O Oscar já passou faz tempo, porém, nunca é tarde pra avaliar um pouco dos candidatos à premiação. Segue abaixo, o que o As Dobras achou dessa filmarada toda.
Dobremos!
My Week With Marilyn
Sensibilidade é mais importante que caracterização.
Eu sou um fã Dawsoncreekiniano de Michelle Willians. Sempre ficou claro que a moça era o membro mais forte daquele elenco, e foi só ela sair da série, para conseguir, mesmo tão jovem, duas indicações ao Oscar que veteranas lutam até hoje pra conseguir. No entanto, mesmo com toda essa admiração, eu temi quando a terceira indicação saiu por esse My Week With Marilyn, onde a atriz teria nas mãos uma tarefa considerada quase impossível pela crítica: representar um dos maiores ícones hollywoodianos da história. Temi porque Marilyn tinha detalhes demais sobre si mesma, difíceis de acoplar sem que parecessem falsos demais. Muitas já tentaram... Nenhuma tinha conseguido. Bom... Até aqui.
E a receita era muito simples: sensibilidade.
Michelle não tem o corpo de Marilyn (onde enchimentos precisaram fazer seu papel), nem o rosto de Marilyn, e nem é conhecida como um símbolo sexual. Sempre aparece lá, nas premiações, com aquela carinha de doente, branca e frágil como uma lesma. Parecia impossível que desse certo...
Basta uma aparição e ela já convence imediatamente. Muito disso se deve também ao roteiro impecável, a direção segura e delicada e ao elenco coadjuvante simplesmente brilhante (encabeçado pelo soberbo Kenneth Branagh, junto de Emma Watson, Judi Dench e Eddie Redmayne). Michelle está tão magnífica que eu me arrebatava a cada cena. E para os que conhecem e gostam da trajetória da atriz, cada momento de sua vida, transposto tão seriamente para a tela, é como um profundo deleite. Dá uma vontade imensa de ver a Marilyn de Michelle em outras situações de sua tão curta vida.
Tá tudo ali. O conhecimento da própria capacidade de poder, a Marilyn ícone em conflito com a Marilyn mulher, a contradição entre sua ignorância profissional e o poder de sua imagem na tela, as pílulas, Paula Strasberg, Arthur Miller, as poses, os flashes, o temperamento... É fantástico! Simplesmente fantástico!
Logo após assistir ao filme, ainda profundamente comovido, abri uma das biografias dela que contém várias fotos. Uma em particular, em que a vemos ao lado de Miller num pose em frente a ponte do Brooklyn em Nova Iorque, é a perfeita representação da criação de Michelle Willians. Fiquei um tempão olhando para aquela foto... A ligação com ela ainda maior. As sensações sobre ela, mais fortes.
Esse é um filme que esbanja emoção e competência. Michelle é uma diva.
E a academia, mal cheirosa como nunca.
Em janeiro de 1999 eu entrei num cinema do shopping de Nova Iguaçu para assistir - sem nenhuma informação prévia - o filme sobre o naufrágio do Titanic. Três horas mais tarde, eu saía como se tivesse vivido uma experiência religiosa.
Durante meses eu só pensava nesse filme. Ele virou uma obsessão absoluta e uma referência para o quanto grandiosa uma experiência cinematográfica pode ser.
Esquecendo a crítica conservadora - que rejeita com desequilíbrio o cinema de "efeitos especiais" - tudo a respeito do longa é fantástico. Desde seu roteiro esperto e mercadológico (o que é uma qualidade, comecemos a aceitar isso) até a maneira sensível com a qual a fantasia serviu à realidade. Impossível não ficar maravilhado com uma reprodução tão fiel de um evento catastrófico real.
Eis que agora, em 2012, na véspera do aniversário da tragédia, volto para reviver a experiência. O 3D é o de menos, acreditem. Esse filme é tão poderoso que nada parece deficitário nele. O 3D nem somar, soma, porque Titanic funciona sozinho. Na TV, no VHS, no DVD, sobretudo na telona. Foi uma honra ter novamente essa chance.
Abaixo, um vídeo hilário brincando com a reestreia, juntando elementos de George Lucas, Michael Bay e J.J. Abrams ao filme.
... e começando a achar essa estreia muito esperada.
Helter Skelter
O demônio pula o portão em 09 de Agosto de 1969.
O ano de 1969 começou intenso para dois homens que residiam na cidade de Los Angeles até então. Charles Manson, depois de suas andanças em busca de uma oportunidade na indústria fonográfica, vislumbrava uma chance, ao mesmo tempo em que tinha conseguido também, reunir uma gama de seguidores cada vez mais apaixonados por suas idéias de paz e sabedoria. Do outro lado da cidade, o diretor Roman Polanski também vivia um bom momento em sua vida. Os americanos o receberam com desconfiança, mas já começavam a respeitar seu trabalho no cinema. Ele era reconhecido como um profissional importante e um homem interessante. Estava casado com uma das mulheres mais lindas do mundo e ela, Sharon Tate, estava grávida e feliz.
Amanhecer – A Saga Crepúsculo / Parte 1
O que me fascina são os extremos.
Dois grupos de analistas a respeito da Saga Crepúsculo: para o extremo da paixão, os amantes da história de amor e superação. Para o extremo da ojeriza, os que repetem o discurso da ridicularização. No meio, poucos equilibrados, que nem entendem a literatura de Meyer como bíblia e nem como lixo. É apenas um livro que conta uma história. Só isso.
Sempre tenho vontade de ter o poder de reverter polaridades só pra ver o que acontece. Talvez, se Crepúsculo não fosse um fenômeno, ele não fosse tão odiado. Ou melhor ainda, não haveria tanta necessidade de odiá-lo. Pelo menos 60% das pessoas que odeiam, nem mesmo leram, o que é um sinal CLARO de repetição de discurso. Tudo que ganha a massa, perde em respeito erudito, como se o que o povo aprova, tivesse que imediatamente parecer menos digno. E nessa dança, até Harry Potter, que começou a ter sua existência mais “perdoada” por esse mesmo setor crítico, depois que Crepúsculo começou a aparecer por aí.
De fato, quem tiver a honestidade de ler os livros, vai ver que é uma história ruim, contada de uma maneira muito elegante. E quando digo ruim, não me refiro à mitologia, já que qualquer autor pode ter a sua, mas ao fato de Meyer ter uma necessidade tendenciosa de incutir seus valores religiosos na trama, conseguindo com isso, reacender reacionarismos como a importância da virgindade e a submissão da mulher. O maior problema do livro é Bella, e sua incapacidade de ser um ser humano com individualidade, que não vê um homem como muleta para a vida. Fora isso, Meyer é tão escritora quanto qualquer outro autor comercial que vemos por aí, daqueles que se preocupam só em contar uma historia, sem atenção a sutilezas, metáforas e analogias. Como é Sidney Sheldon, Agatha Christie, Michael Crichton, Robin Cook e por aí vai. Ela é correta, sabe criar expectativas e trabalha outras questões importantes e positivas, como a tolerância e aceitação.
Então porque a repulsa? Porque a cara retorcida quando se fala na Saga? Porque o incômodo quando se ouve um elogio, como se só a palavra “Crepúsculo” já ferisse os ouvidos? Eu não compreendo esses exageros... Quando eles vêm, a rejeição deixa de ter um caráter objetivo e começa a parecer marketing pessoal, como se a careta, a repulsa e o incômodo, fossem produtos de uma superiorização. Meyer tem problemas de conceito, mas é uma escritora. Não se pode negar. É uma opção de cada um não abrir o livro, mas não acho certo e nem justo, agir como se ao vê-lo aberto nas mãos de outrem, isso significasse o menor, o menos culto.
Dito isso (não resisto ao debate a respeito da insuflagem da Saga), vamos ao filme, que fui assistir no dia 29 de Dezembro de 2011, no último dia, na última sessão. Tudo para fugir dos gritos.
Amanhecer é a melhor parte da Saga, não porque é a última, mas porque é a que fala da história, de verdade. Em Crepúsculo conhecemos o amor insano e inadequado de Bella e o livro é só sobre isso. Em Lua Nova, esse amor se reafirma e conhecemos Jacob. Em Eclipse, Meyer enrola os leitores com um flerte mal acabado acerca da mitologia dos vampiros e dos lobos. É só em Amanhecer, quando esses valores mórmons já estão estabelecidos, que ela se concentra na trama que construiu.
O filme é bem estranho... Tem decisões ruins, como minimizar as sequências do parto para não aumentar a classificação, mas está longe de ser chato. Tem uma trilha sonora inspiradíssima, com grandes nomes alternativos (prova de que não sou só eu o único equilibrado do mundo) e sequências interessantes.
O diretor não se decide muito pra que lado vai. Ao mesmo tempo em que se apega a classicismos bizarros (como o sonho risível de Bella), resolve usar tecnologias opositoras (como na cena do veneno correndo pelo corpo da mocinha). É brutal na aparência que dá para Kristen Stewart, mas retrata o parto com uma bobagem cinematográfica que se resume a borrões e closes.
Mesmo assim, o filme divide bem os sentimentos de Bella, Edward (bem, pela primeira vez) e Jacob, e assim como faz o livro, estabelece corretamente os efeitos dos acontecimentos em cada um deles.
A última cena, com a transformação de Bella é a maior catarse do longa, e também o início da parte que mais me interessa, que é ver a adaptação da novata no mundo vampiresco. Assim, Amanhecer Parte 1 é um bom começo para o grand finale, onde os condutores terão uma boa oportunidade de encerrar esse fenômeno com a merecida dignidade.
Biutiful
O já consolidado cinema que vende o belo no feio.
O mais recente filme de Inarritu reúne dois grandes polos de competência no cenário cinematográfico mundial: diretor de dor e ator que sente a dor. O ator no caso é Javier Bardem, que já faz tempo que vestiu aquele rótulo de infalível, unindo-se ao time onde já estão Meryl Streep, Jack Nicholson, Fernanda Montenegro, Wagner Moura, Selton Mello e por aí vai. Gente que nunca erra, mesmo quando erra.
Em Biutiful o diretor não deixa de trabalhar com o sujo, indo dessa vez, ao extremo desse conceito, escolhendo uma Barcelona repulsiva para ambientar sua história. Barden vive um pai de família que para criar os filhos, recorre a meios ilegais para ganhar dinheiro, além de exigir pagamento para exercer o dom de falar com os mortos.
Pela sinopse já dá pra saber o que vem pela frente. Muitos planos que tentam poetizar o caos, muitos closes em lágrimas, suor e fumaça de cigarro, um roteiro absurdamente pessimista e infeliz, uma narrativa entrecortada que aqui nem se faz tão necessária e uma produção que pretende nada mais nada menos que reafirmar as qualidades da arte visceral como condutor de importância.
Biutiful é belo. Tem boas escolhas dramatúrgicas – como em todo filme de Inarritu, não é entediante – e um time de atores acertadíssimo. O problema é que eu não consigo mais me envolver nessas recorrências autorais. Em todo o filme, a única ousadia que consigo reconhecer é a maneira como o protagonista vislumbra os espíritos que o cercam: grudados ao teto, estáticos, com expressões terríveis. De resto, só as mesmas conceituações a respeito da pobreza, da incomunicabilidade e da dor.
Billy Elliot
Os brutos também dançam.
Filmes de superação não são nenhuma novidade. São deficientes que viram atletas, pobres que enriquecem, ricos que se humanizam, losers que conquistam a princesa... Uma infinidade de histórias que começam sempre naquele mesmo lugar.
O que faz Billy Elliot valer a pena é algo que independe de um bom roteiro ou boa direção: carisma. Até porque, em termos de roteiro o filme é uma bobagem. Repete todos os tópicos da apostila: garoto pobre, paixão pelo impróprio, família contra, mentor que inspira mas é rígido, melhor amigo frágil, resistência inicial, e por aí vai. E a direção não fica atrás, só confirma esses tópicos: narrativa dividia entre sequências de resistência ao sonho, sequências de tempo passando enquanto evolui o aprendizado, sequências da família entendendo o talento e clímax com competição iminente. Tudo absolutamente dentro do esperado.
A questão é que enquanto alguns filmes sabem usar essas ferramentas, outros não. E Billy Elliot sabe e muito. O trabalho do jovem protagonista é boa parte do sucesso. Mas temos também o melhor amigo irresistível e a maneira sensível e correta como decidiram lidar com essa interação. Temos o pai e o irmão criveis como poucos. Temos o casamento perfeito de expectativa e retorno. A única coisa que eu criticaria com veemência é a cena final, que não faz jus ao que esperávamos ver a respeito da ciência da família de Billy sobre seu sucesso. Fora isso, é daqueles filmes em que você torce, vibra, sorri e chora.
Super 8
A melhor história de amor entre o cinema e ele mesmo.
Não dá pra falar muito sobre Super 8 e não acabar perdendo o bom senso. Até porque, perdemos sempre o bom senso quando falamos daquilo que nos apaixona. E esse filme é isso, paixão total, pra falar de paixão, enquanto se fala de paixão.
J.J Abrams é daqueles cineastas que confirmam a criação de Dawson Lerry. Ser um garoto louco por cinema, pode gerar um cineasta. E uma vez que se quer muito uma coisa, entende-se dela como ninguém. Não, Super 8 não é um filme sobre alienígenas, é um filme sobre o sonho e sobre como ele se impregna de maneira fantástica na realidade.
A inspiração em Spielberg virou parceria. Aquela atmosfera de amizade que vimos em ET e Os Gonnies, e que Kevin Willianson reproduziu tão bem em Dawson’s Creek, está toda ali. Garotos de cidade pequena, fazendo um filme para um festival, lidando com a magia (alô, zumbis) do cinema para assim escaparem da irrelevância da vida.
O filme sobre uma reviravolta quando sem querer, o grupo registra com sua super 8, um acidente de trem que guarda em um dos vagões, um segredo maciço. Aí então, J.J. toca em suas origens científicas, sempre atraídas pelo fantástico, pelo que não é terreno. A junção não poderia ser mais sedutora e irresistível. O filme é um desfile de atuações tocantes (o grupo de garotos é um acerto total), tem um roteiro ágil, uma condução impactante e um final comovido que parece chorar com o espectador.
É um filme para quem ama o cinema. Para quem não faz juízo de valor. Para quem entra numa sala para contemplar a magia e não para debochar dela. É um filme de catarse. E a catarse não é crítica. Não vá assisti-lo se o cinema é pra você, unicamente uma ferramenta de absorção erudita. Não vá assisti-lo se o cinema é pra você, um altar de apreciação intelectual. Super 8 é para os que têm a inteligência do sonho... E não querem perde-la para o cinismo.
Glee – O Filme
Quando eles cantam, é o de menos.
Por causa de uma distribuição péssima, o filme da série Glee não chegou aos cinemas mais próximos daqui de Rio das Ostras. O resultado foram alguns fãs frustrados e outros enfurecidos, como eu. Passado o período de luto, lá fui eu me contentar com a TV e vislumbrar essa que eu achava que seria uma grande edição musical.
Primeiro engano. Glee 3D não é um show filmado, não é um episódio da série, não é um documentário. Também não sou capaz de dizer o que ele é, mas posso dizer que tudo funcionou muito pra mim.
O elenco todo é ótimo. As canções são incríveis, mas todas elas, sem exceção, já ouvimos nos episódios. Então, cantar, não é lá a grande expectativa da película. Por isso, o que de melhor temos em Glee 3D é a costura dramatúrgica advinda dos já conhecidos conceitos de superação da série.
Bem no tom megalomaníaco de Ryan Murphy, o filme é também uma longa homenagem a si mesmo. Espalhados pelos poucos 75 minutos de projeção, vários depoimentos de fãs do lado de fora dos estádios, tudo apoiado pelas ótimas histórias que vemos sendo contadas e que parecem mesmo, ser parte da vida real. Uma jovem anã que é líder de torcida e consegue ir ao baile com um garoto alto. Uma garota com síndrome de asperger que através da série consegue começar a se socializar e um garoto gay que foi obrigado a sair do armário depois que todos na escola leem seu diário.
Com essa decisão meio documental, Murphy conseguiu imprimir as caraterísticas da série no filme e ainda continuar a passar essa mensagem de superação. Tudo sem drama, com bom humor, agilidade e segurança. Entre um e outro pedaço das histórias, um número musical. E entre um e outro número musical, ótimos momentos do elenco nos bastidores.
Me dá um pouco de aflição ver os atores dentro daqueles personagens durante todo o tempo do filme e da turnê. Sendo chamados pelos nomes dos personagens em todas as situações e revivendo cenas no palco. Mesmo assim, exatamente por conta disso, temos momentos impagáveis, como os de Britanny e Rachel (a cena com o anúncio da possibilidade de Barbra Streisend na plateia é antológico). Glee 3D acaba sendo uma celebração ao programa de TV, e uma honrada investida para a ampliação do espírito positivista do mesmo.
O fã clube brasileiro da série está fazendo uma petição no twitter para tentar a viagem da Glee Tour para o Brasil. Se pudermos ver essa mágica de perto, será como estar dentro daquele filme. Então vai lá, assina e torce. No intervalo, dá uma repetida no final do filme, que se encerra com Loser Like Me (única canção original bacana) e é capaz de fazer qualquer um pular na sala.
Bruna Surfistinha
Bruna é ótima, mas só quando é a Raquel Pacheco.
De modo algum o longa metragem que adaptou o livro da garota de programa mais famosa do país é chato. Há algo de instigador em acompanhar a trajetória desse tipo de figura. O problema todo é que esqueceram que era a vida da Raquel e decidiram contar a vida de qualquer prostituta por aí.
Em todas as entrevistas que dá, Raquel Pacheco faz questão de dizer que sempre esteve consciente do que fazia, sempre soube que fazia porque gostava de dinheiro e de sexo, e sempre soube que tinha condições plenas de ter ido por outro caminho, se quisesse. E é isso que mais gosto na moça. A prostituição para ela, funcionava não como uma última opção para sobrevivência, mas como uma ferramenta filosófica. Sim, exatamente isso, uma ferramenta filosófica. E que acabou resultando num dos blogs mais bacanas da história. Raquel tinha uma inquietude perante a vida que não era sua (era filha de pais adotivos) e refletiu essa inadequação em um comportamento transgressor limítrofe.
Tá pensando que esse pzisismo aparece no filme? Nem um pouco. O livro sofreu mais do que cortes, sofreu licenças. A Raquel de uma esforçada Débora Secco é vitimizada, e o papel de vítima não combina com Bruna Surfistinha.
Sob esse aspecto o filme é pífio. Mas não deixa de ser uma interessante diversão.
Deixe-me Entrar
Lidar com mitos é pra quem pode.
E Deixe-me Entrar, pode.
Pra começar eu devo dizer que não assisti o original (alemão, eu acho). Por isso, minha visão sobre o filme tem um aspecto único. Acredito que os atores, por exemplo, da outra versão, possam fazer toda a diferença nas impressões. Aqui na versão americana eles são bons, mas sabe como é o americano, quer sempre ganhar uma boa grana.
Por isso, Deixe-me Entrar reúne elementos importantes da “fantasia” hollywoodiana, mas faz isso com elegância e não compromete a integridade do filme.
A história é simples: um menino loser, que vive sofrendo bullying do ator que fez o filho do Jack em Lost, redescobre valores de amizade quando conhece a nova vizinha, uma menina um pouco estranha, que se muda com o pai para o mesmo prédio. O problema é que a escuridão e frieza do filme logo nos avisam que algo está por vir, e a menina rapidamente apresenta características ameaçadoras.
O vampirismo da menina já é anunciado em todo o material de divulgação do filme, mas como ela mesma diz precisa de sangue para viver e isso resume tudo. Esse descompromisso em afirmar nomenclaturas e repetir as mesmas previsibilidades de uma trama de vampiros, é o maior charme da dramaturgia, que é limpa, sinuosa, não faz drama e nem alarde.
E as regras estão lá: não poder ficar exposto ao Sol, não poder morder sem matar para que outros não sejam transformados, não poder entrar sem ser convidado... E a menina avisa: não sei porque é assim, mas é. Aos poucos vamos entendendo as motivações dela em se aproximar do garoto, que conseguiu como uma única amiga em toda vida, uma predadora.
Um filme extremamente elegante e que respira uma originalidade acerca do tema que é irresistível. Se eu já curtia o trabalho do diretor Matt Reeves em Cloverfield, já posso dizer que o moço entende do riscado.
Agora sim, um Super-Homem.
Que Clark Kent é esse, meu Deus? Essa nova tentativa de fazer com que uma série de filmes com o homem de aço dê certo já me ganhou pelo protagonista. P-E-R-F-E-I-T-O.
Esse é um dos filmes que eu mais quero ver esse ano!! Primeiro porque AMO a história da Marilyn e segundo porque é a Michelle Williams que está fazendo, e eu acompanho a carreira dela desde Dawson's Creek.
Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2
David Yates encerra com louvores a saga do personagem literário mais relevante do cenário mundial nos últimos anos.
Quando Chris Colombus recebeu nas mãos a importante missão de levar às telas o primeiro livro da série de JK Rowling, ele provavelmente não acreditava na capacidade que a saga teria de conquistar também o cinema. A critica não recebeu bem o infantilismo com que a adaptação apresentou o bruxinho aos que não pretendiam ler o livro. Harry Potter e a Pedra Filosofal foi escrito para crianças, mas era cheio de mistérios e coisas assustadoras. Foi apenas com Guilhermo Del Toro em Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban que as portas para a verdadeira essência da obra de Rowling foram abertas. A escuridão e o medo foram incorporadas à adaptação.
A esperada última parte acabou sendo dividida em duas, para alegria dos fãs, e o que pudemos ver em julho, foi a despedida cinematográfica mais respeitosa do cinema atual. A grandiosidade desse respeito se compara apenas ao que vimos em O Senhor dos Anéis. O tamanho da importância desses filmes fica ainda maior quando pensamos que foram oito filmes, dez anos e muito trabalho mantendo o mesmo impressionante elenco fixo, que cresceu ao mesmo tempo que os espectadores.
As poucas licenças dramáticas feitas pelo diretor desde Harry Potter e o Cálice de Fogo (quando assumiu) não prejudicaram em nada o universo do personagem e algumas vezes, ajudaram a criar as expectativas necessárias para os que não conheciam os livros.
Essa parte 2 é tão tensa, mas tão tensa, que não dá pra respirar. Os momentos mais importantes estão lá em toda sua força e Daniel Radcliff além de muito bonito, conseguiu finalmentemalmentear todas as dores e angústias do de Harry.
O último livro, um desbunde de competência de Rowling, tem só um problema: o final que não condiz com a trajetória trágica do personagem. Até a cena da estação, tudo é de uma coerência fora do comum, mas as cenas posteriores também refletem o compromisso da escritora com os fãs. O filme, exatamente porque respeita o livro, também tem nessas sequências a sua maior fraqueza. Yates preferiu não dar muita vazão à carga emocional provocada pelas mortes de Fred e Lupin (para não prejudicar a ação, diga-se bem), mas com isso, Dobby, que quase não apareceu nos outros filmes, acabou tendo mais apelo emocional quando se despediu no final do filme anterior.
Mesmo assim, tivemos um espetáculo para apreciar digno do Oscar que até hoje a academia não deu. Harry Potter mudou a minha vida, me alegrou por uma década e saiu imaculado do cenário artístico mundial.
Rango
Lagarto esquizofrênico é engraçadinho, mas não salva o filme do roteiro fraco.
O trailer de Rango nos enche de expectativas, mas depois de meia hora de filme, você percebe que nada vai acontecer de tão cool assim. A história é previsível, o carisma de Rango é discutível, os coadjuvantes são assustadores e o filme é incrivelmente longo para uma animação. A principal qualidade da produção é justamente o fato dela ser meio asquerosa. Meio nojenta. Com aqueles moradores sujos, cuspindo, babando, durante o filme todo. Um exemplo do completo descompromisso da audiência com os pequenininhos é o pesadelo de Rango, com cactos virando chocalhos de cascavel e outras metáforas medonhas de assustar qualquer criancinha. Vale pelo critério, mas você não perde nada se não vir.
O Ritual
Anthony Hopkins expulsa o capiroto em filme que você não daria nada pela capa, mas que dá um medão do caramba.
Era pra eu ter visto esse filme no cinema. Fui duas vezes e não consegui. Acabei locando, mas não perdi o impacto dessa história “real” que nos apresenta um exorcista nada convencional. Hopkins vive um padre experiente em colocar o cramunhão pra correr, e fica incumbido de ensinar as técnicas para um cético colega. Os diferenciais desse filme são muitos, mas o momento chave pra entender isso é na cena em que Hopkins faz o primeiro ritual, que ele interrompe no meio para atender o celular. O clima do filme é ótimo, tenso, tudo fica em suspenso. A atriz que faz a possuída grávida é ótima e as duas facetas de Hopkins são irresistíveis. O roteiro não é muito original, mas conduz o espectador com coerência, em meio a uma direção acertada que privilegia o psicológico e não o susto. E ainda temos Alice Braga dando o ar da graça muito competentemente.
Demônio
Se você é um demônio ocupado, não vá de escadas. Vá de OTIS.
M.Night Shyamallan é um diretor que eu adoro, mas que admito que não vai bem das pernas. Desde de A Vila que ele começou uma espiral de fracassos que chegou ao seu apogeu com O Último Mestre do Ar. Agora, ele começou uma nova fase, voltando ao terror e suspense que o consagrou, com a primeira parte de uma trilogia chamada As crônicas da noite. Demônio conta a história de um grupo de pessoas presas num elevador que está habitado pelo diabo em pessoa. Dentre os cinco, um é o dito cujo disfarçado.
O clima do filme é ótimo! O roteiro se apoia numa lenda latina que ajuda a história a ganhar seriedade e o elenco é muito digno. A expectativa sobre a identidade do capiroto torna a revelação ainda mais intensa, e o bom texto contribui para a catarse do momento. Ainda não sei se as próximas duas crônicas terão conexão com essa, mas a estreia foi bem divertida. Shyamallan não dirige o filme, mas “Demônio” é sem dúvida, um dos melhores filmes de terror dos últimos anos.
O Discurso do Rei
Fuck... Fuck... Fuck... Oscar!Oscar!Oscar!
Hollywood adora os filmes de superação. É o maior dos clássicos. Está por toda parte. Já tivemos o criminoso que finge ser policial e acaba ajudando a polícia, já tivemos o policial que finge ser professor e muda a vida dos alunos, já tivemos a cantora de boate que finge de freira e agita as estruturas de um convento, já tivemos a menina que não sabe dançar e desabrocha num concurso, já tivemos o garoto que se torna um homem de 30 anos magicamente e com isso melhora a vida dos adultos em volta. Já tivemos a mãe que vira a filha e percebe coisas inesperadas e já tivemos o contrário. já tivemos a superação em todas as vertentes possíveis. Em todos os casos, sem exceção, a estrutura do roteiro é a mesma: a dificuldade do início, quando a dinâmica personagem-problema e personagem-solução precisa ser estabelecida. Depois, temos sempre os cortes rápidos que mostram como essa dinâmica começa a funcionar. Tudo para então, termos o obrigatório momento em que essa dinâmica é interrompida por alguma revelação. Geralmente a revelação diz respeito ou ao segredo do personagem-problema (sou um garoto de 13 num corpo de 30, por exemplo) ou ao personagem-solução (não sou um professor de primário de verdade, por exemplo), mas o momento segue-se sempre da mesma forma. A mentira ou a omissão causa uma turbulência, só para depois ficar claro que essa mentira/omissão não afetou o resultado dessa dinâmica. Aí partimos para as sequências de reconciliação e assentamento das tensões. Vem o final feliz, por fim.
Reconheceu a estrutura de O Discurso do Rei nisso tudo? Pois bem, você não está enganado. O roteiro do filme, sem aquele painel histórico, seria como qualquer filmão pipoca de superação da Sessão da Tarde. Seria igualmente bom, mas não teria sido superestimado como foi. É aí que reside a inteligência do diretor, que revestiu de competência e beleza a sua direção cheia de planos inesperados, enquadramentos não-convencionais, e que coroou isso com um elenco impecável, que soube retratar com paixão cada um daqueles ícones históricos.
Tom Hooper usa os mesmos clichês dos filmes de superação para ganhar o Oscar, sobretudo porque faz isso com uma sensibilidade única.
Ainda acho que Cisne Negro foi mais ousado e desbravador, e que exatamente por isso merecia o prêmio maior. O Discurso do Rei é bom, mas é seguro demais. E deve-se premiar o seguro e confortável, apenas quando não podemos incentivar o que nos tira do lugar comum.
Sei que não atualizo o blog faz um tempo, mas as razões pelas quais isso não foi possível seguem todas em sequência, junto com as frivolidades imprescindíveis à alma, nesse urgente e necessário post de esclarecimento e exposição.
Há um tempo atrás, fui procurado pelo pessoal de uma das companhias de teatro aqui de Rio das Ostras para criar uma adaptação de uma esquete que eles tinham e que queriam transformar num espetáculo.
Então me debrucei sobre Maria Urtigão e seu lendário bando de cangaceiras decadentes. Expandir um texto de 10 para 30 páginas não é nada fácil. Então fui atrás de referências históricas e inventei de compôr algumas canções de Cordel (literatura que aborda muito o cangaço como temática). Minhas noites são totalmente tomadas pelo universo louco e divertido de Maria Urtigão e suas colegas. E nessas noites de imersão dramatúrgicas são embaladas pela antítese musical, para o tema, chamada Adele.
Enquanto a moça sobe na minha playlist, desce no meu conceito. Prefere continuar fumando como louca do que parar e cuidar da voz. Esse ciclo insano de arte se misturando com sexo, vício e dormência volta a me aborrecer. Às vezes tiro os fones de ouvido e me pergunto porque ela a arte não pode ser limpa, tem sempre que estar coberta de cinzas, restos e fluídos. Então fico feliz porque minha arte é limpa. Sou capaz de fazê-la sem torpor... Lamento por Adele, mas continuo a ouví-la. Então desvio os olhos para a televisão e lá estão os garotos cantando-a...
The Glee Project está na minha pauta há tempos. Acompanhar as vidas dos jovens que buscam um lugar dentro da série mais influente da atualidade é divertido e desbravador. A gente entende a engrenagem da TV, entende os executivos, os criadores, entende os maus resultados vindos de boas intenções, entende a arte conseguindo ultrapassar o conceito de indústria... E isso me faz pensar no álbum novo da...
Britney. E que me soou tão tolo num primeiro momento, mas que depois de liberar um divertido clipe da faixa I Wanna Go, me fez perceber uma obviedade: depois de Lady Gaga tornando sua aparência e sua atitude algo uns dois graus acima de sua música, faz bem ver que Britney continua com singles agradáveis que garantem meu divertimento cênico de banheiro. Que venham as críticas, mas Britneyda ainda faz música melhor que Gaga.
E me lembro que Glee executa as canções de Gaga melhor do que ela, e volto a pensar em The Glee Project, que tem ótimos participantes e um insuportável Ryan Murphy se sentindo o Deus Gleênico que tudo sabe e que precisa ter seu trabalho feito pelos outros, ou seja, se o participante não "inspira" o criador, está fora. Fico pensando, no que Chord Overstreet (Sam) inspirou Murphy pra poder entrar na série. A boca grande? Só isso? A inspiração não é obrigação e sim fluidez. Não pode haver parâmetro dentro de um apresentação apenas. E então eu me lembro de Friday Night Lights.
Há um tempão atrás, quando comprei a primeira temporada da série, ela em nada de inspirou. Era engraçado, porque embora todos falassem tão bem dela e ela parecesse bem feita, algo não funcionava, não chegava até mim. E Deus... eu agradeço tanto, mais tanto pelo meu senso de curiosidade. Pela minha mente completamente aberta às possibilidades. Pela minha ausência de preconceito literário, cinematrográfico, musical... Pela minha maravilhosa capacidade de experimentar. MUITO OBRIGADO!! Após começar a segunda temporada, a mágica aconteceu. Estou prestes a terminar a quinta e última temporada e estou fascinado. Minhas noites tiveram que abrir espaço para Friday Night Lights (que diga-se de passagem foi o único drama teen a ser indicado para o prêmio da associação americana de críticos) e tem sido um tempo muito bem aproveitado. Uma pena que não possa escrever sobre ela no Série Maníacos...
Um ótimo site de séries que visito sempre para ler as resenhas de meus programas favoritos e que acaba de me oficializar como resenhista de três séries do canal SyFy: Alphas, Haven e Warehouse 13. Participei de um concurso para encontrar um novo resenhista para Gossip Girl e para minha alegria total, ganhei a simpatia do editor. Ele adorou meu estilo e me sugeriu algumas séries para escrever uma resenha-teste. Escolhi Haven e Warehouse 13 e passei. Ele também me sugeriu Alphas e eu vou arriscar. Assim que as novas temporadas começarem, eu estreio no site. Por isso, estou cheio de trabalho: preciso ficar em dia com os programas pra acompanhar direito quando começarem. Essa será uma oportunidade incrível pra mim, que adoro séries, adoro escrever sobre séries e adoro se lido. Tenho esperanças de com o tempo, ganhar a chance de escrever sobre séries que me cativam de verdade. Escrever sobre cinema, quem sabe? Adoraria escrever sobre o final da saga Harry Potter no cinema...
... que será o encerramento de uma história mágica que me deu imensas alegrias e que me orgulho muito de ter acompanhado. Comecei a ler o último livro novamente. Quero a história muito fresquinha na minha cabeça pra sentir a emoção do jeito certo. Do jeito que tem que ser. Esse será o fim de um épico belíssimo, saído de uma literatura incrível, que merece todo o respeito e toda devoção. Assim como com Arquivo X e Lost, Harry Potter me ajudou muito a mergulhar nos valores criativos de uma obra. Me inspirou imensamente. Estou devorando o livro amarradão como se fosse a primeira vez. Tenho que terminar logo, porque quero começar O Hobbit.
Agora que as primeiras fotos saíram e o filme é uma realidade, tenho que me apressar. Uma nova jornada me aguarda e eu vou mergulhar nela com todo prazer.
Ao passo em que esses novos caminhos vão surgindo, a vida vai dando pausas em alguns setores e privilegiando outros. O blog terá atualizações em menor escala, mas elas estarão aqui. Eu sempre tenho muita coisa a dizer, mesmo que não se tenha muita gente pra ouvir. Se você passa por aqui de vez em quando, não desiste não. Eu sou leal e prometo retorno. Vejam só, entrei pra dizer que não teríamos atualizações durante algum tempo e já escrevi sobre um monte de coisas. Acredite em mim quando eu digo que sou dependente das minhas palavras. Elas são tudo que eu sou.
As Dobras estará sempre aqui. Você só precisa esperar um pouquinho.
O trailer mais impressionante de todos os tempos acaba de ser divulgado. Trata-se do último filme da série Harry Potter e depois de assistí-lo, você vai estar arrepiado dos pés à cabeça!! Aliás, eu já disse hoje que eu AMO HARRY POTTER!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!