Sexta-feira, 11 de Fevereiro de 2011

Really?

Passeando pela net dei de cara com essa notícia aqui. Segundo ela, Os Diários de Carrie, que leio no momento, podem sim virar uma nova franquia  de Sex and the City para o cinema. Dessa vez com Blake Lively no papel da escritora.

 

 

 

Eu não sei se a notícia é boa ou alarmante. Se Michael Patrick King continuar a frente de tudo, pode dar um bom caldo. Sobretudo também se os rumores de Miley Cyrus não se confirmarem como possível candidata ao papel, também.

Dobrado Por Henrique Haddefinir às 18:51
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Sala de Projeção

 

- Nina, o que você fez?

- Eu senti... Foi perfeito.

 

Corta para os créditos rolando (ninguém se levanta no cinema, inacreditavelmente) e eu sentado em choque na cadeira. Catatônico. Envergonhado e escondido, lá dentro, pulsa discretamente uma emoção genuína que aos poucos, numa onda constante, incontrolável, vai subindo determinada, invadindo meu corpo, palpável, afastando os órgãos para passar, até chegar incisiva no meu consciente, estraçalhando tudo, derramando-se de mim através do vermelho dos meus olhos.

Eu estava chorando. E mal posso explicar os tremores que esse choro me causava. Era uma profusão tão larga de sensações que o tempo todo tentavam intimidar a minha alegria em ter tido a honra de presenciar tamanho espetáculo diante de mim.

 

Dirigido por Darren Aronofsky, que anos atrás já tinha me tirado do eixo com Requiem para um sonho, o filme é a maturidade do cineasta em plenitude. Se em Requiem o artifício do auto-flagelo obtinha como apoio um mosaico constante de quadros rápidos que acabavam não servindo para endireitar a repulsa provocada pela tortura, em Cisne Negro temos beleza e sensibilidade em detrimento da destruição e do sangue.

 

Natalie Portman vive, assustadoramente, uma bailarina frágil e complexada chamada Nina. O diretor sabe - e não se enganem pela tentação em chamá-lo de arquetipista - como deflorar em camadas a personalidade de seus personagens. Já sabemos de súbito, que Nina sofre uma série de distúrbios psicológicos que lhe privam de uma vida social livre e de uma visão confortável do mundo. Sempre tensa, a moça parece o tempo todo não estar relaxada dentro de sí mesma. E a oportunidade de viver a ambiguidade da Rainha Cisne acaba por ser o gatilho para a destruição total de seu já frágil equilíbrio. Inteligentemente, Darren nos avisa que uma pessoa tão mal sucedida em ser ela mesma, dificilmente conseguirá ser duas outras tão intensas. Nina cai então na inevitável armadilha que muitos artistas encontram em seus caminhos: sentir.

 

Existe um princípio de Stanislavski que é conhecido entre atores do mundo todo: não represente, sinta. O teatro contemporâneo vive esse princípio em consequências absurdas hoje em dia. Vemos a nossa volta espetáculos viscerais que incluem atividade humana precisa. Nessa onda desesperada pela necessidade de reconhecimento, diretores exigem a "verdade", e condenam seus atores menos racionais a um abismo pessoal de onde muito poucos conseguem sair.

Um outro mestre, Thomas Mann, já nos avisava: morre o artista quando se torna homem, e começa a sentir. Mas nós atores, monstros de vaidade e orgulho, nos recusamos a seguir o básico que nos veio das terras gregas, e queremos sentir. Viver pra valer o que era pra ser mentirinha. E mergulhamos no calabouço das nossas emoções mais escuras em busca de reações cada vez mais "verdadeiras".

 

É nesse precipício que Nina cai. E mesmo com tantas reviravoltas no roteiro, não chega a ser surpreendente que ela seja a algoz de sí mesma. A força da história está na maneira tão voraz com que isso é demonstrado. Natalie compreende os demônios de Nina, porque para vivê-la, precisou dar espaço aos seus. Precisou passar fome, aprender a dançar e mutilar o corpo como fazem as bailarinas, precisou enfraquecer e encolher... Encontrar em sí mesma o cisne negro que logo lhe seria exigido. E assim como em Nina, a vinda dele é quase mortal. Destrói seu corpo físico com a mesma força de um câncer. Poucas vezes uma coisa me assustou tanto. Natalie merece todos os prêmios que lhe forem devidos. Aquele cisne negro é arte em abundância, transbordando dela de maneira ostensiva. Consumindo-a.

 

Mila Kunis, oriunda da série That's 70 Show, também tem bons momentos e já merecia faz tempo uma vida além Jackie.

 

Sem dúvida, nessa incrível produção de Aronofski, tanto ela quanto Natalie encontraram o âmago avaliador de suas profissões. Existem personagens dos quais nenhum ator sai incólume. Beatriz Seggal nunca conseguiu livrar-se de Odete Hoitman, Reagan assassinou a carreira de Linda Blair, o Coringa definhou Heath Leadger e sem dúvida, Nina, vítima do Cisne Negro, também consumirá Portman com seu legado.

 

 

 

 

A nova parceria de Denzel Washington com o diretor Tony Scott é... bacaninha. Ah, tudo bem. Eu acho que eu é que fui muito cheio de expectativas. Quando fiquei sabendo que era sobre um trem desgovernado eu me animei. Adoro catástrofe. Mas no final das contas, tirando um ou outro arranhão e carro explodindo, o filme fica devendo um clímax digno do barulho do que fez. Porque você até atura uma idéia imediata que precisa ser esticada para noventa minutos, como em Impacto Profundo, mas sabendo que nos minutinhos finais você terá a compensação. Não é o que acontece com Incontrolável.

 

O filme é bem dirigido, os atores estão bem e a trama é coerente, mas sabe quando dois minutos depois você já esqueceu do que foi ver? Então. É isso.

 

 

 

 

Quando se fala em Clint Eastwood exercendo seu papel de diretor, me vem logo na cabeça o dramático Menina de Ouro. Muitas tragédias, tristezas e lágrimas. Não gosto muito desse exagero. A insistência do cineasta pela superação constante de seus personagens me irrita mesmo. Por isso, fui ver com desconfiança a nova empreitada dele: HereAfter (ridiculamente intitulado de Além da Vida). Cinco minutos depois do início eu já estava com a boca aberta. O tsunami que invade a tela é de arrepiar, e serve de ponto de partida para essa competente reflexão sobre a morte. A jornalista francesa sobrevive ao trágico dia na história da Indonésia e têm uma experiência de quase-morte que lhe revela que existe alguma coisa do lado de lá (que por favor não sejam os vultos em contra-luz).

Já em Londres, um menino perde seu irmão gêmeo e essa experiência lhe traz a mesma inquietação: o que existe do outro lado?

Fechando a trama, temos um Matt Damon fantástico, vi

 

vendo um vidente genuíno que precisa se livrar dessa maldição para conseguir viver sua vida.

E são esses três personagens que seguirão sua jornada até o inevitável encontro (que infelizmente o trailler já entrega como será). E o diretor Eastwood nos presenteia com uma crônica sensível e delicada sobre um tema que poderia nos render mais um monte de exageros lacrimosos. Essas três vítimas da essência mortal nos guiam para um clímax que tiraria qualquer cínico do eixo. O filme é cheio de competência por toda a parte e vale a pena cada minuto percorrido. E é muito curioso que num período em que o espiritismo nos ronda em corajosas produções nacionais, Clint Eastwood venha para nos dizer: vocês ainda têm muito pra aprender sobre como contar a morte.

Em tempo: uma pesquisinha do Google pode ser legal para quem curtiu o tema. Em dado momento, a jornalista francesa nos esfrega uma teoria de conspiração que vale a pena considerar: estudiosos e ganhadores de Nobel teriam mesmo feito pesquisas importantes na área do espiritismo e sido censurados pela igreja?

 

  

 

De uns tempos pra cá, Nicolas Cage não faz mais nada pela própria carreira que não seja jogá-la na lama. A sequência de merdas em que andou metido é invejável e soa tão absurda que parece um protesto pessoal contra a indústria hollywoodiana. Com Caça as Bruxas não é diferente, mas pelo menos aqui, seguraram a onda e nos deram pelo menos um filminho pipoca divertido pra ver.

Na trama, a peste assola vários reinos e a chegada de uma moça tida como bruxa é considerada a razão de tanto mal. Cabe então a dois cavaleiros renegados levar a moça para um monastério que cuidará de sua destruição. A fórmula é a mesma de sempre: nunca sabemos se a moça é mesmo culpada, cada um dos companheiros de viagem vai ficar morto pelo caminho e no final das contas nada é o que parece ser. O prazer de ver o filme está justamente nesse conforto. Temos uma boa sequência inicial, empolgante, e uma boa sequência final, igualmente empolgan

 

te. O meio é preenchido por essas obviedades que a gente atura, mesmo sabendo que é ruim, porque é isso que estranhamente o nosso cérebro quer. É o que nos faz assistir as novelas do Sílvio de Abreu ou os sitcons americanos. Ou as últimas temporadas do 24 horas.

O filme é ruim, mas esse descompromisso com a originalidade é tão assumido que acaba tornando tudo prazeroso. Confortável. E inesperadamente, faz o ingresso valer a pena.

 

 

 

É ótimo que eu vá falar sobre Santúario depois de Caça as Bruxas, porque o plot de um é absolutamente igual ao outro: um grupo de pessoas parte numa expedição e todos já sabem que quase todo mundo vai ficar pelo caminho. O problema nessa produção de James Cameron (que só assina mesmo a produção executiva), é o alarde. Você já deve ter ouvido nos comerciais: a nova evolução em 3D. Evolução? Eu não vi nenhuma. E pra falar a verdade, fiquei até decepcionado com a falta de imaginação para os espectadores das projeções em terceira dimensão. Nem aquelas coisas de sempre, de lançar momentos à platéia, eles fizeram. Só aquele roteiro arrastado, cheio de clichês, e nenhum compromisso com a paciência do espectador.

Os atores são rizíveis e pasmem, o herói é o pior deles! A trama não nos mostra nenhuma surpresa e se não fosse o fato de ter sido “baseada em fatos reais”, não haveria uma só gota de interesse por esse filme. E não vá esperando "fatos reais" ao pé da risca. Seja tolerante.

No que diz respeito a contar histórias que se passem em cavernas assustadoras, vão precisar se esforçar muito pra superar Abismo do Medo.

 

 

 

 

 

 

Dobrado Por Henrique Haddefinir às 18:17
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Glee visita Michael... Mas rapidinho.

O retorno da segunda temporada aconteceu nesse domingo e enquanto vamos vendo notícias desencontradas sobre se esse seria ou não a season finale, fomos premiados com um episódio que manteve o nível da série e ainda aumentou as tensões com David Karofsky, que mesmo insuportável conquistou meu coração. Ainda vou vê-lo dando uns beijinhos no Kurt.

O episódio foi alardeado por conta da execução de thriller, mas embora essa versão ligeiramente desconfortável tenha sido o clímax do dia, o melhor mesmo foi ver as loucuras de Sue, as canções paralelas deliciosas e aquela boa e velha competência de Glee pra te fazer feliz.

É incrivel que mesmo a série valorizando tanto a cultura pop, ainda seja possível citar Michael Jackson apenas numa só canção. O astro merecia um episódio duplo só pra ele.

 

 

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Dobrado Por Henrique Haddefinir às 18:00
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BBB se Eleven

Sei que tenho falado pouco do programa ultimamente. Mas não se enganem, isso nada tem a ver com a qualidade dele. O BBB continua no mesmo ritmo alucinante de sempre, com um casting totalmente nonsense e uma superficialidade irresistível que vez por outra, flerta com a psicologia bruta.

 

O programa tem tido problemas pra contar novas histórias. Da quinta edição pra cá a equipe de criação tem sido explorada devidamente pela Bonica e chega uma hora mesmo que não dá pra inovar mais. Nessa edição eles preferiram ficar dentro da zona segura e fazer bem a mesma coisa. Abandonaram bobagens como o Sabotador e investiram no retorno de um participante já eliminado, o que, ironicamente, foi a salvação desse segundo mês do reality.

 

Abaixo um apanhado dos personagens mais relevantes até esse momento do jogo.

 

Maurício 

 

O rapaz voltou pro jogo achando que era o mais queridinho do Brasil. Sua síndrome de Max já está me tirando do sério. Cheio de chavões e frases de efeito e uma personalidade atormentada pela necessidade de ser o melhor, o rapaz não parou pra refletir um só minuto na verdadeira razão de sua volta: Maria. O povo estava enlouquecido pelas possibilidades de barraco provocadas pelo regresso do “namorado traído”. E funcionou. Desde sua volta, Maria surtou e desceu aos tropeços todos os degraus da elegância. A estratégia da Casa de Vidro era uma tentativa visível de trazer Ariadna de volta, mas o resultado acabou saindo melhor do que a encomenda.

 

Maria

 

 

Sua voz de traveca já não ajuda e desde que Maurício voltou ela vestiu uma aura Rodriguiana insuportável. Passa metade do dia dando em cima dele e a outra metade falando dele para as outras. Saiu da linha completamente. E Bonica não poderia estar mais contente.

 

Wesley

 

 

Coube então ao comedido médico Wesley, o papel de sensato nessa história. O Terceiro elemento do triângulo se mantém longe de encrenca. Com elegância, aceitou a chegada de Maurício e se afastou gentilmente de Maria. Essa semana ganhou a liderança e garantiu mais uma semana para tentar mudar sua trajetória dentro do jogo. Sua beleza de estátua grega é realmente desconcertante, mas até agora parece ser seu único ponto decisivo.

 

Adriana

 

 

Assim como Maíra entrou no BBB9 para desestabilizar a segurança das outras participantes da casa, revelando suas personalidades capengas (com exceção da ótima Priscila), Adriana chegou junto com Wesley pra mostrar que Thalula, Jackeline e Maria são mais insuportáveis do que poderia parecer. O trio sem-noção já elegeu a moça como alvo mais “justo”, apenas porque ela entrou depois, demonstrando a boa e velha incapacidade de raciocínio que toma conta de alguns desses loucos que entram lá. Elas enaltecem figuras pernósticas como Maurício e repassam seus lastimosos “minutos de sabedoria” como verdades absolutas. O problema de Adriana é que em contraste com sua postura 100% franca (O episódio com Diana foi ótimo pra mostrar que a bissexual só tem gogó. Não foi capaz de responder à altura nenhuma das críticas da miss), está sua personalidade dependente de uma figura masculina. Dizer eu te amo pra Rodrigão no primeiro dia em que ficou com ele é uma demonstração de fraqueza que beira a necessidade de tratamento.

 

Diana, Lucival e Daniel

 

Os três representantes da galera GLS não poderiam ser piores: Diana é lésbica até o último fio de cabelo, mas defende a própria sexualidade “livre” com o mesmo desespero dos recém-saídos do armário. É aquele papo do “eu sou sexual”. Dói menos se for dito assim. Além disso tem aquela postura digo o que penso doa a quem doer, mas no final das contas ela só diz para os que estão em volta, nunca para quem tem que ouvir. Lucival é inteligente e esperto, mas ali dentro, para os outros participantes e para a edição do programa (assumidamente fã dos esteriótipos), ele é só uma “bicha venenosa”. E Daniel junta-se à ele nessa categoria.

 

 

Diogo

 

 A aposta do programa para repetir o fenômeno BamBam saiu pela culatra. Diogo, um baiano gago e cheio de tiques estranhos, não é totalmente alienado, como era BamBam, massofre da mesma falta de simancol. Mete-se em tudo e tem uma curiosa fascinação por Maurício. Abraçou o rapaz mais que Maria, a namorada dele, na hora da eliminação. Quando voltou, Maurício não conseguia cumprimentar os outros porque ele não deixava. E ao mesmo tempo em que Maria e Paula fechavam ciclos com o participante reciclado, Diogo entrou em atrito direto com as duas. Se isso não é esquisito, não sei o que é.

 

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Dobrado Por Henrique Haddefinir às 17:23
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Quinta-feira, 3 de Fevereiro de 2011

O Embuste 24 horas - Recado ao blog "Legendado"

 

 

Há oito anos atrás, sob muita expectativa, chegou ao ar uma idéia intrigante sobre um agente que teria um dia de sua vida contado em tempo real numa série de TV. Seriam 24 horas, uma hora para cada episódio e um compromisso de 24 viradas de roteiro até o final.

 

Três anos depois, na quarta temporada, 24 horas já não era um fenômeno de boas idéias. Como em toda boa série, construiu uma série de apoios mitológicos ligados principalmente a personagens. Essa acabou sendo também uma das maiores ciladas da série, que em seu compromisso de grandes surpresas acabou matando quase todos os personagens importantes e caindo cada vez mais num abismo de insatisfação. A partir da quinta temporada, as obviedades começaram a passar de aceitáveis para irritantes. A métrica dos roteiristas era sempre a mesma: terrorista bandidão que mata sem dó e que não é na verdade o manda-chuva, o manda-chuva que é um cara engravatado ligado ou à Casa Branca ou a um país de fama duvidosa, um traidor na UCT, um traidor na Casa Branca, Jack torturando porque quer, Jack matando alguém importante por não ter escolha, agentes da UCT com vidas complicadas para enrolar os espectadores, a UCT sendo invadida e burlada o tempo todo... e por aí vai. E essa métrica começou a ser repetida todas as vezes, e eventualmente uma ou outra virada dentro desse plot acabava conquistando a nossa atenção.

 

Aos poucos, a série foi passando de revolução a embuste. Éramos manipulados por uma mesma rede de raciocínio e cada vez menos isso soava prazeroso. O final da sexta temporada foi um vexame sem tamanho. Os próprios roteiristas, em um extra da sétima temporada, assumem o buraco negro em que vinham se enfiando desde então. E depois de uma sétima temporada razoável, iniciaram uma oitava que se não fosse por sua hora final, teria sido um fiasco irrecuperável.

 

Fico me perguntando: foi esse series finale tão alardeado como melhor que o de Lost? Eu devo estar louco então, porque a sensação que tive era de que estava vendo uma temporada muito ruim com um final um pouquinho melhor. Da primeira a vigésima terceira hora, nada nessa última temporada de 24 horas fugiu do esquema traçado para todas as outras. Nada! Porque quando eu achei que os roteiristas teriam coragem de levar a inconsequência da Presidente Taylor até o fim, eles caíram no patriotismo óbvio e a fizeram voltar atrás. Se 24 horas tivesse terminado com Jack sendo morto pela presidente numa ação bem sucedida de uma conspiração pela “paz”, aí sim, teria sido um grande final. Realmente revolucionário. Mas que idiotice a minha... Uma vez anunciado o cancelamento da série, os executivos da Fox correram para a imprensa para garantir: Jack vai continuar sua saga no cinema. Portanto, morrer no final era impossível. E contando com o fato dele já ter sido preso por chineses, ter tido a família quase toda morta, ter sido dado como morto, ter fugido umas três vezes, não haveria outro final para ele que fosse realmente surpreendente que não fosse sua própria morte. Dessa maneira, quem ficou nervoso com os últimos momentos do personagem esqueceu o cérebro em casa. Pra mim, chega a ser um desrespeito tentar nos enganar com uma quase morte que jamais virá a acontecer, visto que os próprios criadores da série já nos garantiram isso. Eles próprios! É como contar o final do filme e querer que a gente se choque com ele mesmo assim.

 

Até o momento em que a presidente ficou passiva com a sugestão do assassinato de Jack eu ainda achava que as coisas tinham salvação. Pensei: se Claudia Croitor escreve uma dúzia de desaforos sobre o final de Lost usando o final de 24 horas como base para comparação, é porque ela deve ter material para isso. Mas não, ela não tem. Porque a presidente muda de idéia depois de ver um videozinho emocional de Jack que parecia saído der um roteiro de ação do Michael Bay. E deixando mais uma vez a responsabilidade de serem maléficos sem arrependimento para os russos, sai de cena como uma mártir da verdade, mesmo em última instância.

 

Não é a toa que a não ser pelo blog Legendado, não vi uma só referência jornalística que tivesse dado meio minuto de atenção a essa última temporada da série. Nem mesmo para falar mal dela.

 

O curioso é que de tudo que aconteceu nesse episódio, a única parte boa tem total relação com todas as críticas feitas ao final de Lost. Jack e Chloe protagonizam o emocionante momento final de seus personagens (com destaque merecido para Mary Linn) numa liberdade emocional do roteiro que em tudo tem a ver com os encontros entre os personagens de Lost: a priorização da empatia do público para com aqueles personagens, mesmo que as saídas dramatúrgicas não compensem nossas expectativas. Intrigantemente, a ansiedade em demonstrar superioridade intelectual na rejeição ao final de Lost era tão grande, que valia a pena até mesmo enaltecer a superficialidade e obviedade absurda dessa última temporada de Bauer na TV.

 

E aí você começa a ponderar... Dá pra dar atenção a quem compara o final cheio de referência científicas, mitológicas, históricas, cheio de apelo emocional e complexidade psicológica de Lost ao final cheio de pólvora e maniqueísmo de 24 horas? É como comparar um roteiro de David Chase a um de Roland Emmerich. Não tem propósito. É um julgamento cretino, sem a menor coerência e substância, usado apenas pelos que não tem coragem de assumir sua insatisfação sem que tenha que fazer os outros de burros com isso.

 

Não devia ser tão importante pra mim dizer essas coisas, mas depois de anos sendo cativado pela sensação de que podia visitar esse blog certo de que alguém estaria aqui compartilhando opiniões sobre uma paixão em comum, com propriedade e inteligência, me senti muito ofendido quando percebi que tinha sido enganado, que mais importante que respeitar os leitores e argumentar com sensatez é manter cativo o público que aplaude a arrogância. Eu sou capaz de aceitar quem argumenta contra cavernas luminosas e submarinos inúteis, mas não posso ficar calado quando a minha defesa para essas coisas é tratada como uma deficiência intelectual, com frases pretensiosas cheias de comicidade tendenciosa e ironia. É insuportável quando você vê alguém usar argumentos contra criatividade e dois posts depois elogia a “competência” de quem guia os passos de Bauer. E mesmo quando esse blog assume a recorrência dramatúrgica de 24 horas, usa argumentos do tipo “a gente percebe a falha, mas deixa passar... porque Jack é o cara!”. Sim, ele é. Mas uma série não sobrevive enquanto discussão, diversão e relevÂncia, só porque o personagem é o cara. Não sobrevive. E não sobreviveu. Despediu-se capenga, com horas a mais de ambição que poderiam ter-lhe poupado um honroso lugar no hall das séries que souberam a hora de parar.

 

Que me perdoem aqueles que me acham apenas um louco que precisa defender sua obsessão. Esse não é um comentário sobre Lost ou sobre 24 horas. É sobre um leitor assíduo de uma jornalista que não escreve um blog pessoal, escreve um blog sobre séries, e esqueceu-se que o sustento dele depende dos leitores, mas mesmo assim resolveu ofender alguns deles só pra ser engraçadinha. Esse é um comentário que esperou toda a última temporada de 24 horas acabar na Globo, para ser escrito. Mesmo muito tempo depois. Para que fosse completo, embasado. Porque mesmo com rancor de toda comparação feita aos dois finais, eu esperei para ver tudo, para que eu não cometesse uma injustiça horrível com uma última temporada que talvez tivesse sido realmente muito boa e terminasse sendo um cretino com os fãs que talvez tivessem toda razão.

 

E me poupem do GET A LIFE. A cultura nerd prevê a importância demasiada a elementos sempre tão complicados de serem compartilhadas com outros, sobretudo para os que não moram no eixo principal das capitais, como eu. Não forcem a barra. Faz décadas que é um preconceito cafona achar que quem “perde”muito tempo com heróis, miniaturas e ficção científica é um loser. Ao menos eu tenho condições verbais de reclamar. O que Claudia Croitor tem é uma dádiva: a chance de ser lida. Para os que escrevem não há prazer maior do que o de poder ser lido. Discutido. Mas isso perde totalmente o sentido, quando vira um clube de afinidades, onde a divergência é tratada com o rótulo da estupidez, transformando todos os que discordam em pobres coitados inferiores que desconhecem toda a “verdade” da compreensão televisiva.

Dobrado Por Henrique Haddefinir às 16:27
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