pra saber que a megalomania de Aguinaldo Silva não corresponde à atualidade de sua obra.
O conceito da novela é o de que todo mundo tem uma faceta escondida pela membrana da sociedade, e que isso provoca a concretização daquele velho ditado de que as aparências enganam. O problema é que a novela está longe de expressar a sutileza dessa definição e entrega uma história absolutamente previsível, ou seja, é exatamente aquilo que parece.
O rosário de enganos é extenso, desde a escolha de Torloni para viver a segunda versão de Melissa Cadore, até a relação grosseira e desagradável que ela tem com o “mordomo gay” vivido por Marcelo Serrado. Gays adorando divas é até comum, mas gays suportando ofensas e humilhações por causa disso não é algo que deveria ser festejado. Isso sem falar da velha mania de Aguinaldo de trabalhar a homossexualidade dentro da marginalização do relacionamento. Os gays dele são sempre afetados e mantém encontros secretos com enrustidos pseudo-heterossexuais. Não que isso não exista – de fato é o que a gente mais vê nos subúrbios – mas o tratamento televisivo dado a questão sempre me soa muito mais um desserviço à comunidade GLBT do que um passo positivo na direção da aceitação social.
O número absurdo de personagens incluem um núcleo hippie/espiritual de dar ojeriza. Além de termos que aturar o namorado da Suzana Vieira fazendo mágicas, temos que aturar um comportamento e linguajar hippesco que ficaria muito melhor numa novela lá dos anos 70. Os diálogos são tão fakes que dá pena. E dá-lhe as mesmas linhas de tensão que já vimos outras vezes com autores diferentes e até com o mesmo autor (Dira Paes vive também uma versão 2.0 do que vimos com Adriana Lessa em Senhora do Destino). Temos que aturar o maniqueísmo com que ele retrata a “imprensa marrom” na personagem de Suzana Pires (jornalista Marcela Coutinho é pior do que uma vilã da Disney) e aceitar que isso faz parte da justiça interpretativa.
Lilia Cabral – a única que não me agride quando surge na tela – compõe o que se espera como a representação conceitual da trama: aquela que é muito mais do que parece. No entanto, todas as investidas do autor na exemplificação dessa ideia caem por água abaixo. Que mulher linda hoje em dia, que procura um homem na internet, aceita encontros sem ver o dito cujo pela webcam? Que taxista que recebe como passageiro um grandalhão mal educado e grosseiro, não vai achar que aquilo ali é uma roubada? Se é pra passar a ideia de “as aparências enganam”, que sejam aparências dentro de uma unidade de realismo, e não uma situação forçada para transmitir a demagogia da questão.
Parece providencial que depois de ter acordado o monstro envaidecido com a repercussão do seu blog, Aguinaldo Silva nos entregue uma história com a profundidade de uma banheira, que pretende ser muito mais do que realmente é, e que ironicamente, é o melhor exemplo de si mesma. A estampa é fina e pretensiosa, mas o miolo é fosco e pobre.
Terminou semana passada a novela Insensato Coração, de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, entre protestos de censura, mistérios superficiais e muita diversão. A novela, que em termos de sucesso e barulho, foi uma das mais bem sucedidas do horário atualmente, pode ser encarada como uma obra em três atos muito bem definidos.
O primeiro ato, claro, começou no primeiro capítulo, com a maneira apoteótica com a qual Pedro e Marina se conheceram. A novela teve um aspecto curioso, que geralmente não vemos dentro do padrão estabelecido de criação: ela teve linhas de tensão que foram trabalhadas muito lentamente. Ou seja, a trama foi pensada muito antecipadamente e os nós dramáticos foram sendo atados sem pressa. Se pensarmos na Insensato Coração das primeiras semanas, vamos notar que nada do grande sucesso que ela obteve se anunciava naquela organização aparentemente aleatória de núcleos. Um bom exemplo disso é a história do homofóbico assassino Vinícius. Ele apareceu muito pouco nos primeiros capítulos, namorando a irmã de Camila Pitanga, mas essa aparição já servia pra dar indicativos básicos de sua personalidade violenta. O mesmo para o homossexual Eduardo, que no começo incorporava uma sensibilidade em sua interpretação que não anunciava nada, mas que sugeria o caminho específico para alguma mudança, já que o namoro com Paula parecia tudo, menos passional. Nesse início, tínhamos os principais pilares da história apenas se desenhando. Norma era uma ingênua enfermeira namorando Leo e o banqueiro Cortez parecia apenas um mau caráter clássico.
O segundo ato pode ter seu início entendido a partir da reconciliação entre Pedro e Marina (depois de uma série de acontecimentos que encheriam uma outra novela) e da ruptura de valores de Norma, sendo perseguida na cadeia por uma irreconhecível Cristiana Oliveira. As tramas principais estavam ainda caminhando ao ponto exigido para que as tensões provocassem o clímax, tanto que Leo há essa altura, ainda aplicava pequenos golpes e Cortez era só um homem sem caráter que manipulava a mulher. Foi dentro desse meio de trama, que se formaram os laços entre os coadjuvantes que viriam a conquistar a audiência, mas que foram sabiamente adiados até a hora certa, quando sua exploração não correria o risco de ser saturada. Bibi e Douglas, que pareciam perdidos dentro da novela, foram reservados para esse momento da novela, para que as curtas possibilidades de conflito fossem condizentes com a vida útil do folhetim.
O terceiro ato começou quando Norma enriqueceu e levou Leo para ser escravizado em sua casa. A partir dali, todas as linhas de tensão estavam estabelecidas e viraram o sonho de consumo de qualquer autor: tudo estava tão armado que era só aproveitar as possibilidades à vontade. A ansiedade pelo destino de Leo, pelo desmascaramento de Norma, pela saída do armário de Eduardo, pelos conflitos criados pela descoberta da paternidade de Vinícius, pelo destino de Natalie sendo casada com Cortez... Enfim, estava tudo pronto, e como o fim não estava distante, tudo pôde ser abordado sem enrolação.
Como em todo último capítulo, muitos erros de coerência são cometidos, mas perdoados pela finitude dessas decisões. Wanda não era o tipo de pessoa que matava, mas a traição com as perspectivas da personagem em nome do suspense, não a ameaçava por mais capítulos. O recurso do quem matou? é uma marca de Gilberto, mas lançar mão dele é muito mais útil quando a trama carece de intensidade, o que não era o caso de Insensato Coração. A história, cheia de vilões interessantes, reviravoltas inesperadas, ganchos diários, resultado de um planejamento absoluto que deve virar via de regra para qualquer novelista. Além disso, nada foi mais divertido do que acompanhar as frases hilárias de Bibi (que deviam ser publicadas), os devaneio de Natalie e Douglas, o surpreendente carisma de Roni, e tantos outros personagens marcantes da trama.
Por fim, nenhuma outra história deu tanto espaço para os gays como essa. Eram vários personagens, várias expectativas formadas e uma campanha contra homofobia que teria sido melhor sucedida sem a interferência direta da direção da emissora, que se sentiu acuada com a massividade dessas questões. A relação do homofóbico Cléber com a descoberta do filho gay talvez não tivesse sido tão apressada se não fosse essa interferência, que também baniu o casal Eduardo e Hugo da linha de frente dos capítulos. Por sorte, Gilberto adiou a elevação dessas questões gays para esse terceiro ato, o que impediu a reação conversadora de agir mais drasticamente.
Com a chegada da pretensiosa Fina Estampa, escrita por um cada vez mais megalomaníaco Aguinaldo Silva, damos adeus a uma novela que se organizou pelo bem da diversão do espectador, e que aproveitou pra fazer um importante merchandising social.
É, tava demorando.
Começaram a pipocar essa semana pela net as notícias sobre a postura de censura da Rede Globo em torno dos gays da novela Insensato Coração. A pá de cal definitiva veio pela revista Veja, que informou que Gilberto Braga foi sim, convocado pela direção da emissora e intimado a limar várias das cenas previstas para o casal Hugo e Eduardo. A nota da revista foi mais além, e julgou adequada a postura da emissora, afirmando que o "didatismo catetequésico" das cenas em torno da homofobia teria feito desandar a receita de ativismo promovida por Gilberto. Enquando a Globo afirma que não fará "merchandising de orientação sexual" eu fico me perguntando porque esse didatismo não é questionado quando se trata de outro tipo de "campanha".
Será que ninguém pára mesmo pra pensar no quanto é positivo que essas discussões estejam acontecendo dentro da novela? Que falar, didaticamente ou não, da violência aos gays, do processo de aceitação, de tudo que diz respeito ao convívio social dos gays, é muito importante? É necessário e cabe a todo veículo de comunicação que se julgue respeitado?
Mais uma vez, as tentativas de incorporar os dramas homossexuais à teledramaturgia brasileira vão ser diminuídos a condição de "merchandising". Ninguém percebe que essa má vontade diante dos assuntos que nos dizem respeito é só mais um incômodo provocado pela incapacidade de enxergar esses assuntos como naturais e inerentes à vida de qualquer homossexual desse mundo. Ganham a batalha, mais uma vez, os pitboys que renegam o que haviam visto na TV até agora, os xiitas religiosos que viam nessa investida de Gilberto Braga o final dos tempos, os homofóbicos que torciam pela eliminação de todo o núcleo gay da história... Ganham eles, de novo.
Já se começa a falar sobre a possível morte do casal no final da novela, como uma forma de protesto. Nas próximas semanas, o insuportável Vinícius vai matar o jovem Gilvan, protegido de Sueli, e representar a voz agora audível de todos que pensam como ele. Já que cenas de violência contra os gays, cenas de morte, essas são permitidas. As de amor, não.
Ontem, depois de uma festejada reprise, a novela Vale Tudo terminou novamente para espectadores cientes de quem matou Odete Roitman, mas nem por isso menos contentes em rever esse que é o maior dos mistérios da nossa teledramaturgia.
Cheia de momentos inesquecíveis, a novela era tão inteligente que chegava a dar medo. As soluções dramatúrgicas cheias de sagacidade, os personagens com uma base psicológica bem definida, os diálogos brilhantes. Ao contrário do que está acontecendo com Vamp, onde sua reprise mostra que seu sucesso foi superestimado, a volta de Vale Tudo veio para confirmar sua genialidade.
E quer saber qual é pra mim o personagem mais bem construído da história? Errou quem apostou em Odete Roitman ou Maria de Fátima. As duas são maravilhosas, claro. Fátima, principalmente é incrível! Cheia de níveis e subníveis de motivação, um desbunde. Mas pra mim, o Ivan, vivido por Antônio Fagundes (lindo de morrer), é o personagem mais crível da novela. Sem a maldade brutalizada de Odete, mas igualmente ambicioso; e sem a honestidade cega de Raquel, mas igualmente generoso. A trajetória dele é a trajetória de muitos brasileiros que vivem na corda bamba entre a facilidade do delito financeiro que gera frutos e as consequências morais que isso traz para o caráter. Ivan passou o início todo da história em pé de briga com Raquel, que não aceitava os valores flexíveis do namorado, para então no final da novela, ser o único a encontrar a cadeia por conta de um desses delitos leves que facilitam a vida mas que formam a estrutura podre do país em grande escala.
Enfim, Vale Tudo veio num momento ótimo para Gilberto Braga, que depois de alguns acertos com Celebridade e Paraíso Tropical, finalmente reencontra a própria voz em Insensato Coração. A atual novela das oito vem dando um banho de boas construções narrativas, vem sabendo ser paciente para criar expectativas, vem arrasando com a maneira com que tem mostrado as questões homossexuais e está cheia de bons personagens. É curioso também que Glória Pires, que em Vale Tudo viveu seu maior papel, esteja agora, depois de muitos anos de maus personagens, reencontrando o sucesso com outra novela de Gilberto.
Para aqueles que quiserem rever o grande momento da morte de Odete, segue abaixo o vídeo com o momento. Mas não deixe de ver o momento seguinte, em que o Brasil de Cazuza, cantado por Gal, toca ao fundo enquanto todos os pobres da história vão sendo presos e o rico Marco Aurélio entra em seu jatinho e manda bananas pro belo e feio Rio de Janeiro.
Pelo amor dos Deuses, se não bastasse o fiasco do Blog da Luciana em Viver a Vida, agora temos esse outro sinal do apocalipse aqui:
Natalie Lamour tem um blog! E é uma pena que essa onda de personagens tendo blogs na vida real não tenha podido ocorrer em tempos áureos da televisão brasileira. Já imaginou esse pessoal aqui com blog:
Odete Roittman: Aos Tupiniquins, o exílio.
Natacha (Vamp): Blog das Vampiras Arrependidas
Abigail Rossini: Vingue-se do seu homem em 4 tempos
Tonha da Lua: Blog da Ru...Ru... Rutinhaaaa....
Dom Lázaro: Pala os que plefelem Melão...
Flora e Donatela: Faísca e Espoleta, o Legado
Helena (de Mulheres Apaixonadas): Consultório Emocional on line
Helena (de Páginas da Vida): Blog da Moça Bunita - Meu filho é Down
Helena (de Viver a Vida): Blog do Perdão à Luciana
Branca Letícia de Barros Mota: Um Martíni e um Riso: Frases de Branca
Jade: Uma muçulmana em Copacabana
Bebel: Quero ser sua fixa
E por aí vai....
Quem quiser visitar o blog de Natalie, o link está aqui:
http://insensatocoracao.globo.com/platb/natalielamour
Sabe aquela frase do Cazuza? Aquela que todo cidadão que gosta de se revolucionalizar repete? Ideias que não correspondem aos fatos , e que parecem ter permeado toda a entrevista de Tiago Santiago ontem, no SBT.
Pra quem não sabe, Tiago Santiago é um autor de novelas que ganhou fama depois ter conseguido implantar um modelo quase global de produção dentro da Record. É dele a relativamente bem sucedida Prova de Amor, que reunia um bom elenco e uma história dentro da coerência necessária para a realização de uma boa história. O problema é que também é dele um dos maiores absurdos que a televisão brasileira já teve a infelicidade de realizar: Os Mutantes. E é desse ponto de partida nonsense que começamos a perceber os ideais desse autor com um nobre objetivo, mas com uma profunda ignorância a respeito da indústria que o cerca.
Santiago estava promovendo a estreia de sua nova produção no programa de Gabi. Ela, profundamente receptiva ao lançamento de Amor e Revolução (que já não revoluciona no título), ouvia os argumentos do autor para justificar sua obra com o mesmo interesse de sempre. Ele, claramente animado com essa nova oportunidade, discorria um rosário de iniciativas teóricas para justificar a decisão de levar para as novelas o mundo sangrento da ditadura. Gabi se lembrava de dizer que as novelas nunca tinham se dedicado ao tema e infelizmente a declaração não foi além e chegou até a razão desse ocorrido: a simples e óbvia limitação da linguagem. A menos que você queira parodiar Shakespeare, não pegaria uma atriz de 105 quilos para viver Julieta. É uma questão de entender a hierarquia das grandes histórias. Não filmar Titanic com orçamento de filme pra DVD, por exemplo. Mas Santiago, em seu complexo megalomaníaco, continua a tentar reafirmar seu nome através de linguagens e referências fortes demais para serem revisitadas sem ficar com cara de oportunismo vulgar. Fez isso tentando recontar A Escrava Isaura, tentando reproduzir Manoel Carlos em Prova de Amor e tentando ir na onda da série Heroes ao produzir Os Mutantes. E olha que nem Heroes deu certo. Todas produções visando o estremecimento do império global, mas que sem bom senso, acabaram cheirando a caricatura.
A tal da Amor e Revolução, foi descrita por ele na entrevista como um corajoso produto de pesquisas e paixão. E seus argumentos foram muito coerentes. A tentativa de humanizar os generais da repressão é notável. O tratamento cinematográfico alardeado por ele é o necessário para sofisticar a trama. Segundo ele, a novela busca um equilíbrio de fatores interpretativos e tem produção e reconstrução de época impecáveis. Tomado de orgulho, ele responde a Gabi que sua trama pretende respeitar a cartilha das novelas, mas buscando mostrar algo de novo para a disputa no horário nobre. Tá, ok... Mas depois de ouvir isso tudo, vem o comercial e na chamada, a gente vê isso aqui:
Exagero! Exagero! Exagero! Como sempre, as tramas têm ansiedade em acontecer e sem preparação, não tem clímax que chegue. Então vamos produzir o clímax. E dá-lhe tapa pra lá, e soco pra lá, e arma na cara, e em trinta segundos de chamada já deu pra ver que ninguém ali foi criado para ter profundidade nenhuma. É tudo rasteiro. Chapado. Estereotipado. E não que a Globo não esteja fazendo isso ultimamente. Acho que A Favorita, de João Emanoel Carneiro, foi a única coisa nos últimos anos que nos poupou da mesmice. Mas a Globo tem apuro técnico e isso às vezes disfarça as deficiências de sinopse. No SBT, essa falta de apuro maximiza os defeitos já gritantes de visual e coerência. O resultado é aquele já conhecido aroma de equívoco. Não dá pra acreditar naqueles personagens, naqueles cenários, naquelas caracterizações... E enquanto a Manchete, nos anos 80 e 90, se segurava numa boa história pra derrubar a Globo, o SBT e a Record (em menor escala), ainda insistem em primeiro tentar revolucionar com uma ideologia linda de ouvir, mas que não se imprime na tela. Aí vira tudo um borrão de incompetência.
Uma pena. Eu torço para que outros canais encontrem seu caminho. O mercado de trabalho e o telespectador só têm a ganhar com isso. Mas enquanto não houver bom senso e investimento, nada vai mesmo mudar.
PS: Se puderem, entrem no youtube através do link desse vídeo e dêem uma olhada nos comentários. Gente doida que acha a Patricia de Sabrit maravilhosa e que espera a estréia da novela ansiosamente.
Abre a imagem. Muitas tardes e crepúsculos. Uma mulher canta uma canção que poderia muito bem ser uma bossa (e será para a conveniência do blog), enquanto os atores aparecem vestidos em sorrisos ou carões, os seus personagens. E não, essa não é a nova chamada para a próxima novela de Manoel Carlos. É a chamada para a primeira novela produzida na Região dos Lagos: Cidade Jardim.
Eu tô zoando um pouquinho porque enfim, o Dobras é um blog de chochação, mas de fato eu acho a iniciativa incrivel. Não sei se o caminho era reproduzir um padrão ou investir num formato transgressor, mas ter a audácia de fazer uma novela toda com elementos nativos merece o máximo de crédito. O ruim é que dificilmente eu vou conseguir assistir, senão faria uma crítica sincera e aprofundada da trama e dos atores e me divertiria muito vendo tanta gente que eu conheço embarcando nessa jornada.
Desejo muito boa sorte e torço para que coloquem os capítulos no you tube. Enquanto ela não estréia, vamos assistir essa chamada com o coração aberto e olho atento. Os personagens já aparecem tão visualmente marcados que já dá pra advinhar o papel de cada um dentro do arquétipo dramatúrgico.