Bichices nos meus mais triviais gestos de emoção...
Nunca houve alguém que eu amasse tanto.
Nunca houve pessoa que eu quisesse mais fazer feliz do que você. E acredito que você também me ame mais do que amou qualquer pessoa e sei que me provou isso com todos os seus sacrifícios pra estarmos juntos.
Mas acho que estar junto não é o limite para a conquista e ninguém se sente carente ou faz cobranças, se não tiver alguma razão pra isso. Ela pode não ser clara pra você, mas existe.
No entanto, acho que nenhum relacionamento suporta cobranças, por mais que elas façam sentido, e acho que está na hora de fazer calar as vozes que justificam as minhas razões.
Se meu jeito hiper problemático de lidar com as minhas emoções é um obstáculo pra natureza prática que rodeia as boas relações, acho que é hora de um exame de consciência pra mudar isso. Suprimir essas fragilidades afeminadas e esse desejo de atenção infantil, e fazer algo de bom pelo nosso amor e pela minha mente atribulada.
Tenho consciência das minhas falhas e exageros... mas sinto saudades do tempo em que elas eram charmosas pra você. Sinto falta do tempo em que você me amava "também por isso" e não "apesar disso".
Não me interprete mal. Como se eu estivesse exigindo de você uma postura submissa. Diálogos pra mim não são feitos pra convencer os outros de algo, mas sim pra servir de voz pro que o outro tem a dizer.
Não concorde com o que eu sinto. Mas ao menos aceite que eu tenho minhas razões pra sentir. Eu mesmo estou me submetendo a admitir que está se tornando difícil conviver com as minhas constantes inseguranças regadas de conversas longas, lacrimosas e analíticas. E estou admitindo que isso pode causar desconforto em você.
Mas eu sou um animal sentimental, e não posso evitar ainda que eu seja um catalisador de sensações tão grande.
Não posso garantir, mas vou tentar.
Tenho sim, uma necessidade grande de atenção e como é característico dos artistas, sou dado ao dramático de um jeito mais acentuado que com os outros.
Mas sinto saudade do tempo em que não precisava ter medo de me mostrar pra você. Medo de ser bobo, infantil, mimado ou romântico. Porque você seria capaz de me ver por dentro e me perceber como mais ninguém.
Admito que chega uma hora em que cansa alimentar as vaidades e carências de alguém tão necessitado de atenção.
E compreendo você por isso.
Assim como se faz com as crianças, o beicinho na hora da raiva não pode impedir que a criança perceba que está errado e que precisa mudar. E o que está acontecendo agora é isso: eu continuo fazendo beicinho, mas você começou a me confrontar.
Então prometo que a era da pirraça vai passar.
Ás vezes acho que reconheço meus erros muito mais do que você. Mas também sei que isso é o que todo mundo pensa de sí mesmo.
Te amo com todas as forças do meu coração.
E o que está acontecendo é que eu fico tão preocupado em fazer essa relação dar certo, que não quero deixar nenhuma aresta pra aparar depois, nada pra dizer depois e nenhuma sensação calada por dentro de mim, por mais boba e insensata que ela seja.
Mas estou metendo os pés pelas mãos na minha ansiedade.
E não está mais dando certo falar sobre tudo.
Nada vai mudar quanto ao que sinto por você.
Te amo e te amo tanto que chega dói!
Deus sabe o quanto tenho dobrado meus joelhos pedindo a racionalidade que perdi quando comecei a amar você.
Quero fazer dar certo, Meu Rei.
Te amo demais pra poder viver sem você.
Um beijo.
Perdão,
Henrique.
Eu não sou muito fã do Zeca Baleiro...Mas coincidentemente eu ouvi hoje um trecho de uma canção em que naquela voz bêbada, ele dizia “ando tão a flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar”... Aí depois vinha a Gal Costa cantando pelo umbigo e deixava a música até bem bonita.Lógico que eu começar o post falando disso tem um link óbvio com a foto que vocês podem ver logo acima.Fernanda Vasconcellos imortaliza-se como a trágica Nanda.Manoel Carlos.Beijo de Novela que me faz chorar.Fernanda Vasconcellos.Nanda trágica.Morte de novela que me faz chorar...Associação de idéias engatilhada pelo Zeca Baleiro e a cantora de umbigo, Gal Costa.Esses últimos dias foram tomados pela imprensa discutindo: A conspiração em torno de Fidel. A violência em São Paulo. Os lucros recordes dos bancos nacionais. A filha lésbica da Gretchen e... A morte da Nanda, em “Páginas da Vida”.Eu gosto de novela.Adoro! E isso não é segredo pra ninguém.E pra todo bom cidadão que lida com arte e se dá ao privilégio de gostar de novela, O Maneco está aí pra nos presentear.Adoro Manoel Carlos! Adoro sua sensibilidade, inteligência e teatralidade.E adoro a maneira como ele me submete à emoção.Pararam todos pra ver a pobre da menina rejeitada pela mãe e pelo namorado, que morria como uma indigente e deixava os filhos ao léu.No entanto, mais do que isso, pararam todos pra ver como uma história simples pode ser eficiente se bem conduzida e planejada.Novela no Brasil, às vezes é uma piada!Se na Record existe um modelo “pirata” pro padrão Globo de qualidade, no SBT é pior e a única coisa que resta é uma bolorenta programação de novelas mexicanas e suas cópias brasileiras mal realizadas.Até mesmo a Globo, afoita por uma colocação dramatúrgica inalcançável, se atropela nos próprios conceitos e insiste em manter empregados autores falidos como Antonio Calmon ou Sílvio de Abreu.Aí saiu uma notícia de jornal que dizia que o Manoel Carlos sempre joga com o mesmo time e com a mesma estratégia, e por isso ganha. Nada que não seja feito pelo casting de autores da emissora, que repetem suas fórmulas de modo às vezes desafiador (vide Walcyr Carrasco). Mas que carecem, claramente, do mesmo conhecimento textual e panorâmico de Manoel Carlos, que apesar de ter como matéria prima os mesmos conflitos novelescos de praxe, possui uma capacidade admirável de polir seus personagens de acordo com a sociedade anônima que nos cerca e que é tão rica em ação e verbo.E se os vilões de Calmon ou Aguinaldo se sustentam pelas ações maléficas e “disneynianas”, os de Maneco possuem a mesma motivação egocêntrica, porém, com o adorno da palavra, que por vezes em trabalhos de Manoel Carlos, fere e impressiona muito mais.Quantas mães já não rejeitaram suas filhas grávidas?E quantas novelas já não retrataram isso?No entanto, quantas personagens como a Marta fizeram isso com uma eloqüência tão cruel e realista? E que só pode ser autêntica, visto que a reação pública é indignada e surpresa.E pra que se obtenha esse resultado, não há o que fazer senão planejar! Cada passo, cada palavra e gesto, que como na vida real, te conduz pra determinados desfechos. E que diferente das tramas que mudam de roupas e destinos ao bel prazer de seus autores inseguros, vão preparando o espectador pra um caminho único que tem natureza óbvia, mas imensamente coerente.E hoje, plugado no Globo Media Center, assistindo novamente às cenas que contavam de maneira fragmentada, a história da Nanda de Fernanda, eu não pude deixar de sentir um pesar quase real pela história daquela pessoa. Que como na vida “real”, teve cada passo, cada palavra e gesto, levando-a àquele destino único. Aonde cada e toda cena, iam preparando o que ela era e fazia pro momento em que sua vida chegaria ao fim (como tantas outras vidas chegam), deixando uma herança póstuma (como tantos deixam), para que outras vidas amadureçam (como tantas outras amadurecem).Nem sei o que me levou a querer escrever um post que começa falando de Zeca Baleiro, pra falar de novela e Manoel Carlos. É porque o troço me emociona mesmo! E como ator e artista, não posso fechar os olhos pra natureza sensível e poética da novela. Pra natureza trágica e profundamente triste da personagem da Fernanda Vasconcellos. Uma menina que foi atrás de um sonho, tropeçou e precisou reconfigurar suas expectativas e voltar a sonhar de novo. Que mesmo diante de comportamentos tão deturpados como o de sua mãe, tentou preservar alguma doçura a oferecer aos seres que gerava e oferecia ao mundo. Uma pessoa com uma história nada original, que com o advento da ficção, pôde desfrutar de um lirismo visual e sonoro que transformou sua história em beleza. Como tantos gostaríamos de fazer...Não sei se por ela, pela novela, pelo autor ou se pela flor da pele cantada pelo Baleiro e sua parceira de voz de umbigo. Mas alguma inspiração suave passou por mim diante daquelas cenas bravias. Algo belo e triste tomou conta do meu coração. Provocando aquela sensação infantil de choro magoado. Como acontece quando vemos o mesmo filme várias vezes, mesmo sabendo que vamos chorar. Aquele choro bem-vindo de homenagem ao belo.Talvez seja só porque vejo a personagem abraçada aos filhos na foto logo depois do parto e penso, “ela nem sabe que vai morrer daqui há minutos”... “e ela podia ser eu, ou qualquer um”.Ou seja o artefato habitual do drama que me possui mesmo numa novela brasileira subestimada.O fato é que há um efeito de pesar. Um grande pesar. E que causa admiração. Uma grande admiração.Por ter a chance de poder ver coisas que preservem a capacidade de se maravilhar. Uma tela. Uma canção. Uma imagem ou palavra.Ou talvez seja só porque ao ouvir a personagem dizer: “... doutora, você salvou meus filhos, por favor me ajuda, me salva também...”... eu senti vontade de chorar. Só isso. Pela tristeza dela. Sem vergonha.Por pensar: “podia ser diferente”. Mas não é. Como na nossa vida, não é.
Ostra's Creek, 01 de Junho de 2006
Oi Carmem!!
Nota de cabeçalho: tá, eu sei que tentar falar sobre o nível de distância entre nós é bobagem. Mas também seria bobagem ignorar que não dá pra deixar as coisas se perderem pelo caminho sem um único e inútil protesto!!!
E essa carta é um grande e desesperado protesto!
Volta e meia, no meio das atribulações do meu dia, eu me surpreendo com você passeando pelos meus pensamentos e reanimando o meu senso de obrigação. Escrever pra Carmem, escrever pra Carmem.... Um mantra confuso que não recebe resposta, mas também não se anula. E cá estou! Tentando mais uma vez.
E é tudo tão engraçado... São tantas as transformações e tantos os caminhos que deveriam ser listados pra ti, que eu sinceramente não saberia por onde começar e mesmo, se deveria começar.
Ficou tudo tão velho...
E novamente fico diante de uma contradição: o meu novo que torna-se velho e por ventura, inútil.
O que eu poderia te dizer?
O que eu poderia te contar?
Eu podia ser pragmático... Ok, então tá, vamos lá... Dividir toda a minha vida nos últimos meses em tópicos. Seria bacana? Não sei... A utilidade disso tudo me soaria fosca. Antes, naqueles tempos em que nossas vidas eram emaranhados de lágrimas e folhas de papel escrito, os meus problemas ou transformações seriam captados por você e discutidos em interessantes teorias comportamentais. Mas hoje... Hoje eu não sei. Falar de como minha cabeça e coração andam se comportando talvez configurasse um sintoma da minha adolescência tardia que insiste em se manter vivo. A mesma adolescência tardia que ainda escreve em diários ( www.mybends.blogspot.com), assiste "Dawson's Creek" como se ele fosse a resposta pra tudo e se apaixona com a ilusão comprada de que o amor será eterno.
Não tenho mais jeito não... Você percebeu? Percebeu? Cadê a escala evolucionária da qual as pessoas falam? Escrevi trinta e três linhas (o computador torna as contagens tão acessíveis) até agora e em nenhuma delas eu julgo ser possível encontrar (pra quem não tem notícias minhas há algum tempo), um pouco de e-vo-lu-ção.
Evolução? Mas eu evoluí!
Tenho certeza que evoluí.
Talvez tenha perdido um pouco de gentileza, visto que até agora eu não perguntei como você está (e seria uma maneira menos neurótica de começar a carta) . Mas evoluí. No entanto, como seria possível tornar isso perceptível à você?
Acho que não tem jeito...
Até porque, foi só olhar pro teclado pra começar a escrever essa carta e todas as minhas sinapses começaram um árduo trabalho de transpor em palavras o meu constante desejo de ressuscitar comportamentos obsoletos. Quais? Maldita/bendita mania que eu trago de romantizar o passado anulando o presente.
Visto isso, o que seria maduro fazer?
Somos pessoas maduras, não somos?
Vamos esquecer as suas cartas de sagacidade e as minha outras de melancolia, e partir pra uma relação atual de maturidade e força.
Ok. Você fala da sua vida de casada e mãe de família (evolução considerável – independente dos caminhos negativos ou não – alcançada por alguém que tinha tão poucas perspectivas disso) e eu falo da minha suposta estacionada na cartilha das experiências itinerantes.
Parece bacana?
Eu me contentaria. Embora o tom da sua última carta ter-me feito pensar que não está sendo divertido pra você. Mas eu gostaria, de pelo menos desse jeito torto, continuar fazendo parte dos seus dias.
A amizade é possível existir quando os interlocutores não são aptos a trocar?
Talvez não. E na dúvida, seria legal tratar pra que houvesse alguma troca entre nós e dessa maneira, eu chego à conclusão de que uma boa maneira de configurar essa carta seria acabar mesmo me utilizando dos tópicos mais importantes do que vem acontecendo, a título de informação é ótimo, e sem dúvida, ressuscitar alguma poesia do que era nossa relação nos "anos incríveis".
Vamos lá, então:
Tópico um: Trabalho.
Continuo trabalhando no teatro e tentando fazer teatro. Continuo achando que sou um ator medíocre e um escritor fraudulento, mas insisto na ilusão.
Tópico dois: Família.
O próximo tópico explica melhor esse.
Tópico Mais Importante: Amor.
Encontrei!!!!!!! Isso mesmo, encontrei!!!! (agora seria bacana se você desse um grito ou soltasse um espasmo, sei lá... melhor mesmo seria você desmaiar). Estou apaixonado e sendo correspondido. Após um infindável momento em que o complexo de rejeição parecia ter me afogado num oceano de lamúrias, eu renasci com a chance de viver um amor correspondido. Claro que estamos falando de mim, e como base principal da minha existência no mundo, tinha que ter uma complicação. A complicação é: ele é casado. Mas pra espanto das minhas perspectivas, estamos a um passo de ficarmos juntos pra valer. Se isso é bom? Tá, eu me borro só de pensar na responsabilidade de uma relação concreta, sem aquele tom de impossível que me protegia da ação da circunstância. Mas eu quero.
E essa relação, além de ter recuperado um pouco da minha auto-estima, também me trouxe muitas alegrias. Tive finalmente uma conversa com minha mãe e ela não só me aceitou como aceitou o Gustavo (o cara!) e estamos tendo nosso namoro abençoado e acompanhado de perto por ela.
Tópico Fútil: Eu.
Três coisas que me fazem lembrar você: Dawson"s Creek, Will & Grace e Rick Astley. Você sabe que não cansarei nunca de te agradecer por, além de ser uma amiga preciosa, alimentar minhas paixões desvairadas por essa cultura americana oca e ingrata (ao olhos de quem se incomoda com isso, diga-se de passagem).
O trabalho e o bom senso (ou não), me proporcionaram certos luxos e de uns tempos pra cá eu comecei o meu galgar aos domínios da tecnologia digital. Convencido e conformado com o fim do VHS na história da humanidade, aposentei o vídeo e comprei um DVD. Junto com ele, comecei o início da loucura e já adquiri quatro temporadas do Creek!! Estou prestes a comprar mais uma. Também já comprei uma de Will & Grace. E vou te falar Carmem: nem o tempo e o lapidar do senso crítico me fazem gostar menos do que vejo!!! Os próximos da lista são os boxes do Arquivo X (muito caros!!!). Sem falar, é claro, nas adjacências do núcleo televisivo, que são algumas séries da HBO que eu também pretendo comprar ( six feet under, Carnivále e Sopranos são incríveis) e outras que podem ser consideradas filhas do X-Files, como Lost e The 4400.
Junto a isso estão ainda a loucura musical (sem novos nomes marcantes). E literária (continuo louco por Harry Potter, adorando a série nova do King e tentando ser mais cult, lendo coisas como Mann e Wolf. Até li a minha primeira biografia: Capote. Ótima, aliás).
Em suma, continuo o mesmo.
No fim das contas, muita coisa tem acontecido o tempo todo. E existem muitas dessas coisas que eu gostaria de ter compartilhado com você. Impressões sobre o mundo que eu tenho certeza que valeria a pena dividir contigo. Você pode não acreditar Carmem, mas você é uma grande amiga, uma das melhores que já fiz, e nunca me esqueço de você. Posso esquecer de mandar um cartão no dia do seu aniversário (não esqueço o dia, isso eu garanto). Posso esquecer de enviar um presente pro Bruno no aniversário dele. Posso esquecer de ser ligeiro na resposta. Mas nunca esqueço de você!! Nunca!
E sei que parece loucura deixar pro final as perguntas de praxe, mas mesmo assim, me diga como você está. Se o ritmo louco já te deu uma folga. Se teu casamento está bacana. Se o filhão já começou a te fazer colher as constatações da maternidade. Me conta tudo! Me manda uma complexa análise da sua vida ou simplesmente um relato fragmentado das suas atividades diárias. Prometo que estarei aqui.
Não se esquece da gente. Não podemos nos viver mais como antes... Mas façamos um esforço por nós dois.
" Todo amor é natural e belo se for parte da natureza de uma pessoa. Só um hipócrita responsabilizaria um homem pelo que ele ama" Capote