Como agora estou escrevendo para o site SérieManíacos, estou tendo que manter-me em condições de falar sobre ao menos algumas das estréias dessa nova temporada. Escolhi algumas e vou falar um pouquinho sobre elas pra vocês.
Hart of Dixie
The Shield - Series Finale
Eu tenho muita sorte.
Mesmo que por alguma razão eu fique distante de ótimas produções seriadas e elas até cheguem a acabar sem que eu perceba, o destino dá um jeito de me colocar diante delas novamente. Foi assim com a incrível The Shield. Embora não tenha feito o mesmo barulho que a superestimada 24 horas, é quatro vezes mais competente em matéria de roteiro.
Ano passado, passando pela Band no horário nobre, dei de cara com um episódio da série. Parei, confesso, porque achei o Michael Chiklis um tesão! Mas o episódio em questão, o último da primeira temporada, era tenso, cru, e ainda acabava daquele jeito que eu adoro: musiquinha bombástica entrecortada por momentos dramáticos. Reservei a informação. Meses depois assistindo os extras da última temporada de Lost, encontrei muitas referências ao famoso final de Vic Mackey, protagonista de The Shield. O meu amado bichinho carpinteiro que adora correr atrás de referências entrou em ação. Loquei as três primeiras temporadas e amei!! The Shield era tudo aquilo que diziam e muito mais.
Comecei a baixar as temporadas restantes e depois dessa longa maratona, ontem a noite, com muito pesar, conheci finalmente o tão comentado final que encerrou a vida de crimes do policial mais corrupto da televisão mundial.
O series finale teve duas horas de duração, e sem entrar em pormenores, nos presenteou com uma séries de acontecimentos bárbaros que são o orgulho de qualquer fã. O desmantelamento do Strike Team, da maneira mais horrível e coerente, foi sem dúvida o ponto alto. Os valores emocionais de Vic sendo postos a prova em confronto com a ausência plena de moralidade. A carta de despedida de Shane foi tão contundente que chegou a ser inverossímil diante da sempre estúpida mente do personagem.
Tá vendo esse cartaz aí? Pois bem, ele resume tudo que essa série é e tudo em que ela se apoia.
Pobrezinho do Peter Krause, que achava que depois de tanto prestígio com Six Feet Under, ele é que seria o carro-chefe de uma campanha publicitária. A NBC se segurou mesmo na Lauren Grahan e a partir dela e de seu apelo junto ao público por conta de sete anos de Lorelai, que essa produção baseada no filme de Ron Howard (o mesmo de Uma mente brilhante), estreiou.
As expectativas são traídas logo no início. Vindo claramente na onda de Brothers & Sisters (que por sí só não segurou nem duas temporadas de prestígio) e esperando o mesmo reconhecimento, Parenthood é tão superficial que dá dó. Ao contrário de B&S, que tem em sua primeira temporada um senso de espetáculo e um texto primoroso, sua prima da NBC não seria nada se não fosse o carisma de Lauren. Ela mesma aliás, também muito equivocada em insistir no mesmo corte de cabelo e nas mesmas expressões cristalizadas de Lorelai. A questão é que há tanta paixão por parte dos fãs de Gilmore Girls, que essa boa vontade, mesmo sem querer, acaba expandindo-se para tudo que ela faz.
A trama é boba. Não há um só respiro de originalidade - não pensem que a doença de Max salva aquele núcleo da chatice total - e as reações dos personagens passaram pela mesma apostila de todos os dramas familiares. Sabe aquele ciclo idiota de "eu descubro um segredo e não te conto, aí quando você descobre briga comigo porque eu não te contei e então uma música triste toca e eu choro"? É assim. E talvez B&S tenha começado a ficar péssima porque isso passou a acontecer demais. E sem a parte boa pra compensar. Porque pra assistir um drama familiar tem que ser assim. Tem que ter a parte boa pra compensar os clichês do gênero. E Parenthood insiste em só ficar com os clichês e copia a pior parte de B&S. É serio, assistam Brothers & Sisters e vão saber do que eu estou falando. É quase plágio, minha gente.
A primeira temporada chegou ao fim pra mim e não me sinto nem um pouco compelido a seguir adiante. Salvo alguns momentos felizes de humor e ironia, nada de valor ficou dessa experiência a não ser a referência futura. O season finale foi protagonizado por duas adolescentes e por isso mesmo acabou sendo imaturo, superficial e confuso. Me arrancou algumas lágrimas, afinal de contas eu sou meio bobo, mas dois segundos depois eu tinha esquecido porque.
Glee - Season Finale
Há algum tempo atrás, num post sobre Gossip Girl, eu dizia que tentaria dar uma chance à essa nova tentativa de Kevin Willianson de emplacar algum sucesso depois de Dawson's Creek. Pois bem, passados alguns meses eu pus o plano em prática e comprei a primeira temporada da série.
O resultado, no início, foi controverso. Um episódio piloto péssimo que não fazia jus a uma temporada tão bem orquestrada. Diferente de Parenthood, que penou por vir na onda de B&S e provou ser pior que seu original, The Vampire Diaries veio pra mostrar que os fãs da saga Crepúsculo não sabem o que é uma verdadeira história de vampiros.
A trama é bem parecidade (sempre lembrando que os livros de L.J. Smith vieram antes dos de Stephenie Myers) mas situa nossa heroína num triângulo amoroso entre dois irmãos vampiros. As suposições que Helena faz ao perceber a natureza de Stefan são bem parecidas, aliás, com as que Bella faz sobre Edward. Mas as semelhanças param por aí. The Vampire Diaries tem a marca registrada de Willianson: um texto rápido, primoroso, cheio de referências pop e ironia. Os episódios são rápidos, as tramas não se arrastam, o clima é sombrio e os roteiros não têm pena de ninguém. O elenco é afiado e tem no Damon vivido por Ian Somerhalder (o Bonne de Lost) o seu alicerce carismático. Enfim... a série é totalmente injustiçada e merece uma atenção de quem curte esse tipo de narrativa.
Só os comentários de Damon sobre os livros de Stephenie já valem a temporada toda.