Sábado, 10 de Março de 2012

Sala de Projeção

Helter Skelter

O demônio pula o portão em 09 de Agosto de 1969.

 


 

O ano de 1969 começou intenso para dois homens que residiam na cidade de Los Angeles até então. Charles Manson, depois de suas andanças em busca de uma oportunidade na indústria fonográfica, vislumbrava uma chance, ao mesmo tempo em que tinha conseguido também, reunir uma gama de seguidores cada vez mais apaixonados por suas idéias de paz e sabedoria. Do outro lado da cidade, o diretor Roman Polanski também vivia um bom momento em sua vida. Os americanos o receberam com desconfiança, mas já começavam a respeitar seu trabalho no cinema. Ele era reconhecido como um profissional importante e um homem interessante. Estava casado com uma das mulheres mais lindas do mundo e ela, Sharon Tate, estava grávida e feliz. 

 

Escreva aqui o texto que pret

Roman e Manson não se conheciam, mas por uma questão absolutamente geográfica e casual, o destino dos dois convergiu na noite de 09 de agosto daquele ano, quando o demônio resolver fazer seu serviço sujo na mansão de Cielo Drive.

 

Eu só nasci 11 anos depois. E só fui ouvir falar do que aconteceu naquela noite muito tempo depois. E superficialmente. Eu, que sou totalmente impressionável e me afeto fisicamente pelas tragédias do mundo, sempre vivi o conflito da curiosidade versus consequências. Mesmo sabendo que o detalhe vai me tirar o sono, não resisto à possibilidade de conhecê-lo. Sempre foi assim. Mas a imagem da morte nunca serviu pra satisfazer um mórbido desejo de sangue, e sim para me fazer passar horas pensando sobre a fragilidade da vida e sobre o quando sofreram desmerecidamente, as vítimas.

 

Ano passado eu comecei a escrever sobre a série American Horror Story. A ótima trama era sobre uma série de assassinatos ocorridos numa casa que acabou desenvolvendo propriedades paranormais. A série um dia citou o caso da Dália Negra e para embasar um argumento sobre a quantidade de crimes bárbaros célebres em Los Angeles, eu fui procurar no Google informações sobre eles. Passei tenso o tempo todo em que via imagens e detalhes sobre Dália e sobre o caso OJ Simpson. E por um vício profissional de sempre querer entender tudo, decidi pesquisar sobre o caso Helter Skelter.

 

Voltemos então a 1969, quando ainda nesse início de ano, Charles Manson achava que estava muito próximo de conseguir um contrato com uma gravadora. Seus planos, no entanto, foram frustrados pelo executivo Terry Melcher (filho de Doris Day) e esse Charlie, um símbolo hippie de ideais pacificadores, resolveu acertar as contas com ele. Procurou-o em sua casa, um mansão na Cielo Drive 10050, onde conseguiu entrar facilmente, usando o acesso da casa dos hóspedes. Terry não estava mais lá, tinha alugado a casa para o diretor Roman Polanski. Charlie foi flagrado em sua invasão por um convidado e expulso. No caminho para o portão, cruzou com uma das moradoras. Sharon Tate, mulher de Roman, trocou um olhar com Charlie por apenas um segundo e depois nunca mais o viu. Charlie também não esteve mais na casa... Embora aquele rápido momento tivesse definido tudo dali por diante.

 

Charlie não tinha uma história de vida muito boa. Não tinha pai e a mãe era uma viciada. Com 10 anos de idade, já tinha ido parar numa instituição juvenil. Viveu 17 anos da vida em prisões, até ser liberado já com 32 (liberação aliás que ele, por achar que não estava preparado para o mundo, não queria aceitar). Saiu da prisão direto para os loucos anos 60, com a ideologia hippie em completa ascensão. Charlie tinha um grande talento para conquistar mulheres e aprendeu técnicas de controle mental através de princípios neurolinguísticos. Suas mulheres, no entanto, em pouco tempo viravam farrapos psicológicos e acabavam dominadas por uma medonha devoção. Charlie já tinha várias quando, depois de aprender a tocar violão, resolveu que seria uma estrela do rock. Viciado em Beatles, achava que as letras de comunicavam com ele de algum jeito, e aquele dia em que foi expulso da mansão de Polanski, também foi o dia em que ele conheceu o Álbum branco dos Beatles. Foi a partir desse álbum, que Manson começou a desenvolver as teorias que transmitiria a seus súditos, a respeito de uma imensa guerra civil que culminaria com o apocalipse.

 

Manson achava que no álbum, os quatro integrantes da banda representavam os quatro anjos do apocalipse. E que algumas canções invocavam a presença do quinto, ele mesmo ( “E o quinto anjo apareceu, e a ele foi entregue a chave do poço sem fundo”. (Apocalipse, capítulo 9, versículos 1, 2 e 3) ). Manson transmitiu então à suas mulheres de personalidade destruída (que já achavam que ele era o Cristo encarnado), a intenção de cumprir com sua “sina”. Segundo ele, uma grande revolução (o Helter Skelter) precisava acontecer, em que os negros se voltariam contra os brancos, matando-os todos, restando apenas Manson e seu grupo, que se refugiariam no tal “poço sem fundo” que ele acreditava estar escondido em algum lugar do deserto. Os valores e liberdade e igualdade do movimento hippie entravam em contradição direta com o racismo e machismo galopantes de Manson, que não admitia negros no grupo e obrigava as mulheres a comerem só depois que os homens e os cachorros estivessem servidos. Mesmo assim, eram elas as mais árduas seguidoras.

 

Charles começou a treinar o grupo paras manipular armas brancas e armas de fogo e no dia 08 de Agosto, disse aos mais íntimos que o dia do Helter Skelter tinha chegado.

 

A primeira coisa que eu encontrei no Google sobre esse dia, foi uma foto da mansão. Situada nas colinas de Los Angeles, dela tinha-se uma vista privilegiada de toda a cidade. A mansão de Cielo Drive 10050, acabou virando um monumento ao terror. Ficou vazia durante anos. Eu encontrei inclusive, vídeos de visitantes clandestinos, que compartilhavam sua excitação plena em ver o cenário do horror de perto.

 

E o horror não poupou cômodos. De sua maneira irônica e macabra, a morte se espalhou por quase todos os lados.

 

Eu fiquei hipnotizado pelo tema. Durante semanas, era tudo no que eu conseguia pensar. As pessoas a minha volta não percebiam nada, porque eu não falava do que tinha sentido. Mas durante muitos dias eu senti muito medo. Um medo que não me deixava dormir em paz, um medo que me desesperou, que me angustiou, que me fez rezar como um cordeirinho hipócrita.

 

Mas medo de quê? Fantasmas? Também. Mas não daquele que te assusta na neblina, e sim daquele que te lembra o quanto inseguro do mundo você está. Eu tive medo da morte que mesmo quando você se protege, vem te buscar. Pula o muro e invade sua casa. Mesmo que você nunca tenha flertado com ela. E apavorado, comecei a trancar insanamente todas as portas de casa, enquanto tentava afastar da mente as imagens daquela meia-noite de 09 de Agosto de 1969.

 

Sharon Tate recebeu um telefonema de irmã mais nova durante a tarde do dia 08. A moça perguntava se Sharon gostaria que ela fosse dormir com ela, já que Polanski estava viajando naquela semana. Sharon havia ficado com ele em Londres durante um bom tempo, mas resolveu voltar. Já que dois amigos iam ficar com ela naquela noite, Sharon dispensou a companhia da irmã.

 

Mais tarde ela e os dois amigos, o casal Abigail Folger e Voytek Frykovsky, seguiram para um jantar num restaurante mexicano. Quando voltaram, por volta das 22:30, já estavam em companhia do melhor amigo de Sharon, o cabeleireiro Jay Sebrig. Os quatro então permaneceram na casa conversando e ouvindo músicas, desfrutando daquela quente noite de verão hollywoodiano

 

Na casa dos empregados, o caseiro ouviu batidas na porta por volta das 23:30. Era o amigo Steven Parent, de apenas 18 anos, que estava ali para tentar vender um rádio-relógio. Como não conseguiu, Steven permaneceu pouco tempo na casa e se despediu por volta das 23:45. O caseiro recolocou seus fones de ouvido e deitou-se. Ao chegar no portão da mansão, Steven deparou-se com um homem alto, jovem, de olhos claros, que pensou tratar-se de mais um convidado dos proprietários.

 

O homem no portão era Tex Watson, o único homem enviado por Manson para começar a “grande revolução”. As três mulheres que o acompanhavam, estavam escondidas nos arbustos. Os quatro pularam o portão depois de Tex cortar os fios do telefone, e quando iam entrar, deram de cara com o farol.

 

Steven só teve tempo de implorar um pouco pela própria vida até ser alvejado com quatro tiros. Estava no lugar errado na hora errada, como todos ali dentro da casa, numa manobra safada do destino, que não deu a nenhum deles nenhuma chance.

 

O jovem morreu no carro. Na hora. Os que estavam na casa, infelizmente não tiveram a mesma sorte.

 

Tex tentou a porta da frente, estava trancada. As janelas também. A porta dos fundos estava aberta, mas antes de entrar teve um insight e voltou. Ordenou à Linda Kasabian, a única que tinha carteira de motorista e veio dirigindo o carro, que ficasse no veículo. Linda era um membro relativamente novo no grupo. Susan Atkins, uma das mais inflamadas seguidores de Manson, pediu a Linda que lhe entregasse então a faca que trouxera com ela antes de voltar ao carro e lhe disse sorrindo: “Preste atenção nos gritos”.

 

Tex entrou pelos fundos, passou por Voytek, que dormia no sofá, e abriu a porta da frente. Susan e a colega Patrícia Krenwinkel, entraram. Os três ficaram olhando para a sala, até que Tex pediu que elas vissem quem mais estava na casa. Abigail, que lia no quarto, viu Susan passar pelo corredor e sorriu pra ela, achando tratar-se de uma amiga de Sharon. Jay e Sharon estavam no outro quarto conversando, mas não viram quando Patrícia os avistou da porta. De volta à sala, Tex acordou Voytek. O polonês amigo de Roman, perguntou quem era o homem em pé e Tex respondeu: “Eu vim fazer o serviço do demônio”.

 

Enquanto amarrava Voytek, Susan e Patricia voltaram aos quartos e renderam os outros, trazendo todos para a sala. No início, quiseram fazer parecer que tratava-se de um assalto e pediram dinheiro. Abigail disse que tinha um pouco e pediu pra ir buscar, mas começou a ficar assustada quando viu que Tex passava uma corda por cima de uma viga no teto. Tex pegou uma das pontas e enrolou no pescoço de Sharon. Jay pediu calma porque ela estava grávida e recebeu como resposta um tiro na barriga. Sharon disse que ninguém ali precisava morrer e Tex respondeu que todos ali morreriam. Foi então que o caos começou.

 

Enquanto Tex passava a outra ponta da corda no pescoço de Jay, Voytek tentou fugir. Susan tentou impedir e os dois começaram a lutar. Voytek foi esfaqueado nas pernas e braços várias vezes, mas começava a vencer Susan, que gritava por ajuda. Tex deixou Sharon amarrada no chão e atirou em Voytek.

 

Do outro lado Abgail lutava com Patrícia, que também começou a berrar por ajuda. Quando Tex veio para ajudá-la, esfaqueando Abigail, Voytek estava, mesmo ensangüentado, abrindo a porta da frente.

 

Do carro, Linda começou a ouvir gritos e resolveu voltar. Pulou novamente o portão e veio correndo pelo canteiro. Antes que pudesse entrar, viu a porta da frente abrir e Voytek sair correndo pelo jardim. Tex vinha logo atrás. Quando Voytek estava já há alguns metros de distância, Tex atirou e ele caiu.

 

Linda ouviu outros gritos, e virou-se, a ponto de ver Abigail vindo correndo pelos fundos. Patrícia vinha logo atrás. Antes de se aproximar de Linda, Abigail foi lançada no chão por Patrícia, que começou a esfaqueá-la seguidamente.

 

Apavorada, Linda correu de volta pro carro, enquanto do lado de fora da linda mansão, Voytek e Abigail, o casal, encontrava seu tenebroso destino.

 

Dentro da casa, Susan esperava com Sharon. A esposa de Polanski implorava que lhe deixassem viver para que pudesse ter seu filho. Aos oito meses de gravidez, Sharon vestia apenas um biquíni, para tentar fugir do calor. Susan não dava ouvidos aos pedidos e dizia que não tinha absolutamente nenhuma misericórdia dela. Quando Tex e Patrícia voltaram pra dentro, Susan entendeu que o trabalho estava feito e começou a esfaquear Sharon. Sharon não sofreu nenhum golpe na barriga, e seu bebê permaneceu vivo após quatro horas da morte da mãe. No entanto, as mortes aconteceram entre 00:00 e 00:20 da madrugada do dia 09, e eles só foram encontrados pela empregada às 09:00 da manhã. Antes de ir embora, Susan pegou um pano e com o sangue de Sharon escreveu na porta da frente: Pig.

 

De volta ao carro, Linda os viu entrar satisfeitos. Susan comentava que Voytek tinha lhe puxado os cabelos e Tex que ele tinha lutado muito pra viver. Patrícia reclamava que a mão queimava de dor quando a faca batia num osso. Linda dirigiu até o rancho onde se escondiam em silêncio. Queriam ir até a casa de um ator que Charles tinha como inimigo e mata-lo também. Apenas Linda sabia onde ele morava, mas ciente do que aconteceria, ela deu o endereço errado e como não encontraram ninguém, voltaram. Manson os recebeu sereno. O Helter Skelter tinha começado.

 

No dia seguinte, o carro de Linda foi recrutado mais uma vez, mas ela não precisou ir. No lugar dela, Leslie Von Houten acompanhou Tex e Patrícia na nova “missão”.

 

Todos em Los Angeles comentavam o que tinha acontecido na noite anterior, com Sharon Tate. Inclusive o milionário Leno LaBianca, que junto com a mulher, Rosemary, voltava de uma visita aos filhos. Leno e Rosemary chegaram em casa tarde. Ela foi se deitar logo e o marido ficou na sala, lendo o jornal com as manchetes macabras do dia. Ao ouvir um barulho, tirou o jornal do rosto e viu Charles Manson parado em sua frente.

 

Manson resolveu ir junto dessa vez, porque ao ler as notícias sobre os crimes, não ficou satisfeito com o resultado. Ele queria mais sangue. Mais mensagens que incriminassem os negros. Resolveu que matariam um desafeto antigo e partiram para o outro lado da cidade. No entanto, ao chegarem, constataram que não havia ninguém em casa. Para não perder a viagem, Manson resolveu invadir a casa vizinha, e com isso, a ironia da morte desmotivada se fez presente mais uma vez.

 

Manson e Tex amarraram Leno e a esposa na sala e saíram. Ao voltar ao carro, Manson ordenou a Tex, Leslie e Patrícia, que matassem os dois e deixassem um clima de satanismo na casa. Depois entrou no carro e foi embora.

 

Os três entraram na casa e Tex ordenou que Leslie e Patrícia levassem Rosemary pro quarto. No caminho, Rosemary começou a ouvir os gritos do marido enquanto era esfaqueado por Tex. E começou a reagir. Patrícia deitou-a na cama e começou a esfaqueá-la. Leslie demonstrou hesitação ao ouvir os apelos desesperados da Sra LaBianca pela vida do marido. Tex veio da sala e estendeu uma faca para Leslie, ordenando que ela fizesse alguma coisa, já que Manson queria que todos sujassem as mãos. Quando Patrícia saiu de cima de Rosemary, ela deslizou da cama e caiu de bruços no chão. Leslie então golpeou-a 16 vezes nas costas.

 

O grupo então resolveu tomar um banho, fazer um lance, e escrever pelas paredes coisas como Death to Pigs e Helter Skelter. Antes de irem embora, Patrícia pegou um garfo e talhou a palavra War na barriga de Leno LaBianca. Deixaram a casa horas depois do crime e voltaram ao rancho.

 

Los Angeles entrou em pânico.

 

Os efeitos apocalípticos planejados por Manson nunca aconteceram e os meses seguintes serviram para abalar a fé de alguns para com ele. Linda fugiu do rancho logo depois dos crimes. Foi obrigada a abandonar a própria filha de meses de idade, até que pudesse voltar pra buscá-la.

 

Somente em dezembro daquele ano, quando Susan e alguns outros foram presos por infrações de trânsito, que a solução para os misteriosos crimes começou a aparecer. Susan acabou contando, orgulhosa, para uma colega de cela, como tinha sido divertido matar a “porca” da Sharon Tate. A colega denunciou o ocorrido e logo a polícia chegou aos criminosos. Eles negaram, mas não contavam que Linda, que não feriu ninguém, faria um acordo com a promotoria e para ganhar imunidade, contaria tudo.

 

Os primeiros meses foram marcados por episódios embasbacantes de loucura por parte de Mason e das mulheres. Ele recusava um advogado, proferia asneiras bíblicas, gritava, cuspia no juiz, enquanto Susan, Leslie e Patrícia só andavam sorrindo e cantando pelos corredores. Sempre de braços dados. As imagens podem ser encontradas no YouTube sem maiores esforços.

 

Do lado de fora da prisão, outras mulheres seguidoras faziam campanha pela libertação de Charles.

 

Toda essa histeria em torno do quinto anjo só terminou quando Charles enviou uma mensagem para suas três cúmplices que dizia que para que ele continuasse seu trabalho no mundo, elas precisavam assumir toda a culpa e deixa-lo ser solto. A partir daí, Charles começou a dizer que jamais ordenou morte alguma e que seus amigos agiram sozinhos. Foi o estopim para as mulheres começarem a entender que estavam fazendo papel de idiotas e mudarem o discurso.

 

Mason, Susan, Leslie, Tex e Patrícia foram condenados a pena de morte, mas quando a lei mudou na Califórnia, suas penas foram comutadas para prisão perpétua. Tex, Susan, Leslie e Patrícia logo se converteram ao cristianismo e lamentavam a “lavagem cerebral” sofrida durante os anos ao lado de Manson. Já Charles nunca esqueceu seu desejo de ser um astro e teve, infelizmente, músicas gravadas pelo Gun’s and Roses (Axl inclusive vestiu uma camisa com o rosto de Charles num clipe, perdendo qualquer respeito comigo que ele ainda tivesse) e por Marilyn Manson (que usa esse nome por isso mesmo). Hoje em dia Manson dirige, da cadeia, uma fundação ecológica que ele começou com a ajuda de antigos membros de seu grupo:

 

Do Wikipédia:

 

Desde a década de 1980, Manson e alguns de seus companheiros, alguns ainda da época dos assassinatos Tate-LaBianca, mas que não tiveram envolvimento com os crimes, têm trabalhado em um projeto conjunto conhecido internacionalmente como ATWA (do acrônimo em inglês Air, Trees, Water, Animals), uma referência ao Ar, às Árvores, à Água e aos Animais, o sistema de suporte de vida do planeta Terra. Manson, de dentro da Corcoran State Prison, na Califórnia, dirige pessoalmente o movimento. Em abril de 2009, em um processo de internacionalização do projeto, surgiu na Internet o website ATWA Brasil, introduzindo a filosofia de ATWA em língua portuguesa e abrindo um canal de comunicação do Brasil com Charles Manson.[2] A ATWA Brasil está em contato com Manson diariamente, e tem postado cartas, vídeos e gravações de ligações telefônicas recentes em que Charles Manson discute a questão de ATWA focando no Brasil.[3][4] O movimento também convida brasileiros a integrarem "a batalha pela restauração da ordem natural".[5]

 

No YouTube, existe uma longa entrevista de Diane Sawyer com Patrícia, Leslie, Susan e Mason, em que ficamos sabendo como a cabeça desses assassinos ficou depois de tudo que aconteceu. É terrível ver como tanta consciência só apareceu depois de tanto horror. É impossível não se perguntar como teria sido se eles jamais tivessem sido presos. Será mesmo que Leslie lamentaria tanto ter matado Rosemary LaBianca? Tem como acreditar nas palavras de Patrícia, que diz que foi ordenada por Tex a matar quem estivesse na casa dos empregados, mas voltou no meio do caminho porque sentiu que tudo aquilo estava errado. Porque ela voltou no dia seguinte para matar os LaBianca então?

 

Não vou disponibilizar o link da entrevista, nem das matérias, muito menos das terríveis fotos dos crimes. Diane Sawyer também entrevista a irmã de Sharon, que fala da tristeza que é ver que Manson virou um ícone macabro para bandas de rock (a casa em Cielo Drive serviu de estúdio para pelo menos duas bandas e a porta da casa, com a palavra Pig, existe até hoje num estúdio de gravação de propriedade de um dos inquilinos) e que os detalhes das mortes são procurados para satisfazer um desejo mórbido de conhecimento.

 

Conheço esse desejo. Mas ao contrário de todas essas pessoas que estiveram na casa porque isso é cool, eu não me sinto contente por tudo que descobri. Pelo contrário. Os crimes de Helter Skelter acabaram se tornando um dos maiores pavores da minha vida, tendo perseguido meus pensamentos de maneira incisiva e constante, e tendo me tornado uma pessoa 100% mais temerosa e triste.

 

Não passo link algum, porque não quero que sintam-se como eu. De fato, escrevo esse artigo como só mais uma parte do processo terapêutico de expurgar essas questões de dentro de mim. E se há alguém que o lê, saiba que de tudo, essa leitura já lhe basta. Saiba o que for necessário para o entendimento, não busque o extremo, como eu. Porque a conseqüência também é extrema.

 

O que fica daquele agosto de 69, é um gosto azedo de torpor. Uma sensação terrível de que a dor e o sofrimento de morte podem chegar sem motivo nenhum, apenas conduzidos por uma série de coincidências negras. De certa forma, os que riem ou enaltecem a tragédia ganham mais. Comigo é diferente... Eu sinto, e não esqueço.

 

Por fim, existe o filme. Se você não tem problemas com o impressionante, veja. Foi feito para a TV, mas é bom. Detalhista. Assustador. Eu saio dessa experiência de conhecimento sem nenhuma vergonha de ser o mais descarado possível em pedir a Deus toda a misericórdia para os que amamos e para os que nos amam.

 

Afastemos todos nós desse cálice, Senhor. Por favor.

 

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Dobrado Por Henrique Haddefinir às 22:38
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