Finalmente eu consegui (graças ao meu amigão Fabrício) assistir aos primeiros episódios da série Glee! E apesar de todos os clichês e recorrências, o negócio é encantador! Os personagens te ganham, as músicas de empolgam e você esquece até o absurdo de os números serem tão perfeitos com tão poucos ensaios.
Quando a temporada acabar prometo uma resenha completa, mas antes tenho que dizer que KURT É TUDO!!! e que o pai dele é lindooo!!!! Os seriados americanos sabem falar sobre os gays. Não é aquela coisa de novela brasileira onde todo gay tem que se envolver com uma mulher.
Aqui um vídeo do episódio onde Kurt dança Single Ladies e é flagrado pelo pai gostosão dele.
Tem artistas que quando estão um pouco longe dos holofotes, decidem tomar decisões drásticas em nome de um ressurgimento polêmico. Algumas vezes funciona, mas em outras é só um tiro de misericórdia. Alanis Morissette acaba de ganhar o tiro dela.
A certa altura do filme 2012, em cartaz nos cinemas brasileiros há duas semanas, você se pergunta quantas vezes o personagem de John Cusack vai ressurgir das cinzas depois que todos já acharam que ele está morto. Você imediatamente responde a si mesmo: várias. É necessário que isso aconteça para que ele recupere o respeito da família e sobretudo do filho. Nesse sentido, tomam-se várias decisões drásticas que visam apenas tornar feliz o final de um único núcleo. O dele. Já os outros, despedaçam-se na tela junto com todo o resto do mundo. Por isso, 2012 é um filme desconcertante, incômodo, aflitivo... 2012 é um filme triste.
Essa não é uma afirmação minha. O site Omelete foi o primeiro a citar as potencialidades lacrimosas da produção do alemão Roland Emerich, e acredito que poucos além de mim devem estar concordando com ele. A razão dessa descrença é cristalizada pela crítica desde o primeiro grande filme catástrofe realizado por ele (o irritantemente patriótico Independence Day). O cara faz “filmes de efeitos especiais”. Eu, se fosse ele, já teria gritado muito alto em protesto a tamanha falta de respeito pelo meu trabalho. Roland faz cinema. E dos bons. Daqueles que faz você ficar duas horas dentro da sala esquecendo que a realidade existe e sendo transportado ironicamente para um delicioso senso de falta de realidade. É maravilhoso. Mas só é se você entende. E você só entende, quando acredita. Precisa deixar lá fora a propensão a repetir inutilmente frases do tipo “Ah.. é muita mentira”. Atenção!! Quando você pisa no cinema, pode ser pra assistir um filme do Bertolucci, tudo já é uma mentira. Cinema é mentira sendo contada como verdade. E preste atenção em deixar lá fora da sala também, as frases que subjugam o gênero como uma arte menor. Se for ao cinema pra ser crítico devia pelo menos cobrar por isso. A crítica faz parte de todo ato artístico, por menor que seja, mas não pode ser confundida com predileção pessoal. Odeie Spielberg, mas não transforme o trabalho dele em material fuleiro só porque o Von Trier te faz chorar. Não é incompetente só porque você não gosta.
Livrando-se de toda má vontade e pretensão, entre e se divirta. Porque 2012 é isso, diversão. Até quando você chora no cinema porque a Meg Ryan morreu nos braços do Nicolas Cage, você está se divertindo. É uma mentirosa resposta física à mentira que você vê na tela. O personagem que você mais gosta morre de mentira. E emocionado, você chora de verdade por uma dor de mentira. É lindo. E quem disse que o tal “filme de efeitos especiais” não pode te fazer chorar? Roland é até melhor sucedido aqui do que no anterior O Dia Depois de Amanhã. Em 2012, embora as relações continuem tendo praticamente as mesmas motivações (o diretor deve ter tido problemas com o pai, porque é sempre a base de suas histórias), o forte aqui são as relações periféricas.
O filme se divide em núcleos de ação e impacto visual. Ao mesmo tempo, dividem-se também os núcleos afetivos. Para cada seqüência de destruição, alguém vai ficar pra trás. Sabemos que aqueles personagens secundários estão ali pra morrer e talvez exatamente por isso nos envolvamos tanto com eles. Quando se determina que a família disfuncional do personagem de Cusack vai se recuperar conforme as atribulações (e isso fica claro nos primeiros minutos), deixamos de lado as expectativas em relação a eles e passamos a torcer por quem está realmente ameaçado. E é aí que você se vê mergulhado de verdade na história. E quando se trata de relações periféricas, o roteiro aproveita tudo que a imaginação pode oferecer. Claro que estão lá as cenas obrigatórias para o gênero: o presidente viúvo (recorrência impressionante para filmes do gênero), o presidente viúvo que vai se sacrificar sem razão aparente, a filha do presidente que vai se despedir do pai de maneira emocionada, o cientista que não vê o pai há séculos, o velho pai que não vê o filho também há tempos (e os problemas entre pais e filhos continuam pipocando por toda a parte), o maluco que vai ficar pra ver tudo explodir, o assessor do presidente que é mau caráter, os velhinhos que não vão se salvar, o sortudo anônimo que se salva sem querer... Enfim, os clichês fazem parte do show. O interessante nesse filme é que a cada dose de chavão, vêm duas doses de crueldade. Talvez por acharem que as atenções estão voltadas para o núcleo principal, os roteiristas são implacáveis com quem está em volta. O resultado é inesperado: os personagens periféricos são mais críveis e seus sofrimentos mais alcançáveis.
Nessas histórias sempre temos o ganancioso que vai ferrar alguém pra se dar bem. Aqui, o ganancioso é um personagem impagável que vai ter um fim tão impagável quanto. É impressionante a maneira tão bem orquestrada que o roteiro encontra para guiar para a tragédia esse personagem tão curioso. Também sempre temos o gaiato. Aquele que se grudou no núcleo principal por osmose. Ele sempre tem uma habilidade essencial para dar seguimento ao grupo, mas todos sabemos que ele vai morrer. E aqui, a morte dele tem um impacto impressionante e uma simbologia quase sarcástica. O pobre Gordon, atual marido da ex-mulher do nosso herói, é esmagado pelo destino que lhe é reservado. Também sempre temos o “coadjuvante de quinze minutos”. Geralmente esse personagem é um motorista ou piloto, ou guarda, ou bombeiro... Enfim, depende da necessidade dos nossos heróis. Aqui, ele existe, tem função dramática, fica quinze minutos sendo o foco principal e morre numa piada macabra que nos deixa sem fôlego. Lá em cima falei dos “velhinhos que não vão se salvar”. Pelo menos nesse filme eles não são um casal. São dois amigos. E numa versão sombria do Poseidon eles se despedem numa cena realmente assustadora. Agora, sem dúvida nada nos faz torcer e sofrer tanto quanto os caminhos que são traçados pela pobre Tamara. Geralmente os gananciosos têm uma namorada fútil. Faz parte do estereotipo. E Hollywood não vive sem eles. Há sempre dois caminhos para se lidar com esse tipo de papel: ou ela é uma fútil mesmo que vai ter uma função maligna na história junto a seu rico amado, ou ela é uma incompreendida emocional que não teve muitas escolhas, mas que no fundo tem um bom coração. Um bom exemplo do que estou falando é a namorada de Lex Luthorem SupermamReturns. Pois bem, aqui a segunda opção é escolhida. O destino trágico e cruel dessa personagem, visto em cores e gritos pelos espectadores, é o ponto em comum em todos que vêem e falam sobre o filme. As ações mais humanas partem dela. E no entanto, o roteiro mantém sua linha de implacabilidade e a elimina numa das cenas mais incômodas do filme.
É curioso notar que de tantas linhas escritas até agora, poucas dizem respeito ao fator que parece ser tão determinante no julgamento do longa: os efeitos especiais. Eles estão lá. Impressionantes. Os mais impressionantes de toda a história do cinema, sem dúvida. As seqüências do afundamento da Califórnia beiram o sobrenatural de tão perfeitas. É realmente lindo. A partir daí, tudo só se complementa com esse início apoteótico. Temos a impressionante erupção do vulcão, a nuvem de fumaça que varre tudo que encontra, a tsunami que devasta o país, os continentes afundando, as arcas... são tantas que não dá nem pra citar. E absolutamente todas são perfeitas e inacreditáveis. Por sorte, o humor também faz parte dos cataclismos hollywoodianos. É uma piada que o presidente seja amassado justamente pelo porta aviões chamado John F. Kennedy. Que o comando de voz de um carro importado salve a vida dos personagens principais. Que o homem diga pra mulher “tem sempre alguma coisa que nos separa” e uma fenda imensa se abra no chão entre eles. Que depois que o eixo da Terra se altera, todos descubram que o único continente que se elevou e não sofreu inundações (tornando-se o único possível de ser habitado) é o africano. Mais um souvenir do roteiro de Roland, que parece ansioso em demonstrar que tem consciência política e social. Ele não faz isso tão bem quanto o Distrito 9 de Peter Jackson, mas também não faz nada de que possa se envergonhar.
No fim das contas, 2012 é um exercício de envolvimento e crença. O que é irônico, já que acreditar no fim do mundo segundo o calendário de uma civilização perdida depende da fé única e essencialmente. Fé essa que Roland Emerich não parece ter em exatidão. Durante o filme, ninguém menciona em momento algum o dia em que se passam os eventos principais. Portanto, não confirmando a data de 21 de dezembro. Há apenas um sentimento ambíguo de absurdo ceticismo (se você, no ano de 2012, começasse a sentir pequenos tremores todos os dias, ia continuar achando que tudo é coincidência?) e total incompreensão. Em um dos muitos momentos em que o espectador se pergunta como seria se tudo aquilo acontecesse, uma fala do personagem de Oliver Platt resume o quanto isso seria sarcástico e ao mesmo tempo, ameaçador:
- O pior é saber que os malucos que seguravam cartazes sobre o fim do mundo em todos esses anos, estavam certos.
Ihh... sei que estou devendo um post decente faz tempo. Deixei de falar sobre muita coisa relevante, mas tem sido difícil ter tempo para ir a lans house. Ainda sou um ser humano privado de internet residencial. No entanto, o mundo pop não está ajudando muito. A gente entra em portais que se julgam muito importantes no cenário nacional e dá de cara com isso:
Alface? Mirella Santos vai a churrascaria e dispensa carne
Ontem no TV Xuxa (assumo gente, eu vejo o programa dela até hoje... certas coisas a gente não explica) o cara responsável pelo pessoal do Doutores da Alegria foi dar uma entrevista e falar sobre o trabalho. Lá no minuto 2:02 desse vídeo, ele chama ao palco um grupo de teatro que transformou tudo em espetáculo. O esquete que eles apresentam é mais musical, mas tem tanta ternura, beleza, teatralidade e sensibilidade que eu não resisti a divulgá-lo aqui.