Há algumas semanas a novela Fina Estampa, de Aquinaldo Silva, teve um de seus maiores picos de audiência. A razão foi mais um embate entre a descaracterizada Teresa Cristina e a ótima Griselda, além de um jogo de vôlei entre um grupo de “fortões” (como os próprios personagens nomearam) e um grupo de gays. Se cada capítulo da novela pudesse ser nomeado, esse poderia se chamar facilmente “A coroação da ignorância”.
O jogo de vôlei era uma estratégia esperta perante a audiência. Gays afetados, vestidos de rosa e dando saltinhos sempre funcionaram melhor do que aqueles que fazem o discurso social adequado. Não que a afetação não exista, ela existe. Mas não é só ela que existe. Aguinaldo tem um longo histórico de abordagens afetadas, talvez provenientes de uma concepção homossexual retrógrada, oriunda de uma época em que os gays ostentavam o orgulho de relacionarem-se apenas com “héteros”, enrustidos, tudo para que pudessem desfilar o status de terem “casos” com militares, médicos, mecânicos, motoristas... Aguinaldo não representa o homossexual dos anos 2000, ele parou no tempo em que a afetação era o único caminho possível para o gay na televisão. E infelizmente, depois de Gilberto Braga ter feito um trabalho exemplar em Insensato Coração, vem Fina Estampa e anula toda essa referência com um infeliz tratamento ao tema.
Tudo no tal jogo era equívoco. A caricatura não atingia só os gays não, porque os “fortões” também não tinham uma gota de profundidade. Tinham todos um pé no timbre da vilania. O time dos gays vestia rosa e saltitava pela areia. A plateia era dividida e segregada como manda o figurino e se já não bastasse tudo isso, o time dos gays perde o jogo porque não conseguiu se concentrar em outra coisa senão o volume do pênis de um dos jogadores. Qualquer palavra que não seja uma variante do ridículo, não se aplicaria na hora de julgar ideia tão esdrúxula. Pra coroar a ignorância toda, um dos fortões faz uma piada e os gays reagem com... violência. Isso mesmo. Os gays é que respondem primeiro com violência. O pesadelo se encerra com o personagem de Marcelo Serrado dizendo: Perdemos o jogo, mas ganhamos no pau. Saímos dessa experiência com uma representação triste de homossexuais rasos, fúteis, que não sabem perder e reagem com violência. Aguinaldo então pode dormir tranquilo, já que a audiência da novela permanece alta e ele tem o hábito de usar o ibope como parâmetro de qualidade. Criticado pela novela, reage como os gays de sua história: com agressividade. Invalida a competência dos críticos. Ataca-os com suas frases de efeito totalmente vazias de embasamento.
A novela em si, capenga num circo de incoerências. Aguinaldo declara que depois da Flora de A Favorita nenhuma vilã mais tem humanidade, motivos. Na cabeça de todo mundo que viu A Favorita, Flora era uma das vilãs que mais tinha razões para agir na trama, ao passo em que Teresa Cristina parece saída de um filme da Disney e não tem um só momento em que não fale com voz de Bruxa Malvada. Até agora já bateu, gritou, maltratou um empregado que a põe nos céus (o que jamais entenderei), discriminou e até matou, e os motivos não aparecem.
As tramas se costuram com a linha da obviedade, repetem padrões mil vezes já vistos. O egocentrismo de Aguinaldo vai tão longe que ele começou a incutir na história, bordões e influências de suas outras tramas. Coisa que ele fazia com bom humor no passado, mas que agora soa pretensioso, como se suas outras novelas estivessem blindadas pelo engano da super audiência. O artifício só depõe contra ele, já que Nazaré (por exemplo), uma personagem cheia de camadas, dá de mil a zero no vazio dramatúrgico de Teresa Cristina.
O Twitter do autor é um show a parte e confirma a noção que ele tem de que é imbatível com os números e com a qualidade. Mal sabe ele que sua antecessora, Insensato Coração, era infinitamente superior em texto, ousadia, planejamento... e filosofia.
É, tava demorando.
Começaram a pipocar essa semana pela net as notícias sobre a postura de censura da Rede Globo em torno dos gays da novela Insensato Coração. A pá de cal definitiva veio pela revista Veja, que informou que Gilberto Braga foi sim, convocado pela direção da emissora e intimado a limar várias das cenas previstas para o casal Hugo e Eduardo. A nota da revista foi mais além, e julgou adequada a postura da emissora, afirmando que o "didatismo catetequésico" das cenas em torno da homofobia teria feito desandar a receita de ativismo promovida por Gilberto. Enquando a Globo afirma que não fará "merchandising de orientação sexual" eu fico me perguntando porque esse didatismo não é questionado quando se trata de outro tipo de "campanha".
Será que ninguém pára mesmo pra pensar no quanto é positivo que essas discussões estejam acontecendo dentro da novela? Que falar, didaticamente ou não, da violência aos gays, do processo de aceitação, de tudo que diz respeito ao convívio social dos gays, é muito importante? É necessário e cabe a todo veículo de comunicação que se julgue respeitado?
Mais uma vez, as tentativas de incorporar os dramas homossexuais à teledramaturgia brasileira vão ser diminuídos a condição de "merchandising". Ninguém percebe que essa má vontade diante dos assuntos que nos dizem respeito é só mais um incômodo provocado pela incapacidade de enxergar esses assuntos como naturais e inerentes à vida de qualquer homossexual desse mundo. Ganham a batalha, mais uma vez, os pitboys que renegam o que haviam visto na TV até agora, os xiitas religiosos que viam nessa investida de Gilberto Braga o final dos tempos, os homofóbicos que torciam pela eliminação de todo o núcleo gay da história... Ganham eles, de novo.
Já se começa a falar sobre a possível morte do casal no final da novela, como uma forma de protesto. Nas próximas semanas, o insuportável Vinícius vai matar o jovem Gilvan, protegido de Sueli, e representar a voz agora audível de todos que pensam como ele. Já que cenas de violência contra os gays, cenas de morte, essas são permitidas. As de amor, não.
Joshua Jackson
No final da década de 90 ele estreou numa série que tinha sido produzida pela Warner simplesmente para satisfazer uma cláusula contratual de Kevin Williamson, que tinha sido contratado para reviver os clássicos de terror adolescente com a cinesérie Pânico. Essa série, chamada Dawson’s Creek, teria apenas 13 episódios e ninguém achou que iria além disso; todos estavam mais ocupados em aproveitar o sucesso do primeiro filme. Eis que na metade da exibição desses 13 episódios, a crítica caiu de amores pelo texto, o público grudou na televisão e Dawson’s Creek virou uma febre. O rapazinho aí da foto vivia o garoto-problema da história e protagonizou os melhores momentos do programa. Teve um romance com a agora célebre Katie Holmes, sua colega de elenco na série, e ganhou alguns pontos ao interpretar um personagem gay em Segundas Intenções no auge de sua popularidade como galã. Quando o Creek terminou ele vagou por algumas produções cinematográficas até aportar na ótima Fringe, onde vive um atormentado agente disposto cruelmente entre dois universos distintos.
Dono de olhos azuis arrebatadores, Joshua amadureceu e adotou uma barbinha charmosa para viver Peter em Fringe. Mesmo na pele de um personagem mais sério, o moço não consegue evitar seu charme comovido, já famoso desde sua época como Pacey. Sem dúvida, seu olhar azulado e entristecido, sua barba aloirada e a linha forte da testa causam um profundo incômodo em quem está assistindo. É de matar. Eu mudo até de canal quando vejo.
Michael Chiklis
Alguns, que não assistiam a série The Shield, podem conhecê-lo como o Coisa, do filme O Quarteto Fantástico, mas sem dúvida o papel que projetou Michael Chiklis como um astro foi o de Vic Mackey, um policial machão, corrupto, que enlouquecia a mulherada com seu charme neanderthal e sua voz rouca.
Ao contrário do que transmitia na série, Michael é um perfeito cavalheiro. Na ocasião de sua contratação para viver Vic em The Shield, a cabeça raspada acabou sendo uma boa pedida para um personagem que não poderia sofrer nenhum tipo de fragilização e de certa forma, também um presente para Chiklis, que na juventude usou incorretamente alguns produtos que tinham como finalidade envelhecê-lo para a interpretação de um papel. Acabou ficando careca muito cedo e sob certo aspecto, a força sexual de Vic acabou transformando num símbolo sexual. Com dois olhões profundamente azuis, o rosto de Michael é como um farol berrante. Os lábios são finos e o cenho franzido. Parece que ele está sempre zangado. E juntando isso ao figurino sempre justo da série, e às constantes cenas de luta, Michael virou um ícone de virilidade. Para as mulheres fãs da diversidade e sobretudo para o público gay, Chiklis e seu corpo robusto e peludo são uma homenagem à essência masculina primal. Dá até um nervosinho vê-lo atirando em bandidos na TV.
Max Adler
A série Glee não é uma boa opção para quem curte esse tipo de homem ao natural. O programa é um desfile de rostinhos imberbes que agradam em cheio o pessoal que idolatra a beleza imediatista. No entanto, de uns tempos pra cá, comecei a me incomodar com um tal de Max Adler, que na série vive um homofóbico chamado David Karofsky. O tipo do rapaz é meio italiano: branco, grande, largo, com cabelos e pêlos muito escuros. Já falei dele outras vezes no blog, porque sempre me irritou a perspectiva de que o personagem dele dificilmente conquistaria o coração de Kurt. Já é quase evidente que houve uma associação direta da vilania à beleza não convencional de Max. De fato, eu acabo sempre me deixando levar pelos amores brutos. Minha torcida é por Kurt e Karofsky, mas duvido que alguém por lá vai me ouvir.
Kiefer Sutherland
Esse é bem conhecido de todo mundo. Filho do titã Donald Sutherland, Kiefer ficou famoso nos anos 80 ao protagonizar o vampiro vilão do filme Garotos Perdidos. Acabou virando galã para as meninas, mas amargou outras péssimas oportunidades no cinema. Namorou a ainda aspirante Julia Roberts, levou um chifre de proporções mundiais e caiu no esquecimento. Nove anos atrás foi ressuscitado para viver Jack Bauer na série 24 horas. Foi escolhido por deter os mesmos atributos de virilidade já mencionados a respeito de Michael Chiklis. Kiefer (adoro esse nome), não tem um rosto tão harmônico quanto o de Michael, mas ganha pontos no quesito pegada forte. Por causa de Bauer, voltou a ganhar as manchetes dos jornais e provocar suspiros, mas infelizmente sofre do que parece ser uma síndrome dos que são filhos de grandes atores e vive indo pra cadeia por mau comportamento. Essa síndrome também assola outros atores como Charlie Sheen, Michael Douglas e Daniel LaPaglia.
Anthony LaPaglia
No década de 80, o compenetrado Anthony LaPaglia era um daqueles atores do terceiro escalão que fazem filmes de ação pra passar no Domingo Maior. Vez ou outra, ganhava uma oportunidade de fazer alguma coisa diferente. A primeira vez que me incomodei com ele, a ponto de jamais esquecer, foi no clássico B Inocente Mordida, onde uma vampira com olhos verdes fluorescentes se apaixonava por ele, um policial linha dura cheio de testosterona. O forte nesse ator de descendência italiana é o mesmo que cerca todos os tipos italianos: força, masculinidade e a combinação irresistível de pele branca e pêlos negros. LaPaglia também ficou famoso por seu queixo gordinho que enlouquece os gays. Tem até comunidade pra ele no orkut.
Recentemente, o grandão estrelou e ganhou prêmios com seu Jack Malone, na série Without a Trace (desaparecidos). O personagem raramente ria e tinha uma coleção de perturbações que seriam um presente pra qualquer terapeuta.
Christopher Meloni
Meloni, como é conhecido entre os fãs, jamais imaginou que o grande salto de sua carreira se daria justamente por causa de uma formação romântica nada convencional: o casal Tobias e Keller, na série OZ. O próprio criador de OZ nunca pensou que o carro-chefe de sua série acabaria sendo esse casal. Graças ao público gay (ávido pelos corpos nus e cenas de apelo homoerótico) e às mulheres simpatizantes, a série sobre a ala experimental do presídio Oswald se tornou um sucesso. E embora o programa tivesse bons enredos, o que todo mundo queria era saber pra onde iria a complicada relação de amor entre Tobias e Keller. Uma série cheia de sangue e violência, feita para o público masculino, acabou se tornando um clássico do universo GLBT. E os atores Lee Tergesen (Tobias) e Christopher Meloni (Keller) viraram objeto de desejo de muita gente.
O destaque fica para Meloni porque sem dúvida, além de ser mais bonito que Lee, poucas vezes se viu um ator declaradamente heterossexual, se empenhar tão competentemente em cenas de cunho homossexual. A paixão e o desejo que brotava nos olhos dele chegavam a ser palpáveis. E isso sem falar na forma tão brilhante como Keller foi sendo apresentado e desenvolvido. Um sujeito violento, psicopata, com uma inteligência notável e um carisma arrebatador. Uma das melhores criações do mundo das séries. Seu sucesso na série OZ era tanto, que quando Meloni ganhou o protagonista da série Law & Order, foi feito um acordo entre as duas emissoras para manter o ator nas duas produções. Assim, Keller e Tobias tiveram suas tramas desenvolvidas até o derradeiro último episódio, que nos trouxe o inevitável final trágico para o casal.
Sobre a insuportável beleza de Meloni nem precisa falar. É um exemplo interessante de homem calvo que não perde o lugar na categoria “beleza infalível”. Apareceu em nu frontal várias vezes na série e não decepcionou. Os beijos entre ele e Lee Tergesen convenciam às vezes muito mais do que nos casais convencionais. Vale lembrar que na vida real, Meloni e Tergesen são muito amigos e para provocar os fãs que queriam uma absurda confissão de um romance entre os dois, viviam se abraçando e se acariciando em público.
James Gandolfini
De todos os homens dessa lista talvez ele seja o mais controverso.
James Gandolfini não era ninguém antes de ganhar a oportunidade, por causa de seu tipão italiano, de viver o patriarca mafioso da família Soprano. A série The Sopranos era a maior aposta da HBO e acabou se tornando o maior sucesso da emissora. Em meio a violência, caos e ao texto supremo de David Chase, o programa é considerado como o melhor seriado da história da TV. Enriqueceu Gandolfini, mas o lançou ao limbo dos “atores de um personagem só”. E de lá ele ainda não saiu.
A beleza de James é limitada. Ele precisa estar sério e de determinados ângulos. E incomoda muito mais os fãs daquela aparência proletariada, comum, como a do atendente do açougue aonde você vai. Mas se você tiver esse pensamento livre, verá nele um grande potencial. Sobretudo por conta de seus antebraços peludos, que em conjunto com o peito largo formam um maldito exemplar de virilidade bruta. Ao viver um mafioso durão, Gandolfini também ganhou status de símbolo sexual e aproveitou logo pra casar com uma modelinho esquálida que garantia sua auto-afirmação.
Alan Dale
O faz-tudo do canal ABC podia ser visto ano passado, simultaneamente, em duas séries: Lost e Ugly Betty. Se você desse um rewind no tempo, lembraria facilmente dele em The OC também, e se parar pra pensar bem, nas três produções ele tem a mesma cara e o mesmo figurino. No entanto, em contrapartida com seus talentos duvidosos, está sua aparência realmente incômoda. Poucas vezes se vê um homem já sessentão em tão boa forma. É bem verdade que seu forte é o rosto marcado, sempre tenso, o cenho franzido, a dobra entre as sombracelhas, mas não se pode deixar de admirar o porte de Alan.
Com o cancelamento de The OC, Ugly Betty e o fim de Lost, o coroa ficou desempregado. Resta aguardar que ele apareça novamente vestindo um terno e dando uma de poderoso, em breve.
Alec Baldwin
Os Baldwin mereciam um post só pra eles. Um dia farei... Qual gay fã de maduros e peludos já não se bronhou inteiro fantasiando com os Irmãos Baldwin? Dava até um roteiro bom de filme pornô. Coloca Alec, Daniel, Willian e Stephen numa sala com você e a insanidade é certa! Como eu queria conhecer os progenitores dessas criaturas malditas. Belos, másculos e charmosos ao extremo, os quatro decidiram seguir a mesma carreira. Daniel, o mais velho, é quase tão bonito quanto Alec, mas não vingou. Willian teve seu momento, mas a cara de tarado dele era tão grande que o atrapalhou. Stephen era o caçula com a mesma cara de pervertido dos maiores, mas também ficou pelo caminho entre um filme ruim e outro (pode-se vê-lo, no entanto, numa das melhores produções voltadas para os jovens que Hollywood já fez: Três Formas de Amar). E não que Alec também não tivesse uma carreira complicada... Depois de um início explosivo, com filmes de ação e um casamento bombástico com Kim Basinger, o moço começou a cair no esquecimento. Já na maturidade, começou a fazer vilões. Sua cara de mal era um trunfo e ele soube aproveitar. Quem não soube foi Hollywood, que não lhe dava nunca uma boa oportunidade. É desse época o primeiro filme onde comecei a me incomodar com ele. Malícia, com Nicole Zé-Ninguém-Mulher -de-Cruise- Kidman, e Bill Tenho-cara-de-idiota Pullmann. Nesse filme, a beleza e o charme de Alec eram tão impressionantes que aquela imagem se cravou na minha mente e não saiu nunca mais.
Branco, todo peludo, olhos profundamente azuis e uma voz de arrepiar a nuca, o grandalhão não fugiu à regra das celebridades surtadas e de vez em quando aparecia nos noticiários batendo ou xingando alguém. Os anos foram passando e sua aparição nos filmes era cada vez menor. Um ou outro bom papel aparecia e desaparecia. E eis que um dia ele foi convidado para aparecer num sitcom muito interessante chamado Will & Grace. Foi sua salvação! O desconhecido talento de Alec para a comédia surpreendeu todo mundo. Ele se divertiu no meio daquela bicharada presente no programa. Tina Fey, uma comediante do Saturday Night Live que ia começar um novo programa, o viu e o convidou para viver Jack Dounaghy, um executivo de voz rouca totalmente louco. Começava 30Rock e com ela, o renascimento da carreira do mais belo dos irmãos Baldwin. rios batendo ou xingando algudas e de vez em quando aparecia nos noticnuca, o grandalhao ve.aldito exemplar de virilidade bruta
Peter Krause
Ele não era o mais talentoso dos irmãos Fischer, mas sem dúvida, era o que mais arrancava suspiros na série A Sete Palmos. Dono de uma harmonia física invejável, Peter Krause ficou famoso pelas cenas de sexo arrasadoras com Rachel Griffiths que acabavam por revelar seu desconcertante tórax peludo que não ajudava muito a nos incomodar menos. Ele teve uma passagem bem sucedida com seu Nate em A Sete Palmos, mas não deu muito boa sorte para a galera de Dirt Sexy Money. Atualmente ninguém sabe por onde ele anda, mas sem dúvidas ninguém esquece do constrangimento de ter que olhar para aqueles reflexos aloirados dos pêlos de seu corpo.
Esses dias eu passei por maus bocados nas minhas viagens de ônibus para o trabalho e a faculdade. Num dos dias, morria de sono e estava louco por um cochilo. Um maluco se senta atrás de mim falando super alto e ouvindo pagode no celular como se estivéssemos no quintal da casa dele no domingo. Num outro, dois rapazes gays estavam parados em pé ao meu lado quando começam a conversar sobre um cara com o qual um deles trabalha e por quem os dois eram loucos de tesão. Em determinado momento da conversa, começaram os julgamentos habituais da maioria dos gays ultimamente: é hetero? (pergunta um) Ele diz que sim (diz o outro) Com aquele cabelinho? (insiste o primeiro) Hétero daquele jeito, né... cê sabe? A gente dá um jeitinho... (conclui o segundo).
Aí eu fico me perguntando: onde está a ambiguidade opressiva da orientação homossexual? Sim, porque parece que para os gays a heterossexualidade virou piada. Não existe mais enquanto conceito, apenas existe como nomenclatura. E não é uma questão de defesa dos direitos heterossexuais não, é uma questão de bom-senso. A homossexualização massiva por parte dos gays diante de tudo que representa a sexualidade masculina, complexa sim, é que vem sendo responsável por fazer com que os próprios homossexuais sejam considerados preconceituosos e arrogantes. O Efeito-Dourado talvez tenha sofrido um pouco de influência dessa questão. Óbvio que a sexualidade masculina se permite concessões, mas ela ainda está ali, do mesmo jeito que está a nossa homossexualidade mesmo que passemos anos transando com uma mulher.
Partindo desse princípio resolvi catalogar os tipos de heterossexuais, pra ver se os rapazes gays da cidade afora passem a entender que não é só o mundo deles que varia de coloração. Os héteros às vezes também sobrepõe camadas.
O heterossexual convicto
Do mesmo jeito que existem muitos gays que nunca transaram e que não transariam com mulheres simplesmente porque não tem vontade de fazê-lo, também existem os heteros que nunca transaram e nem transariam com outro homem. E se a comunidade gays aceita a homossexualidade convicta, tem que começar a ser inteligente e sensata de aceitar também a heterossexualidade determinante. Já passamos do ponto cego onde é cool dizer que “todo hetero é conversível”. Se alguns gays não são, deveriam considerar que alguns heteros também não. Esse tipo convicto de heterossexual geralmente leva numa boa a convivência com gays. A segurança da própria sexualidade é crucial nesse sentido. Essa espécie não caminha junto com a homofobia e o preconceito, geralmente traços de quem se sente inseguro com o desconhecido.
O heterossexual mítico
É aquele que se veste do “ser heterossexual”. Compra roupas e acessórios heterossexuais clássicos, rejeita delicadezas e sensibilidades, coleciona expressões e gestos excessivamente masculinos e repudia todo o universo feminino e gay. São desse tipo alguns lutadores de Vale Tudo, os skin heads, os amigos de futebol do seu irmão mais velho, os conservadores e defensores da “purificação sexual”. É o time do “Straight Power”. Se comportam com total ignorância a respeito da diversidade e são os mais perigosos fisicamente. Hiper valorizam sua condição diante do mundo e geralmente são péssimos maridos e amantes, já que se afastam de qualquer senso de fragilidade que poderiam torná-los muito mais críveis e interessantes. Alguns ainda passam por alguma experiência sexual com outro homem durante a vida, mas sempre de maneira sodomita, intimidadora. A maioria fala sério quando diz que tem nojo desse tipo de prática. Afinal de contas, o mundo gay também comete impropérios como esse quando se expressa pela voz de algum insensato que diz na cena da noite frases de repudio ao sexo heterossexual. São os equivalentes cor-de-rosa. Vestidos de seda ou de couro, são igualmente intolerantes e preconceituosos.
O heterossexual sacana
O tipo mais comum, daqueles que eu, você e todos os seus amigos gays já provaram aos montes por aí. Podem ser um amigo do seu pai, o pai de uma das suas amigas, seus primos, o vizinho da frente, o motorista de táxi, o chefe da empresa ou até mesmo o policial da vizinhança. Partindo do princípio básico de que todo homem é um ser excessivamente sexual, não fica difícil acreditar neles. Faça uma busca pelos sites de sexo e logo vai mudar de idéia. Homens fazem sexo com todo tipo de coisa. “Coisa” mesmo. Masturbam-se como alucinados. Duas, três, até cinco vezes num dia. E não só com as mãos. A internet está cheia de vídeos de homens usando flashlights ( cones de silicone em formato de orifícios sexuais) profissionais e até caseiras, feitas com embalagens improvisadas de desodorantes e hidratantes. Na falta de tal coisa, alguns são ainda mais criativos, usando meias, almofadas e até melancias e melões para penetrar. Sem falar nas bonecas infláveis e na prática da zoofilia como válvula de escape. Já vi em filmes sobre sexo rural, homens enfiando os pênis em buracos nos pés de banana. Enfim, diante de tamanha pluralidade artesanal, para esse tipo de homem, não seria muito simples e até confortável deixar-se tocar por outro homem? Já que a questão social a respeito da prática do sexo gay é algo para ser discutido por eles fora do ambiente onde praticam o ato, porque não dividir as coisas entre a “opinião que esperam de mim enquanto homem heterossexual” e a “opinião que tenho para mim mesmo quando abro o zíper e deixo que eles se divirtam com meu sexo”? Esse tipo geralmente se subdivide em dois gêneros: o que faz a fica na dele, respeitando os limites de tolerância para que assim possa continuar usufruindo da prática sem problemas pra ninguém e o que faz e para se afirmar cria uma imagem de repúdio diante dos outros. No entanto, ambos são mesmo heterossexuais, que projetam suas expectativas românticas nas mulheres, apenas deixando com que o sexo gay sirva de adorno para tanta necessidade de consumação física. Alguns apenas se deixam tocar, outros interagem mais. Alguns fazem porque se sentem atraídos pelo sexo anal, prática ainda incomum entre as mulheres. Alguns pelo sexo oral, diante da idéia mítica e inicialmente considerada verdadeira de que os gays fazem os melhores boquetes do mercado. Alguns porque sentem tesão anal e não têm coragem de expor isso às esposas e namoradas. Mas esse tipo pode vir a nunca tocar em outro homem se puder encontrar uma mulher que represente essa natureza sexual intensa que a cultura machista suprimiu nelas por uma questão de valorização tacanha do conceito purista.
O heterossexual de ocasião
É o clássico enrustido. Aquele homem que tem a orientação homossexual em si desde sempre, mas que resistiu a ela por muito tempo, alguns para a vida toda. Praticaram o sexo hetero tantas vezes, por obrigação ou afirmação, que encontram nisso algum conforto e prazer. Alguns tentam dizer a si mesmos que são bissexuais, mas no fim das contas, suas projeções emocionais e românticas se direcionam apenas a outros parceiros masculinos. Às vezes vivem heteros por tanto tempo que absorvem traços culturais que não abandonam nunca mais.
O bissexual
O mais raro de todos, já que encontrar honestidade nas declarações de que os homens e as mulheres são amados e desejados da mesma maneira é quase impossível. Existem alguns por aí. Já me deparei com um ou dois, mas reconhecê-los é muito difícil. A maioria se divide entre:
Bissexuais matrimoniais, que não aqueles que casam e passam a vida dizendo que amam as esposas mas não conseguem deixar de desejar os homens. Já chegaram no estágio em que até se envolvem emocionalmente, mas sempre fazendo questão de manter a reputação.
Bissexuais artísticos, que são geralmente os atores, diretores e poetas. Pipocam por aí aos montes, seduzindo aspirantes a atrizes com aquele jeito de homem feminino. Bradam a própria diversidade sexual para quem quiser ouvir, numa tentativa de demonstrar superioridade diante da natureza. Querem a virilidade com o souvenir da delicadeza. Criam vínculos femininos mas acabam sempre com outros homens.
Importante saber que transar com os dois sexos não diz nada sobre ser bissexual. Há uma sutileza quase imperceptível nessa condição. Algo que inclui projeções emocionais extremas para os dois lados. Afinal de contas, não é o sexo que define as pessoas. Podemos levar um tapa no meio de uma transa, mas não significa que nos tornamos sadomasoquistas. Um homem pode ser estimulado analmente por uma mulher sem que isso reflita uma orientação sexual que veio desde sempre com ele. Uma mulher pode brincar com a vagina de outra, sem que no dia seguinte ela tenha que considerar-se lésbica. É de uma superficialidade louca rotular as pessoas por conta de experiências isoladas. Ou por conta de comportamentos condicionados pelo tesão e não pela razão. Um homem que toca o pênis de outro não necessariamente é gay. Como disse Kevin Willianson em Dawson’s Creek”, é aquele nervozinho na hora de pedir o telefone ou aquela ansiedade pelo primeiro beijo que torna um homem inerentemente e delicadamente ligado a outro.
Falabella nunca foi de declarações isentas de uma reafirmação pessoal. Seu objetivo em suas entrevistas sempre foi confirmar os mitos em torno de sua personalidade. E entre muitas auto-homenagens a seu senso de humildade e valor ao trabalho, ficam pelo caminho as coisas que diriam realmente quem é Miguel Falabella. E depois que Rick Martin saiu do armário, começaram a procurar os possíveis candidatos brasileiros a fazer o mesmo para dar declarações. A pérola de Falabella foi essa:
Depois que Ricky Martin saiu do armário, não para de pipocar matérias com celebridades opinando sobre a atitude do cantor. Em entrevista ao site do jornal O Dia, o ator Miguel Falabella elogiou a coragem de Ricky, mas afirmou que assumir a sexualidade está "fora de moda".
"Achei maravilhoso [atitude de Richy]. Mas acho tão fora de moda esse negócio de questionar a sexualidade dos outros. O mundo está acabando... Não tenho a menor intenção de saber a opção sexual (sic) das pessoas, só das que quero comer. Se ele teve esse tipo de necessidade é um fato. Os preconceitos sempre vão existir, porque o ser humano é mesmo intolerante", disse o ator.
A primeira cagada está em dizer que sair do armário está "fora de moda". O dia em que poder viver sendo você mesmo num mundo onde as minorias estão sempre sendo oprimidas for estar fora de moda, prefiro mudar de mundo. Se Rick fez isso é porque a atitude é representativa pra ele e não devia ser considerada nada que não fosse louvável. "Fora de moda" é disfarçar as próprias inseguranças com declarações de esnobismo fingido. Depois vem a cagada-mor, quando ele usa a expressão "opção sexual". Tão lido, viajado, esclarecido e (quero acreditar), distraído. Sem falar na grosseria de dizer que a "opção sexual" pra ele só interessa se for das pessoas que ele quer comer. Sutil e delicado como um tijolo.
Adoro as coisas que ele escreve e faz. Ele é uma grande referência pra mim enquanto artista e pessoa. Na minha adolescência ele era um ícone do que eu queria ser enquanto escritor. As coisas que ele dizia e fazia tinham muita relevância e se ele tivesse se assumido gay naquela época, isso teria me dado alguma força pra lidar com meus fantasmas. Talvez seja isso que ele não entende. Não nos assumimos só para nós mesmos. Formamos uma corrente que empurra o mundo para nos assumir também.
Uma pena, Miguel. Uma pena.
Tadinha.... demorou tanto pra entender o óbvio, não?
Agora, vamos torcer pelo casal realmente mais apaixonado daquela casa:
Isso aí, meninos! Passivizem-se!!
Ué, quem ganhou o presente foi o Max?
Sabe o moço aí da foto? É um cantor italiano que acaba de escrever a pérola chamada Luca era Gay. Olhe o que ele diz sobre o assunto: Engana-se quem pensa que a pessoa nasce gay. Você se apaixona por um homem porque é isso que você gostaria de ser.
A letra é uma homenagem à psicologia barata. Pra ele, ser gay é culpa dos pais. E ele jura que não é mais. Quem quiser ler a "coisa", vou deixar abaixo o link da matéria. A letra está no final do texto.
Nessas horas é que a gente percebe o tamanho da pressão da sociedade. Na ansiedade por redenção e aceitação, o sujeito faz de tudo. Inclusive enganar a sí mesmo, aos outros e distribuir culpas por sua própria incapacidade de se amar.
Vi essa foto do Iran Malfitano e não conseguia parar de pensar: Deus, o que será que ele está pedindo ao Sérgio "Hond alguma coisa" pra ele estar fazendo essa cara?
Hoje, eu descobri: