Mal estreiou nos cinemas e a filmagem do clássico de Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray, já começou a provocar discussões sobre o seu valor. Ainda não vi o filme, mas o trailer aqui postado não parece nos direcionar para a melhor das impressões. Temos o fodão Colin Firth, mas até que ponto ele não é só charme no filme, não sabemos.
“Comer, Rezar, Amar”
Elizabeth Gilbert
Dei uma pausa no meu projeto de ler todas as crônicas vampirescas de Anne Rice (pausa provocada pela faculdade também, devo esclarecer... e pelo trabalho.... e pelas peças... e pelos compromisso pessoais...) para dar uma atenção a esse tão falado livro da Elizabeth Gilbert, que virou filme com a Julia Roberts fazendo a viajante tagarela.
Peguei o volume com minha amiga Monique Bomfim e embarquei para a Itália, primeiro destino da personagem/autora. A introdução inspirada, que explica o significado de um amuleto balinês que serve de base para a estrutura do livro, esconde a progesterona excessiva que está vindo a seguir. Antes de embarcar para a Itália, a personagem fala sem parar de seu divórcio complicado, de seu romance mal sucedido com um jovem, de suas crises depressivas, de tudo que a leva a tomar a decisão de vender um projeto literário que lhe transporte para três experiências em três pontos diferentes do mundo. O livro é o resultado disso: todos os problemas triviais de uma escritora rica, dada à instabilidade, que pode se dar ao luxo de expurgar seus fantasmas em paraísos estrangeiros.
Começando pela Itália, onde ela pretende se dar o direito de sentir prazer. E pra isso, ela come. São 36 histórias (como ela mesma define os capítulos) sobre comer e fazer turismo. Gilbert é esperta na escrita. Sabe disfarçar seus argumentos fracos com uma prosa eficiente. Tanto que quando ela vai embora da Itália, percebemos que nada aconteceu com ela lá. Ela deprimiu de novo, recebeu a visita da irmã, fez um curso de italiano com umas pessoas que parecem ter sido encomendadas para engrandecer a obra de tipos estranhos e comeu, comeu, comeu... e fez turismo, turismo, turismo...
Partimos para a Índia, então. Aqui ela pretende encontrar Deus através da meditação. Conhece mais alguns tipos estranhos e faz mais turismo. Mas perde menos tempo descrevendo pratos para poder descrever rituais. As descrições às vezes nos surpreendem com reflexões interessantes, mas nada acontece além disso. Claro que a essa altura você já aceitou que aquela é uma história sobre a cabeça de uma mulher e sua busca pela redenção, portanto, fatos são irrelevantes. A personagem vai embora da Índia certa de que nos transmitiu um pouco da cultura indiana e que pegou num dedinho mindinho de Deus. Vamos com ela então, para Bali.
Na Indonésia, as coisas melhoram na narrativa. Um pouquinho de romance ajuda. O brasileiro também parece não existir, tamanha perfeição de sua descrição. Mas... esse é o mundo dela: pessoas ricas, belas e viajadas. Ela entende dele melhor do que eu. Mas pelo menos o ketut é mais crível. Assim como a trambiqueira Wayan, que é responsável pela corrente de solidariedade que salva o final do livro do marasmo.
Quando o livro termina, a sensação é de inverossimilhança. Com o tanto de dinheiro que a mulher parece ter gastado, estaria perdida se não tivesse acontecido realmente nada. Tenho certeza que Gilbert garantiu que houvesse muitas páginas de devaneios femininos e figuras exóticas, tudo pelo bem da movimentação midiática e dos bolsos dos editores.
Não estou, de maneira nenhuma, fazendo pouco caso do livro. Não foi nenhum suplício chegar até o fim e em alguns momentos até me comovi. Mas no que diz respeito a sugar a própria vida e cuspi-las nas páginas de um livro, prefiro o que a Fernanda Young faz, que é manter a linguagem e as referências pessoais, mas pelo menos inventar um enredo. Elizabeth Gilbert lançou logo depois o livro que conta como foi o divórcio dela. Se isso não é desespero editorial, eu não sei o que é. Quer falar de divórcio? Inventa um. Use sua voz pela boca de uma ficção. E salve os que estão envolvidos nos seus dramas, da sua versão unilateral e perigosamente vendável dos fatos.
UpDate: Minha amiga corrigiu aqui nos comentários que a autora não fala do divórcio no seu atual livro e sim de sua experiência pré-casamento com o brasileiro que conheceu em Bali. Mas enfim, o comentário se aplica aqui também.
Trecho da entrevista com o cara que escreveu um livro sobre a vida do Paulo Coelho (Mago de terceiro mundo), que fala sobre a discutível homossexualidade do mesmo.
Ampliando um trecho e a sublinhada:
"... isso durou até o momento em que eu entendi que se me autocensurasse, eu iria estar fazendo com o leitor umnegócio que Paulo não fez comigo, que ele não pediu,nem exigiu. Entendi isso e meti o pau"
Acho que isso deixa tudo claro né?
É isso aí meu caro, não se autocensure, meta o pau!
Terminei ontem de ler o penúltimo volume da série "A Torre Negra". Hoje peguei o último e iniciarei a longa jornada de 900 páginas que me espera.
Pretendo começar a dar minhas impressões sobre a série volume a volume. Essa história é sem dúvida, a mais desafiadora da vida desse escritor que teve papel fundamental na minha iniciação literária.
Se não fossem os 'Olhos do Dragão' de "sai" King, aos quatorze anos, eu jamais seria um viciado em literatura como sou agora.
Longos dias e Belas Noites