POR ÁGUA ABAIXO
Injustiçada animação que passou despercebida pelos cinemas... Quem se deu ao trabalho de dar atenção à ela, conseguiu divertir-se a valer durante o pouco tempo que ela dura.
Mais do que o espírito aventureiro que a história tem, o mérito dessa animação é a própria animação! Apesar das massinhas originais terem sido preteridas em função das muitas cenas com água, o filme tem o mesmo espírito artesanal que trabalhos anteriores como "A fuga das Galinhas".
Temos, no subterrâneo, uma cidade como Nova York, exatamente igual a da superfície e as pequenas tomadas do cotidiano dela são de valer o preço de qualquer ingresso. E isso sem falar nas lesminhas que fazem intervenções hilárias durante todo o filme!! Quando o personagem principal se vê numa situação de solidão absoluta, ele olha pro lado e as lesminhas estão cantando na janela pra ele: "lonely, I'm Mr. Lonely... i have nobody for my own".
É um momento inesquecível!
BABEL
Novo mosaico do Alejandro Inárritu. Depois de "21 Gramas" e "Amores Brutos", o diretor mantém a casualidade dos encontros, ameniza a visceralidade dos conflitos e com isso, faz um filme covarde!
Quatro histórias se conectam através da dificuldade de comunicação entre as pessoas (vide o título). Mesmo que seja uma comunicação metafórica, como a comunicação entre pai e filha, ou mesmo a dificuldade comunicativa literal, como a do homem americano que precisa salvar a mulher que levou um tiro e está no meio de uma cidade estrangeira.
As quatro histórias são muito tensas e vão te conduzindo a um clímax absoluto... que infelizmente não vem! Existe até um certo mérito em não provocar finais bombásticos pra chocar as pessoas, mas Alejandro não consegue traduzir isso muito bem e fica aquela sensação de que algo deveria ter acontecido... e não aconteceu. De certa forma, apesar de as dificuldades comunicativas estarem muito bem retratadas, as consequências delas são amenizadas pela poesia e o filme perde um pouco sua força.
De todas as histórias, a dos dois garotos marroquinos é a melhor pra mim. A da ama que atravessa a fronteira com duas crianças americanas poderia ser inesquecível, mas não é. A do marido que precisa de ajuda estranha pra salvar a mulher não poderia ser mais do que foi e a garota japonesa cheia de conflitos internos é bela, porém nada marcante.
Mesmo assim, é um bom filme.
AS CRÔNICAS DE NÁRNIA
Fiquei dizendo pras pessoas que iria ler o livro antes de ver o filme!
Acabou que meu namorado chegou com ele em casa e eu acabei vendo. Não perdi muita coisa no livro... Lewis é tão corretinha que dá medo!!
A adaptação, segundo eu soube, é fidelíssima! A história é até bem bolada e a primeira sequência do filme entre a garotinha e o fauno Tummus é muito boa. Cheia de tensão!
Depois, o filme descamba pro previsível! O visual é lindo! A Nárnia gelada é muito mais interessante do que a versão ensolarada!
O roteiro tem umas coisas meio sem explicação, como o fato das três crianças terem ganho cada um uma arma e isso não ter sido explorado nem 10% do que poderia ter sido.
E o Leão Aslan é um chato!!!
Mesmo assim vou ver o segundo filme... Vamos ver no que dá.
O GRANDE TRUQUE
"O segredo de todo bom truque é desviar a atenção do espectador"
Todo mundo sabe que esse é o mantra de todo mágico. E no belíssimo "O Grande Truque", o diretor Christopher Nolan vai fundo nesse conceito. Se você perder os primeiros trinta segundos do filme, e que são aparentemente sem importância, você deixa de experimentar a maravilha que é desvendar os segredos desse roteiro.
O filme todo é assim: um grande e delicioso exercício de atenção. O tempo todo o filme vai e vem na narrativa e vamos sendo conduzidos à completa confusão. No entanto, tudo na história é intencional e até isso é um artifício pra que o público entenda a maneira como a cabeça desses mágicos funciona.
O novo Batman, Christian Bale, está divino! Ofusca o Senhor Wolverine, Hugh Jackman, o tempo todo!
E temos Thon Yorke cantando no final... ou seja, imperdível!!
LETRA E MÚSICA
Fico pensando na cara da Drew Barrymore e mais ainda na cara do Hugh Grant, quando recebem roteiros de comédia romântica... No caso dele então... é um coitado! E talvez seja por isso mesmo que nesse despretensioso "Letra e Música", o pegador de profissionais do corpo acabou indo até bem.
No filme, ele vive um cantor decadente dos anos 80 que vive até hoje de animar festas ploc! No fundo, Hugh entende bem como é quando não te dão oportunidade de explorar seu talento em outras vertentes. Deve ter sido traumático pra ele... Ele está envelhecendo e daqui a algum tempo nem comédias românticas ele vai conseguir fazer mais.
O fato é que ele está muito interessante no filme. As cenas de seus shows em quermesses e feiras são hilárias. Até porque, mesmo decadente, ele jamais perde a pose.
O filme tem uma receita infalível! História de superação regada a romance e risos. Drew vive mais uma estabanada, pra variar, e ainda temos uma personagem que seria uma espécie de cover da Britney Spears que simplesmente garante o filme!
Assista sem medos.
Só o clip da canção "Pop" já vale o ingresso!
APOCALYPTO
Falou-se... falou-se.... falou-se... E eis que assisti o filme novo do Mel Gibson e não vi nada demais. Só muito sangue, né? Como sempre...
É uma competente, embora violentíssima, reconstrução das civilizações antigas. Mas isso. Apenas isso.
AS INVASÕES BÁRBARAS
Sabe quando a mídia te pressiona tanto pra gostar de uma coisa que você fica quase sem saída pro seu próprio senso crítico? Esse filme é um exemplo.
Cultuado, premiado e adorado! Mas eu fiquei com aquela sensação de que perdi alguma coisa... precisava de alguma referência... carecia de alguma informação, pra poder entender esse filme em toda sua grandiosidade.
É um filme bom. Tem roteiro bom. Atores bons. Textos bons... Enfim.... Mas eu insisto, devo ter me perdido nessa questão sócio-política criticada ou homenageada no filme (não sei bem) e que engordou as boas críticas... porque não consegui captar muito disso, não.
Fiquei foi mais impressioado de ver um monte de gente cultuando a personalidade egoísta de um homem que passou a vida traindo, mentindo e se distanciando dos que o amavam. É bem certo que nem tanto, já que haviam muitos o consolando... mas o fato é que não deixa de ser interessante ver um homem ser cuidado por sua esposa e várias amantes. Pelo menos ele não era homofóbico, já que tinha um amigo gay. E tinha algum senso paternalista.
A idéia da droga funcionando pra ele como alívio e que o aproxima da viciada filha de uma de suas amantes, é a melhor coisa do filme pra mim. Os diálogos dos dois são os melhores e os únicos que eu consegui desvendar em sua genialidade.
Enfim... Acho que vou ver de novo daqui a uns anos.
Quem sabe o que falta seja maturidade?
NOTAS SOBRE UM ESCÂNDALO
Vamos resumir??
Cate Blanchet está correta e Judi Dench dá medo de tão asqueroza.
Fora isso, o filme é uma crescente de tensões que termina sem clímax. Uma frustração. Eu não queria mortes e cabeças rolando, não é isso, mas eu queria mais do que aquele fim amedrontado (como se o diretor temesse o clichê) e aquela cena "redentora" humilhante da ótima personagem de Judi reprojetando suas frustrações psicóticas em outra pessoa.
MAIS ESTRANHO QUE A FICÇÃO
Tem uma canção do desconhecido Nik Kershaw que devia ter entrado na trilha desse filme: "fiction". Provavelmente nem o próprio diretor conhecia o tal, mas o fato é que essa "comédia" nos lembra a loucura metalinguística de Kauffman, mas tem um adendo saboroso do descompromisso com o excêntrico. E torna tudo muito mais agradável e menos pretensioso. Pra mim, que escrevo também, a dinâmica da relação entre criador e criatura foi de uma digestão fácil e suculenta. E isso sem falar na viagem muito engraçada de um personagem tentando se reconhecer dentro da própria história, especulando se é um herói, um viláo, se está numa comédia ou num drama.
Will Ferrel é meio abobalhado como sempre. Emma Thompson maravilhosa como sempre. Queen Latifah coadjuvante como sempre... e apesar dessas obviedades (como o desfecho do roteiro), o filme é uma delícia.
Ah, e ainda tem a trilha sonora... Não tem Nik Kershaw, mas é bacana mesmo!
LARANJA MECÂNICA
Lá fui eu assistir o tal filme do Kubrick. Tenho uma certa implicância com a unanimidade a respeito do cara... E 2001 sempre me pareceu pretensioso. Pra tentar corrigir isso, peguei o clássico em questão. O início já é bem Kubrick! Malcon Mcdowell num visual andrógino, uma cara meio psicótica (o que pra ele não é difícil, basta vê-lo em Calígula ou mesmo na aparição inusitada em "Heroes") e uma estética esbranquiçada que permeia toda a película. É tudo muito válido, eu sei. E apesar de a história não ter nada de novo pra nós agora, na época devia parecer bem transgressor desafiar as medidas de contenção da violência que determinadas vertentes sociais pareciam defender. Kubrick envolveu de estética própria um roteiro simples, ao menos pra mim, e levantou uma tendenciosa retórica: pra curar a violência vale lavagem cerebral? E se não vale, vamos deixar tudo voltar a ser violento? Ele não responde nada, óbvio. Cabe a nós, como todo bom diretor renomado gosta de dizer. O fato é que as intenções críticas dele ficam claras, a estética própria também fica, sua minúcia como diretor também... tudo fica claro, mas não me alcança como aos outros. E isso até me deprime... Taí! Será que alcança mesmo ou reconhecer os méritos dele é o que todos nós temos a obrigação de fazer?
O ILUSIONISTA
Ótimo filme! Embora sofra dos recém chegados novos clichês do gênero: época, mistério, herói incorreto e final surpreendente. O filme teve a infelicidade de ser copiado pela novela global "O Profeta", com Tiago Fragoso dando uma de Edward Norton e Paola Oliveira dando uma de Jéssica Biel.
O filme tem momentos incríveis, como quando o mágico começa a fazer aparecer espíritos entre as pessoas! Mas sem dúvida, meu querido Paul Giamatti é que rouba a cena.
HOLLYWOODLAND
Tá vendo a cara de Ben Affleck do Ben Afleck? Pois é, é só no pôster!
Rufem os tambores, porque é a primeira vez que o pobre coitado consegue se livrar da cara de galã que o persegue. Não importa se ele é o blasé "Demolidor", se é o nerd do "Procura-se Amy", se é o herói do "Pearl Harbor" ou mesmo se é o anjo caído de 'Dogma". Ele é sempre o mesmo... Tá, vá lá. Eu gostei do anjo em "Dogma".
Afleck vive um personagem real, e se assemelha incrivelmente ao finado George Reeves, astro que viveu o Superman na série de TV e nunca conseguiu provar seu talento além disso. Embora o filme tenha lá suas licenças poéticas, é bom! Também não resolve nada, o que é chato e acaba provocando em quem assiste uma curiosidade que resulta numa avalanche de buscas no google sobre o assunto.
Afleck é bonitão, sempre achei. Mas nesse filme, ele se supera e se não fosse pelo
ator judeu de "O Pianista" (sempre confundo o nome dele com o do Seth de "OC"), querendo mostrar que é talentoso a cada duas falas, o filme seria perfeito!!
UM BEIJO A MAIS
Quer saber porque eu peguei esse filme? Nâo foi por causa da Rachel Bilsson (eterna Summer), muito menos por causa do Zach ou do fato de ele ter alguma ligação com alguém envolvido em "Menina de Ouro".
Esse é o típico caso do "filme que é melhor no trailler que na íntegra". Tudo bem que num estágio cinco, mas ainda assim é.
A belíssima canção "Chocolate", do Snow Patrol, é que ambienta todo o trailler e eu sou louco por essa música!! A letra é linda e até que tem a ver com o filme.
O filme é bem humorado, inteligente, não cansa e tem boas performances. É um pouco machista.. não, é até bem machista! Só que disfarça isso naquele discurso de superação e descoberta dos próprios erros. O homem pode ser cretino ao extremo, desde que depois tenha um gesto romântico condizente com seu novo grau de maturidade recém-descoberto. E no fim das contas o grande problema do filme é Zach Braff tentando ser levado a sério. E ele não dá.... não dá pra levar a sério.
HORA DE VOLTAR
A crítica no 'Omelete" que eu li sobre "Um Beijo a mais", citava o primeiro filme escrito por Zach Braff: esse tal de "A hora de Voltar". Sou um cinéfilo aplicado e peguei o filme pra conferir. Nada demais... História de superação de novo! Rapaz de cidade pequena vai pra cidade grande, mãe morre e ele volta pra cidade pequena pra descobrir que seus fantasmas ainda o atormentam. A diferença é um texto decente, Natalie Portman maravilhosa (pra variar), Peter Saarsgard lindo de viver e uma trilha sonora irresistível.
SERPENTES A BORDO
Filme de terror louco, sanguinolento, frenético, inverossímel e hipnótico. Preciso dizer mais alguma coisa? Ah, sim.... preciso. Ele assume isso! Diversão honesta.
E a idéia é boa... cobras num avião? Imagina se fosse com você?
AS TORRES GÊMEAS
Tudo que diz respeito ao 11de Setembro me atrai... Deve ser aquela curiosidade mórbida que faz com que tantos filmes catástrofe façam sucesso ou que provoca a boa audiência do 'Linha Direta". O fato é que loquei o filme só por causa disso! Não estava interessado no diretor, nos atores.. em nada disso!
Sob esse aspecto o filme deixa a desejar. Tirando a angustiante sequência da queda das torres vista de dentro delas, o resto não mostra mais nada. São dois pontos muito intensos: a queda da torre, quando um grupo de bombeiros fica preso e depois, a queda da outra torre, quando um dos três que sobreviveram à primeira queda, fica esmagado no concreto e morre diante dos olhos dos outros companheiros. E é uma história real... o que torna tudo mais dramático.
Mas é exatamente o fato de sabermos que os dois vão sair dali vivos que torna o resto filme maçante. Imagina mais de uma hora de filme vendo Nicolas Cage e o cara do "Crash" em closes brutais (já que o espaço é claustrofóbico) conversando sobre seus medos e suas famílias? O diretor até tenta dar um ânimo, contando as histórias paralelas dos bombeiros que salvaram os dois últimos seres vivos a saírem daqueles escombros, mas não empolga.
O filme é legal... Muito mais porque conta a história que conta, do que por qualquer outro fator artístico.
E 11 de Setembro é sempre angustiante.... Sempre!
TURISTAS
Filme se passando no Brasil?? Isso mesmo!! E embora a geografia seja um pouco confusa, a produção se passa mesmo no Brasil!! E mesmo numa curta resenha como esta, óbvio que não dá pra não falar da polêmica em torno da imagem vendida do nosso país. Temos um curioso espírito patriota, já repararam? Alguns de nós cruzam os braços pra uma infinidade de tragédias sociais noticiadas em torno do mundo e por vezes até demonstramos repúdio ao nosso território nacional com comentários do tipo "O Brasil é uma merda" ou "Esse país não vai mesmo pra frente...". No entanto, no futebol e na música exalamos um inexplicável senso de amor a pátria!! "Turistas" não é um filme dos melhores, mas também não é essa ofensa ambulante que a mídia propagou tanto assim... Eu mesmo só fiquei ofendido com o pobre do índio que virou capanga do vilão. O resto, perfeitamente comum ao filme de terror, um gênero que não ultrapassa camadas e trabalha apenas com o esteriótipo. E isso, independente de onde ele se passa. Imagina se todo americano ficasse aborrecido quando destroem Nova York nos blockbusters do verão? E "Turistas" capenga mesmo é de um bom e coerente roteiro. Um roteiro que não tenha um vilão com motivações absurdas pra matar as pessoas, um monte de brasileiros sabendo falar inglês como mágica e um excesso de cenas em cavernas aquáticas que são chatérrimas!! E mesmo com polêmicas e falhas, o filme ainda tem um lado bom: ele não atropela a sí mesmo. Tudo acontece num tempo adequado, sem pressa. Tanto que o tema principal do filme, os assassinatos pra tráfico de órgão, se concentra numa ação única e não permeia toda a fita. Os roteiristas fizeram o dever de casa e temos clássicos maneirismos brasileiros expressados na tela, como o açaí, a pixação no busão e por aí vai...E tem a trilha sonora.. dá até um certo orgulhinho ouvir o D2 e a Adriana Calcanhoto tocando no filme e saber que todo mundo ouviu-os lá na terra do Tio Sam. O filme não é bom... mas foram xiitas demais com ele.
FÓRMULA FATAL
De vez em quando eu vou à locadora com meu namorado. Quase sempre, ele confia no meu gosto cinematográfico e eu é que acabo escolhendo o filme. Óbvio que levo o gosto dele em consideração às vezes e isso explica alguns filmes de ação e comédia que aparecem nessa lista. Esse tal de "Fórmula Fatal" foi um dos que ele escolheu sozinho. E lá fui eu assistir junto pra demonstrar que não monopolizo nossas seções.
Uma coisa me chamou a atenção: a capa diz que é do mesmo diretor de "A Bruxa de Blair", um filme que eu venero pela sua simplicidade e força. Ótimo, eu já tinha mais um estímulo. Passados trinta minutos eu já entendia porque o filme nem pro cinema foi. Uma seita religiosa descoberta sem querer por dois paramédicos que acabam sendo capturados é até uma idéia promissora. Mas o roteiro cai nas obviedades do gênero. Já sabemos que um deles vai se corromper, que o outro vai fazer tudo pra fugir mas vai acabar voltando pra salvar o amigo, que algumas tentativas de fuga vão rolar, que a criancinha abandonada "é a chave", que o vilão vai falar todas as suas loucuras em tom de professor.... enfim. No entanto, com todas essas obviedades, esse filme tem um ponto positivo realmente admirável: o final é exatamente tudo aquilo que você não espera. Ou que pelo menos eu não esperei.
DÉJA VU
Adoro filmes de viagem no tempo!!! Embora as saídas dos roteiristas serem sempre as mesmas, eu adoro mesmo assim!!
E o que mais posso dizer sobre esse trabalho? Denzel faz cara de poucos amigos de novo. É aquela história: policial solitário, mal encarado, hiper competente com um charme neanderthal típico. Todos sabemos que ele vai beijar a mocinha.
Ainda temos um Jin Caviezel quase mudo e me fazendo lembrar de como todos foram injustos ao esquecerem a interpretação tão bonita que ele deu ao Jesus do Mel Gibson.
Fora isso, um belo filme de ação. Muito bem feito mesmo. E a sensação de "deja vu" mesmo... passa batida.
DIAMANTE DE SANGUE
Sabe aqueles filmes que te dão um nervoso que dá vontade de gritar? Esse é um deles. Roteiro impecável e uma crescente de tensões que faz bonito na tela.
Os comentários em torno do filme se davam por conta de mais um bad boy vivido pelo DiCaprio. O tempo passa... passa e ele continua com cara de moço. Mas Leo se esforça!! E aqui ele interpreta um contrabandista de diamantes que salva o filme da mesmice do gênero. A catarse se dá por conta do ator negro de nome impronunciável, que busca pela família perdida após sobreviver a um ataque em sua aldeia. E toda a crítica em torno da escravidão pra extração de pedras preciosas gira em torno desse homem. Observadas pela repórter incisiva e pelo contrabandista ambicioso que só quer pra sí a pedra gigantesca e avermelhada que torna ambíguo o título dessa película angustiante.
É impossível não prender a respiração quando vemos a incrível sequência em que o escravo e o contrabandista estão sob a mira de um revólver apontado pra eles por uma das vítimas da torpe lavagem cerebral executada pelos detentores do poder bélico daquele país. E é uma vítima peculiar. Numa atitude completamente inesperada. E um show de interpretações!
Um filme belíssimo!! Inesquecível. E vamos admitir... o Leonardo é um bom ator, porque só um bom ator conseguiria tornar tocante o final tão comum que deram a seu complexo personagem.
DREAMGIRLS
Lá fui eu querendo saber porque a Jennifer Hudson tinha ganho aquele Oscar. Todo mundo dizendo que ela não merecia e tal... e eu quis conferir. Não sou muito chegado em musicais, mas com pra esse aí eu tive que tirar o chapéu!! Maravilhoso!!!!
A começar pela direção! Ágil, competente, segura e estimulante. Nada de embromação! Tudo acontece num ritmo esfuziante, como numa montanha-russa onde você tem que se segurar pra perceber a experiência. E gritar junto! As canções são perfeitas!! E é impossível não ficar com aquele desejo contido de levantar e arriscar uns passinhos também. No entanto, é óbvio que estamos num filme sobre a indústria da música e isso sem dúvida inclui aí umas traições e puxadas de tapete e é isso que dá o tom dramático do filme.
Eddie Murphy consegue não ser só palhaço, mas nada que lhe fizesse merecer aquela indicação. Jammie Foxx está muito bem, mas não sei porque não vou com a cara dele. Já a esquálida Beyonce começa o filme sem dizer a que veio, mas se salva nos momentos finais quando se rebela contra a manipulação que sofre. Agora, sem dúvida, é Jennifer Hudson que dá o tapa na cara daqueles que a reprovaram no "American Idol". Dá até pra entender porque ela se entendeu tão bem com o espírito de Effe White. A personagem é irresistível em toda sua ímpáfia, egocentrismo, ingenuidade e talento. É bem verdade que a cena em que ela canta aquela canção completamente Chico Buarque, descabelada, gritante, num desespero que beira a epilepsia, me deixou um pouco desconfiado. Ali ela ganhou o Oscar, mas se dependesse de mim, tinha perdido. Emoção não é exagero e embora eu entenda a intenção, a execução foi um tom acima.
Mas isso não prejudica o filme que se encerra com louvor e até provoca lágrimas nos mais sensíveis (eu e meu namorado, por exemplo).
JOGOS MORTAIS 3
Eu sei que ninguém acompanha essa críticas que faço. No fundo, elas servem mais pra que eu registre na minha memória as impressões que tive de algumas obras que tenho a chance de conferir. Mesmo assim, talvez seja legal lembrar que o primeiro filme dessa "trilogia" me agradou bastante. A idéia de um assassino que não era um assassino era no mínimo respeitável. O roteirista Leigh alguma coisa, que no filme interpreta o fotógrafo Adam, tinha tido uma idéia boa mesmo: criar um serial killer que colocava as pessoas em armadilhas que lhes dava uma chance de viver, desde que se sacrificassem pra isso, seja matando alguém ou mutilando a sí mesmo. E deu a sua criação uma motivação coerente também: Jigsaw só capturava pessoas que tinham aproveitado mal aos olhos dele, a vida que tinham pela frente e que ele, canceroso, não tinha mais. E o primeiro filme tem uma sequência histórica: Cary Elwes serrando o próprio pé pra se salvar e assim salvar a esposa e filhos.
Estamos numa era de sadismo e o filme foi um sucesso. A mente doentia de Leigh havia criado um filão novo e lucrativo. As sequências eram inevitáveis. O cambaleante "Jogos Mortais 2" veio à toque de caixa e roteirista apaixonado tentou com todo esforço manter a coerência do que tinha criado. Traçou uma mitologia que envolvia Amanda (a única que sobreviveu aos jogos de Jigsaw) e levou os fãs de volta ao cenário do banheiro do primeiro filme. Mesmo assim, o filme perdeu todo o prestígio que conquistou.
Agora, Leigh parece ter decidido que os caminhos que traçou pra sua criação chegaram ao ponto culminante e veio com esse surpreendente "Jogos Mortais 3", que fecha um ciclo funcionando com uma trilogia e que além de muito sangrento e perturbador, é também, vejam só, muito emocional.
Leigh foi inteligente, deixou que Amanda e as motivações de Jigsaw fossem o centro de tudo. Ele, sempre dá aos seus jogos uma chance de a vítima sobreviver e provar seu amor à vida. Ela, Amanda, subverteu as regras e decidiu que todos merecem morrer!
Não dá pra falar muito sem estragar as surpresas do roteiro. E são muitas. E os méritos delas nem precisam ser discutidos. O que impressiona nesse filme, é como Jigsaw com toda sua frieza diante da dor humana, tenha razão numa coisa: o ser humano nunca aprende. E quando aprende é a errar diferente.
O triste é que parece que os executivos não perceberam a intenção de Leigh. Vem aí "Jogos Mortais 4", o primeiro sem a mão dele como roteirista. E Jigsaw vai se tornar imortal não pela sua psicologia peculiar, mas porque vai se tornar simplesmente um vilão de filmes de terror, daqueles que nunca param e nunca morrem.
A RAINHA
Se ela mereceu o Oscar? Sim. Se a Rainha é uma cretina? É. Se a Diana se meteu onde não devia? Sim e não. Se o Tony Blair é um "maria vai com as outras"? Muita coisa!!!!!!
Não há muito o que se dizer desse filme. O valor dele está nesse retrato contundente da família real e tudo que os cerca. Está na ironia que foi o sucesso de Diana diante de um protocolo distanciado e frio que foi propagado durante tantos anos pela monarquia britânica. O filme mostra o quanto a morte de Diana foi o riso na cara da nobreza. Um grande filme. Claro. Mas como todo filme baseado numa história real, carece de fantasia e isso às vezes é chato. Tem horas que dá vontade de ver uma cena entre Diana e a Rainha Mãe onde uma estapeie a outra. Mas tudo fica sob aquele ângulo blasé que é bem característico e seguro. Quando o filme acaba, você dá uma respirada, pensa na Diana, lamenta sua morte, desliga a TV e vai lavar a vasilha da pipoca sem maiores comoções.