Tenho em mente a escrita de posts sobre os seguintes assuntos:
1. O quase um ano de namoro entre o Gustavo e eu.
2. O dia em que eu e ele fomos parados pela polícia.
3. A crítica ao CD do Keane.
4. Outras críticas de filmes.
5. Algumas críticas de séries.
6. O encerramento do II Festival de Teatro aqui da cidade.
7. O clima de fim de ano e o fechamento de determinados ciclos.
Infelizmente, faltam-me tempo e disposição pra escrever tanta coisa assim no tempo do qual disponho. Vou torcer pra levar alguma coisa adiante nos próximos dias.
See you soon...
ATLANTIS
É uma pena que eu tenha que começar as minhas pequenas resenhas literárias com um livro tão ruim...
A obra de David Gibbins é no mínimo... confusa.
Já começa errando na propaganda: na contra-capa temos algumas daquelas frases retiradas de criticas de jornal e revista. Uma delas diz que "os leitores de Dan Brow vão adorar". E daí?
Também não gosto muito do Dan Brow e talvez por isso Atlantis tenha me descido tão mal, mas eu acho que nem mesmo os súditos do Sr. Código Da Vinci vão apreciar essa estapafúrdia história sobre o reino perdido de Atlântida.
O primeiro item na lista de equívocos de Gibbins é o plágio! O livro fica o tempo todo à sombra de Dan Brow. O tempo todo em busca de uma estrutura parecida e nesse intuito, não mede esforços: temos o especialista em artefatos se envolvendo com uma estudiosa charmosa e estrangeira que tem até mesmo (pasmem!), uma ligação também genética com um dos personagens chave da história.
É como se Dan Brow usasse a fórmula e Gibbins fizesse uma reciclagem dela. O resultado é risível! Em momento algum dá pra acreditar naquele enredo tosco que mistura a descoberta do protagonista e uma pseudo perseguição sofisticada demais que não aumenta a adrenalina de ninguém (coisa que Brow, pelo menos, conseguia fazer).
Outro deslize absurdo é a falta de olhar externo do autor. Gibbins é um arqueólogo respeitado. Óbvio que escritores acabam sempre escrevendo sobre aquilo que conhecem melhor, mas Gibbins não tem o menor senso comercial e afunda seu livro num oceano de chavões técnicos e descrições de equipamentos que soam quase uma piada proposital de seu autor. São páginas e páginas de uma empolgada homenagem a todo aquele aparato que deve ser o delírio de qualquer especialista como ele. No entanto, pros leitores é um saco. Parece um manual de instruções. E ao passo em que as descobertas vão sendo feitas, o entusiasmo do autor vai se tornando cada vez mais injustificado, visto que sua despreocupação em tornar aquele trajetória próxima dos leitores faz com que nada daquilo que maravilha os personagens seja importante pra quem está lendo.
A frase "uma descoberta que mudará o curso da humanidade" é repetida inúmeras vezes e perde o sentido a cada vez que é proferida. Gibbins chega a um extremo tão grande de asnice que, numa ingênua (só pode ter sido ingenuidade) virada na história, aniquila completamente tudo que foi descoberto, tornando aquela "mudança toda na humanidade" uma história sem próposito maior ainda.
Ah, e tem a história... Comecei a ler o livro empolgado em saber mais sobre até onde era verdadeira a história de Atlântida. E pouco se fala na civilização em sí. O livro é uma saga em busca do que restou dela. E depois de capítulos e capítulos explicando procedimentos e eventos naturais, chegamos à conclusão que a cidade não era um metáfora como se pensava e muito menos um segundo nome pra uma outra civilização realmente comprovada que situava-se próxima e que foi destruída pela erupção do Thera, que provocou uma grande tsunami que inundou a ilha.
Jack Howard (outro Jack... o que os americanos tem com esse nome?? Deve ser alguma espécie de mensagem subliminar... Os heróis de toda coisa de sucesso se chamam Jack) descobre a civilização perdida nos domínios de um vulcão. Temos boas descrições de santuários e tudo mais... Mas as relações vazias entre os personagens são muito entediantes. E pior ainda é quando Gibbins tenta estreitá-las. A cena em que Jack e Katia se beijam é sofrível e mais ainda é a que Jack e Costas trocam juras de amizade eterna.
Enfim... tudo é muito ruim. Até mesmo a opção da editora em situar os diálogos dentro dos parágrafos, só separados por àspas, e que torna a leitura visualmente maçante.
Poderia ser um grande livro se, ironicamente, ele tivesse MESMO copiado a fórmula do Código Da Vinci e aproximado o público de uma realidade onde o mais importante que descrever a técnica que leva à revelação, é preparar tudo pra que aquilo seja revelado. E envolver o leitor em uma expectativa narrativa. Atlantis não nos envolve em nada. E toda a mágica e mistério que envolve a civilização perdida, se perde numa emaranhado de jargões desnecessários que visam somente mostrar o grande conhecimento de David Gibbins na área que o graduou.
Uma pena.