Eu fico cada vez mais impressionado com a capacidade do ser humano de anular a própria identidade. Um dos casos mais assustadores apareceu na minha vida por causa do Te Dou um Dado. Lá no blog da Lele e da Polly, só um conselho: Entrem no blog do Rodrigo Xuxa. E eu entrei.
A experiência foi desbravadora.
O rapaz, morador de Santa Catarina, ganha a vida sendo sósia da Xuxa, e nessa corajosa missão, vai fundo no conceito psicológico de "viver a vida alheia".
Possuído pelo espírito do "exú da mídia", vai fundo em qualquer oportunidade que seja de aparecer em toda a sua glória cosplay. Desde a reprodução de capas antigas dos discos da Xuxa:
Passando por eventos sociais locais:
Até manifestações importantes, onde Rodrigo Xuxa não se faz de rogado, em aparecer com sua cartolina bem no primeiro plano da foto:
O nível de descompromisso do rapaz com a própria personalidade é impressionante. Há nove anos, Rodrigo dá entrevistas:
Faz documentários:
Recebe antigas funcionárias:
MARTA MENEZES 23 ANOS, QUE FOI PAQUITA DE RODRIGO XUXA DE 2008- 2011 GRAVOU NA MANHA DESTA QUINTA FEIRA DIA 8/2 SUA PARTICIPAÇÃO NO DOCUMENTÁRIO FINAL FELIZ DE RODRIGO XUXA. ( TABALHAR COM ELE FOI A REALIZAÇÃO DE UM SONHO NUNCA VOU ESQUECER DESSA EXPERIÊNCIA QUERO CONTAR PARA OS MEUS FILHOS ) DECLAROU MARTA NO DEPOIMENTO.
E faz shows:
Claro que a gente não está aqui pra julgar e atacar o rapaz - como muita gente está fazendo nos comentários do blog - mas diante de algo assim, fica sempre aquela sensação de que alguma coisa está fora do lugar. De que a beleza do mundo está em sermos únicos... Dedicar a vida toda a parecer e representar outro indivíduo, não me parece a receita pro sucesso.
Mas se o Rodrigo tá feliz, quem somos nós? O blog dele Tá aqui e quem quiser, pode ver por sí mesmo.
O mais curioso é que Rodrigo conheceu Xuxa há pouquíssimo tempo. Olhem como ela parece feliz:
- PQP que merda é essa??
E pra finalizar o post, um momento lindo e espontâneo da nossa Rainh... nosso Re... nosso Xuxa.
Helter Skelter
O demônio pula o portão em 09 de Agosto de 1969.
O ano de 1969 começou intenso para dois homens que residiam na cidade de Los Angeles até então. Charles Manson, depois de suas andanças em busca de uma oportunidade na indústria fonográfica, vislumbrava uma chance, ao mesmo tempo em que tinha conseguido também, reunir uma gama de seguidores cada vez mais apaixonados por suas idéias de paz e sabedoria. Do outro lado da cidade, o diretor Roman Polanski também vivia um bom momento em sua vida. Os americanos o receberam com desconfiança, mas já começavam a respeitar seu trabalho no cinema. Ele era reconhecido como um profissional importante e um homem interessante. Estava casado com uma das mulheres mais lindas do mundo e ela, Sharon Tate, estava grávida e feliz.
Eu não comento sobre o BBB12 aqui faz tempo. De fato, nem sei se andei comentando... É bem certo que isso tem muito mais a ver com falta de tempo do que pelo programa em si, que está até interessante.
Esse ano, de novo, Bonica preferiu jogar com cartas marcadas e dividiu a casa mais uma vez. Porque mudar? Sempre funciona mesmo. Temos então, dentro da casa, a PRAIA e a SELVA. E no início do jogo, tudo se definiu assim:
PRAIA - Jogo pra fora
Nem nos sonhos de Bonica ela poderia ter imaginado que nomear os quartos assim daria tão certo. Estaria tão dentro da proposta. Os habitantes do quarto praiano foram deixando o barco correr e ficaram admirando a vista. Quando perceberam que o outro lado estava vindo pra cima, já tinham perdido o controle do jogo. Como sabe bem qualquer espectador de Big Brother, unir-se para derrubar um lado é a melhor maneira de perder o programa, sobretudo quando o lado atacado entende isso e começa a jogar pra fora. Ou seja, se resigna do ataque com declarações de bondade e humildade. Jogo mais inteligente, impossível.
SELVA - Jogo pra dentro
Estar numa selva é luta pela sobrevivência e o pessoal desse lado levou isso ao pé da letra. Combinar votos pra se manter no jogo é burro, mas não é feio. O problema é que os selvagens esqueceram o bom senso em casa e exerceram seu poder de controle com arrogância e deboche. Falar mal dos outros é ruim, mas faz parte da natureza humana. Fazer isso sendo filmado, com direito a imitações, risos e ironias, é simplesmente ignorante. Viraram os vilões, até porque, BBB é novela.
Aqui do lado de fora, a torcida se dividiu do mesmo jeito, e com os mesmos gêneros. A inteligência a serviço da argumentação, pena que nem sempre justa. Exatamente como lá dentro.
A TORCIDA PRAIA - Vida de gado, povo marcado, povo infeliz
Em primeiro lugar, quem torce pela PRAIA não argumenta, muge. Numa licença poética sarcástica, assim é denonimada a condição de "estar na maioria". E lê-se "estar na maioria" como "ser manipulado pela edição", "reproduzir um discurso vazio" e coisas piores. E nessa edição ainda temos o termo adicional "coração bão", numa tirada estratégica dos opositores que pejorativam a expressão para que ela pareça insincera e forçada. Portanto, cair no discurso do "coração bão" é uma tremenda pobreza de espírito. Até porque, a estratégia da "humildade" inclui uma atenção maior a omissão dos efeitos do jogo. Se eu vejo BBB quero ver o circo pegar fogo, então faz sentido não gostar de quem segue pelo seguro caminho do controle. A questão é: porque torcer pela PRAIA ou pelo modus operandi dela resvala tanto num julgamento de inteligência?
A TORCIDA SELVA - Olho por olho, dente por dente
Aqui reúnem-se os que torcem pelo vilão. E essa categoria cresce a cada dia. Com palavras como "honra", "bondade" e "humildade" ganhando um sentido cada vez mais pejorativo, os que ainda se arriscam a usá-las sentem o peso da crítica jocosa. Dizer que tem o coração bom é o primeiro passo pra ser visto como alguém que, na verdade, não têm. Enquanto isso, características como a inveja, a ira, o egoísmo e a maldade, vão sendo enaltecidas dentro do contexto de "humanidade". Então é assim: falou que tem o coração bom: falsa. Agiu como um egoísta: humano, falho. A torcida da Selva entende que o jogo BBB melhora quando as pessoas afloram o que existe de pleno em ser "humano", que é deixar o lado ruim aparecer, e estão certos por isso. O problema é quando torcer pelo vilão, vira uma ação de execrar o mocinho. Nada de mal em torcer pra vilã continuar sacaneneando todo mundo, mas como no BBB tem gente "de verdade", fica difícil curtir uma ação de arrogância ou malidiscência contra o oponente. A Torcida da SELVA transformou o ato de torcer pela SELVA numa instituição de verdade absoluta, como essa torcida representasse a capacidade do indivíduo de pensar e julgar corretamente. E dá-lhe frases como "ainda bem que todo mundo que eu respeito e admiro é SELVA". Porquê o "fanatismo" dos gados que torcem pela PRAIA (dita maioria) é crucificado com ares de superioridade, se o que se vê nos selvagens é uma versão 2.0 do fundamentalismo opinativo?
No final das contas, arrotar inteligência com um posicionamento específico é tão burro quando se deixar levar pelo que pensa "a maioria". É o ato de assistir o programa que mais perde com isso. Porque participantes são endeusados desnecessariamente e justificativas torpes são encontradas para justificar evidentes babaquices (vide Yuri e seu surto). Não que todo mundo não seja babaca ali dentro de vez em quando, mas aí que está a questão: TODOS SÃO HIPÓCRTIAS, EGOÍSTAS, BABACAS e RIDÍCULOS em algum momento. A diferença é que se eu gosto mais daquele, entendo mais o lado dele. Atacar quem gosta mais do outro como arautos da erudição plena, cansa. É infantil e bobo. E nada esperto.
Monique e Yuri são remanescentes de um jogo idiota, agindo desesperados por um lugar na aprovação do público. Torcer por isso me parece tão superficial quanto torcer pela necessidade de parecer boa da Fabiana.
Já é hora de parar de acharmos que qualquer um dos lados ali, vai nos atribuir qualidades.