Domingo, 25 de Setembro de 2011

True Blood - Gastronomia Espectral Injustificada

 

Quando True Blood estreiou na tv americana, quatro anos atrás, seu criador Alan Ball tinha acabado de sair de um grande sucesso de crítica chamado Six Feet Under. Falar sobre vampiros não era examente o que estavam esperando dele naquele momento. No entanto, por tratar-se de uma produção da HBO e do próprio Ball, tinha de haver coisas boas e interessantes saindo dali.

 

Alguns episódios depois e já tínhamos percebido que a série tinha seus diferenciais. Era sanguinária, erótica, homoerótica, e falava de um mundo onde os vampiros saíram do armário e seu sangue entorpecente era a mais nova droga em ascensão do mercado. Ou seja, True Blood era filosófica.

 

Por mais que o primeiro Season Finale da série prenunciasse algo de ruim, não acreditamos nisso e seguimos em frente. A segunda temporada então nos premiou com mais boas doses de sociologia analítica. A igreja, a bacante, as discussões em torno do tráfico do sangue vampiresco. True Blood em sua melhor forma. No entanto, mais um Season Finale exagerado, e o que devia se restringir aos encerramentos, ficou em cena durante toda a infeliz terceira temporada.

 

De repente, True Blood tinha virado outra coisa. Tinha virado uma série sobre uma cidadezinha que abrigava guerra entre vampiros, lobisomens, fadas e pessoas-panteras. Um desatino criativo que começou a beirar o ridículo. E eu até acreditaria nos argumentos do criador, de que a série era pra parecer trash e fútil, se a perda de equilíbrio não tivesse começado a atingir os personagens.

 

Tara ficou insuportável. E ainda perdemos o foco na mãe dela, que sempre era ótima. Lafayette ficou patinando pelo show dos horrores e perdeu toda profundidade. Jason perdeu uma temporada inteira com as malditas pessoas-panteras. Sookie sempre foi meio chatonilda, mas uma mulher que tem três dos homens mais lindos do mundo aos seus pés, precisa ser respeitada. Até Jéssica, a personagem mais bacana da série, tinha caído numa boba involução. Se não fosse Russel e Pam, a terceira temporada teria sido um desgaste absoluto.

 

Ciente dos erros que cometeu, Ball nos preparou para a quarta temporada. Fez a limpa nas pessoas-panteras, esqueceu um pouco das fadas e resolveu ficar onde a série tinha força: na discussão religiosa. As bruxas salvaram a coisa toda da mesmice e embora aquele show de espíritos sendo engolidos me irritasse muito, segui adiante. Fiona Shaw fez um belo trabalho e suas motivações em alguns momentos realmente comoveram. Mas entre aparições de almas, gastronomia espectral e luzes e raios por toda parte, True Blood só me ganhava quando focava nos personagens. Por isso, o Season Finale foi bem quando explicou os sentimentos de Jéssica perante a própria natureza, quando mostrou a dor de Lafayette ao perder Jesus, quando deu a Marnie uma chance de entender até onde tinha ido, quando fez Andy parar de falar alto e o aproximou verdadeiramente de alguém - e na melhor cena do finale -  quando mostrou o quanto a rejeição de Eric tinha fragilizado Pam.

 

 

As três maiores decisões do final foram a decisão de Sookie de não ficar com nenhum dos dois vampiros (afinal de contas é a vez de Alcide), o assassinato de Flanagan e a morte de Tara (que resultou no assassinato de Debbie pelas mãos de Sookie). Todos esses três momentos de reviravolta podem resultar numa quinta temporada ótima. Sobretudo se unidos à revelação da vampirização do Reverendo e do retorno de Russel. Enfim, ironicamente foi o melhor finale da série. O primeiro que realmente satisfez as expectativas do trailer.

 

O problema é que True Blood entrou numa espiral de conceitos da qual parece não poder sair mais: a ideia de que a série não tem que ser profunda, já que trata de vampiros e seres fantásticos. True Blood não era o tipo de programa que eu via só pra divertir. Era mais do que isso. Conseguia ser mais do que isso.

 

Se a quinta temporada for mesmo a última, eu tenho muitas esperanças de que honraremos as qualidades da série com um final muito menos visual e muito mais afetivo.

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Dobrado Por Henrique Haddefinir às 23:23
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A Fazenda 4 – O Delicioso Reinado da Sociopatia

 

Todo mundo que acompanha esse blog já sabe que eu sou um grande fã do Big Brother Brasil. O programa, desde a quinta edição, vem acertando em cheio (tirando a sexta, claro) no quesito surpresa, psicologia e bom humor. Já falei exaustivamente sobre as qualidades analíticas do programa e do que ele reflete no panorama da sociedade. O BBB é engraçado, tenso, debochado e catártico. A corrente anti-reality show que categoriza a inferioridade intelectual do programa é na maioria das vezes carente de critério. Não assistir ou assistir apenas os minutos iniciais não torna ninguém apto a destilar críticas sobre coisa alguma. Mas enfim, de todos os programas do gênero, o BBB é soberano em forma e estilo.

 

Cortando por fora, a Record decide produzir a mistura de Simple Life, BBB e Casa dos Artistas, passada toda numa fazenda onde celebridades se engalfinham enquanto limpam cocô de cavalo e tomam leite tirado na hora. A primeira edição foi bem pela novidade. A segunda ninguém viu. A terceira todo mundo viu até a metade, mas ninguém se lembra quem ganhou. No ar em sua quarta edição, o programa parece finalmente ter encontrado seu eixo e nos proporciona entretenimento forte e revelador.

 

É bem verdade que para encontrar esse eixo o programa teve que ceder à reprodução de formatos. Insistente em ter uma identidade, A Fazenda começou sua existência criando uma maneira quase totalmente diferente de lidar com o confinamento dos famosos. De parecido com o BBB, apenas o conceito de “líder da semana” e “paredão de eliminação”. A direção do programa resolveu subverter tudo. A votação entre os jogadores era aberta, a escolha do líder era, a cada edição, feita de um jeito diferente, e não havia uma interferência psicológica da organização junto aos participantes. Aos poucos, assim como aconteceu com o BBB, eles foram descobrindo que algumas regras criadas por eles eram fortes mesmo (o pessoal da sede não saber qual participante voltará para dentro da casa no dia da eliminação, sendo obrigados a ficar trancados na sala esperando o retorno do sortudo, é uma idéia ótima), já outras precisavam ser recicladas e aproveitadas para o bem do jogo. Estabelecer um modo único de escolher o “fazendeiro” era uma das mais importantes. Tornaria o jogo mais legível para os jogadores e provocaria mais tensão. A direção encontrou finalmente uma maneira inteligente de fazer isso e acabou contribuindo para o conceito real de manipulação psicológica. Apelar para brincadeiras que coloquem uns contra os outros também acabou sendo necessário. O BBB faz isso com excelência e se nada na TV é original, vamos copiar mesmo o que faz bem ao produto final.

 

A edição da Fazenda ainda se leva a sério demais, mas já começou a melhorar. O “perfil” dos participantes que estão no “paredão” também acabou aparecendo nas últimas eliminações vistas nessa edição. É um clássico do BBB. Assim como o discurso de Pedro Bial, que um sempre apático Britto Jr. começou a tentar reproduzir.

 

No entanto, a melhor mudança para a Fazenda é a escolha dos participantes. Acertaram na primeira edição, mas competência mesmo tiveram agora. Praticamente TODOS os escolhidos renderam alguma coisa de boa para o programa. Os que ainda estão lá também representam sucesso, assim como os que já saíram. O reflexo desse cuidado com os escolhidos foi um show de desequilíbrio emocional entre eles. A sociopatia de Dado Dolabela na primeira edição era só uma preparação para a quase psicopatia de Gui Pádua nesse ano.  Outra vantagem do programa sobre o BBB. Os vilões da versão global eram insuportáveis às vezes, mas nunca ultrapassaram a barreira da humanidade, como fez Gui. Talvez o homofóbico Rogério, do BBB5 tenha sido o que mais se aproximou dessa investida cruel sobre outro participante, mas de fato Gui Pádua tem tantos traços de um desvio social grave que chega dá medo. Um machismo enraizado absurdo e um total descaso pelos sentimentos alheios. Tudo mascarado numa postura pseudo-esportiva de quem “joga as regras do jogo”. Num jogo que lida com a vida, as regras só se aplicam se isso não atinge ninguém e nem o que o público aqui espera de você.  Os talentos persuasivos de Gui Pádua iam tão longe que mesmo antes de sair, deu sua última cartada, envenenando Joana e garantindo que ela não teria chances de chegar ao final.

 

Se Monique Evans ganhar o programa, também terá algo em comum com o BBB, que deu uma maldita segunda chance a Marcelo Dourado e o fez vencedor de uma infeliz edição de homenagem à intolerância. Espero que ela ganhe. Será uma vitória da segunda chance muito melhor que a do BBB.

 

Torço para novas edições de sucesso. Serão dois ótimos reality shows no ano e muitas garantias de loucura, pressão, analogia psicológica e uma deliciosa frivolidade.

Dobrado Por Henrique Haddefinir às 22:54
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Glee 03X01 – Season Premiere

 

Quando a segunda temporada de Glee terminou – em meio às críticas de queda de qualidade – todo mundo só falava da possível saída de alguns personagens por conta da formatura. Durante esse hiato, o sentimento de repulsa com relação ao programa só cresceu perante a mídia especializada. Os fãs também se dividiram e o lado que desistiu do show acabou criando a Fundação Dos Que Odeiam Glee Mais Que Tudo No Mundo. Juntos, eles – os que odeiam Glee mais que tudo – e a mídia especializada, encontraram tantos problemas e defeitos que impossibilitam aquele que ainda é fã, de viver seu prazer sem ser tachado de infantil ou de burro. É só dizer eu vejo Glee, para receber em troca uma careta de nojo ou uma expressão verbal de indignação.

 

A série tem um monte de problemas – todos por conta de uma falta de domínio dramatúrgico – mas ainda é um programa de catarse, e a catarse quase sempre perdoa o deslize. No final das contas, me pega sempre de jeito e me faz esquecer as idiotices que eventualmente joga na roda.

 

Essa terceira temporada não poderia ter começado de um jeito melhor. Equilibrada e lúcida. Sobretudo se esquecermos Will e Emma – um bom exemplo das idiotices que eu mencionei acima – e suas lancheiras estampadas. Focado na inerência da formatura de Rachel, Finn e Kurt, a estreia nos entregou uma coerência raramente esperada da série.

 

Quinn me preocupa, mas muito menos que Mercedes, que já não tem um sentido na dramaturgia há séculos. Santana fora do grupo me entristece – ela é uma das melhores cantoras – mas foi uma reviravolta bacana. Também temo que as injustificadas críticas ao “excesso” de plots sobre homossexualidade vistos na temporada passada acabem provocando o aborto das tensões entre ela e Britany e entre Kurt e Karofsky (a chegada de Blaine ao colégio poderia muito bem maximizar os problemas do grandalhão).

 

Os números musicais não foram tão animados, mas dar de cara, logo na estreia, com Lindsay (do The Glee Project), foi uma delícia. O número dela inclusive foi o melhor e só aumentou a expectativa para os próximos vencedores que surgirão. Confesso que anseio por Alex e Damian, mas passaria muito bem sem o Samuel.

 

Continuo animado com a série, e muito esperançoso de que ótimos episódios serão entregues, para que essa última temporada do elenco clássico seja inesquecível.

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Dobrado Por Henrique Haddefinir às 22:51
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Fina Estampa – Às vezes é exatamente o que parece.

Lá se foi mais de um mês da estreia de Fina Estampa e já dá pra saber que a megalomania de Aguinaldo Silva não corresponde à atualidade de sua obra.

 

O conceito da novela é o de que todo mundo tem uma faceta escondida pela membrana da sociedade, e que isso provoca a concretização daquele velho ditado de que as aparências enganam. O problema é que a novela está longe de expressar a sutileza dessa definição e entrega uma história absolutamente previsível, ou seja, é exatamente aquilo que parece.

 

 

O rosário de enganos é extenso, desde a escolha de Torloni para viver a segunda versão de Melissa Cadore, até a relação grosseira e desagradável que ela tem com o “mordomo gay” vivido por Marcelo Serrado. Gays adorando divas é até comum, mas gays suportando ofensas e humilhações por causa disso não é algo que deveria ser festejado. Isso sem falar da velha mania de Aguinaldo de trabalhar a homossexualidade dentro da marginalização do relacionamento. Os gays dele são sempre afetados e mantém encontros secretos com enrustidos pseudo-heterossexuais. Não que isso não exista – de fato é o que a gente mais vê nos subúrbios – mas o tratamento televisivo dado a questão sempre me soa muito mais um desserviço à comunidade GLBT do que um passo positivo na direção da aceitação social.

 

O número absurdo de personagens incluem um núcleo hippie/espiritual de dar ojeriza. Além de termos que aturar o namorado da Suzana Vieira fazendo mágicas, temos que aturar um comportamento e linguajar hippesco que ficaria muito melhor numa novela lá dos anos 70. Os diálogos são tão fakes que dá pena.  E dá-lhe as mesmas linhas de tensão que já vimos outras vezes com autores diferentes e até com o mesmo autor (Dira Paes vive também uma versão 2.0 do que vimos com Adriana Lessa em Senhora do Destino). Temos que aturar o maniqueísmo com que ele retrata a “imprensa marrom” na personagem de Suzana Pires (jornalista Marcela Coutinho é pior do que uma vilã da Disney) e aceitar que isso faz parte da justiça interpretativa.

 

Lilia Cabral – a única que não me agride quando surge na tela – compõe o que se espera como a representação conceitual da trama: aquela que é muito mais do que parece. No entanto, todas as investidas do autor na exemplificação dessa ideia caem por água abaixo. Que mulher linda hoje em dia, que procura um homem na internet, aceita encontros sem ver o dito cujo pela webcam? Que taxista que recebe como passageiro um grandalhão mal educado e grosseiro, não vai achar que aquilo ali é uma roubada? Se é pra passar a ideia de “as aparências enganam”, que sejam aparências dentro de uma unidade de realismo, e não uma situação forçada para transmitir a demagogia da questão.  

 

Parece providencial que depois de ter acordado o monstro envaidecido com a repercussão do seu blog, Aguinaldo Silva nos entregue uma história com a profundidade de uma banheira, que pretende ser muito mais do que realmente é, e que ironicamente, é o melhor exemplo de si mesma. A estampa é fina e pretensiosa, mas o miolo é fosco e pobre.

Dobrado Por Henrique Haddefinir às 22:17
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Terça-feira, 6 de Setembro de 2011

Nova Promo Glee

 
Volta logo Glee!!!

 

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Dobrado Por Henrique Haddefinir às 18:46
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Sexta-feira, 2 de Setembro de 2011

Little Hell

 
City and Colour mostrando o que é música boa!!

 

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Dobrado Por Henrique Haddefinir às 20:07
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