Quarta-feira, 26 de Abril de 2006

Bradando Pela Esperança


Sonhos, sono, torpor, inconsciência...
Sexo, desejo, paixão, ciúmes, amor, insegurança...
Família, história, escolhas, ausências...
Consequência.

Os deuses não ignoraram as reviravoltas do roteiro que tinham em mãos e agora, o Gustavo dorme pesadamente ao meu lado enquanto eu ajusto em orações e verbos, os meus sentimentos com relação a tudo que aconteceu.
E tudo aconteceu.
Embora seu sono soberano tenha vencido as implicações da sua mente, o homem aqui ao meu lado destendeu a linha muscular das seguranças de seu mundo.
E dobrou...
Então é isso: esse é mais um capítulo das dobras perispíritas da minha vida. Hoje, seguindo a propulsão dos movimentos dele. Mas ainda assim, uma dobra. Como são todos os movimentos em que duas pontas outrora paralelas, se encontram de súbito, interrompendo o trajeto retilíneo de uma antes segura formação.
Pra quê tudo isso?
Agora a esposa dele sabe! Sabe e por ventura, propaga.
É uma nova tormenta se formando ao norte. Visto que dobras deixam marcas e papéis dobrados, nunca mais voltam ao seu formato original.

Associação de idéias. Tentativa anterior confusa.
Sonhos, sono, torpor, inconsciência... Correlação? (é junto ou separado?). Fuga da realidade. É junto!!!
Sexo, desejo, paixão, ciúmes, amor, insegurança... Há ligação? (rima, rima com cisma). Não!! Não?
Qual a ligação entre expressões com tanto egoísmo? Egoísmo unificado. Dúbio. Egoístas porém carentes: todos necessitam de um interlocutor.
Família, história, escolhas, ausências... Cadê a linha que rege a trilha? Esses não precisam de paralelos pitorescos. Somos nós em essência. Sou ele. Ele sou.
Consequência! Ponto final de uma escala que finda.

Sou eu e o Gustavo numa cruzada até algum confim sagrado. Manchados de culpa e medo até a alma. Doentes de amor. Sedentos de redenção. Desfrutando do elixir do temor eterno: a consciência.
Cedendo à evidência constante de que minha personalidade só cria objetos de melancolia, eu me rendo ao fluxo social e admito: minha estrada precisa rachar e eu preciso sofrer.
Preciso?
Eu suponho que sim.
Se minha vida é o soap-opera que eu fantasio ser, não há nada mais natural do que coroar de reviravoltas as minhas possibilidades tolas de sorrir.
Posso escrever muitos posts sobre essa mágica que vivi com o Gustavo? Posso!
Posso escrever liturgias lúbubres sobre a morte das minhas esperanças? Posso!!
Posso homenagear a tristeza que invade a minha alma que desafiou Murphy e acreditou que sua hora de vibrar havia chegado? Sem dúvida, posso!!
Por dentro eu choro líquidos nocivos e amargos.
E sou dramático. Sou porque a situação não está de todo resolvida. E no meio das escolhas que ele precisa fazer, pode ser que eu tenha uma chance de sair com alguma coisa.
Mas a pergunta é... Cadê aquele nível onde as relações terminam foscas, como na letra lamentosa de "Quem havia de dizer"?
Mitos. Mitos. Mitos. Mitos.
Até minha mãe consola as minha horas de aflição (Deus sabe que eu agradeço como um louco essa chance que minha mãe me deu de ser honesto). E na minha cabeça, flutua a imagem do Gustavo sentado conversando com ela no dia do almoço em minha casa.

Por um segundo eu pensei que...
Sei lá.
Por um segundo eu pensei.

Ainda há tempo pra que eu seja desarmado das minhas lamúrias. Ainda há tempo pra que me privem do meu arsenal de pesares.
Deus, neutralize a minha munição!
E nos dê a absolvição desse amor.
Pra que ele não morra por um fiapo latente das exigências do presente.
E sim pelas mãos do tempo... Como é a ação do tempo sobre todos aqueles que fantasiam a eternidade de estarem juntos.
Dobrado Por Henrique Haddefinir às 20:08
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Segunda-feira, 3 de Abril de 2006

Mensageiro dos Ventos



(O Efeito Brokeback e a Montanha Particular)

"É por tudo ter de acabar que tudo é tão belo"

Ramuz, Charles

Odeio essa tendência! Odeio-te viu, tendência??!!
Odeio essa tendência teimosa em escrever sobre a vida e nunca conseguir fazer isso parecer sóbrio. Acaba saindo tudo assim: meio bambo, entorpecente...melancólico.
Tá, eu sou um artista! Sou?? Seria bom ser... Ao menos toda a melancolia não seria um traço de personalidade e sim um mecanismo artificial artístico.
Seria?
E se fosse, a frase de abertura desse post não seria essa. Tudo não tem que acabar e se acabar, não tem que ser belo. Por quê uma pessoa em um momento de felicidade ouviria Oswaldo Montenegro? Pois é, eu ouço.
E minha promissora viagem à Nova Friburgo para assistir o esperado “Brokeback Mountain” tornou-se, por eu ser assim, um calvário de emoções incontroláveis.

Lá vamos eu e o Gustavo pro nosso quarto mês juntos.
Aliança no dedo. Promessas renovadas.
Essa relação ainda está me levando pra caminhos virgens que eu estou feliz demais em poder desbravar. E empunhei meu facão e saí cortando os obstáculos sem medo do monstro do outro lado da ilha.
Meu cérebro sofreu um desarranjo mental! Cagou-se todo como um intestino frouxo, e o excremento está espalhado por toda parte. E a involução das minhas idéias continua acelerada.

Amor = Burrise

Até alguns meses atrás eu era um pseudo-moderninho cheio de teorias frias e estreitas sobre o comportamento humano no tocante ao amor. Até mesmo a palavra “amor” era um fonema confuso e metido a besta. Eu estava na “Age of Aquarius” até o fundo e certo de que o clímax da civilidade e inteligência eram os conceitos individualistas e pretensiosos dos quais eu compartilhava com os meus irmãos amor-é-coisa-de-babaca.
E um dia as coisas mudaram.
Mudaram...
Mudaram pra qual direção mesmo? Ah sim, mudaram pra direção dos meus recentes irmãos amor-é-a-mola-mestra-do-mundo. E essa tem sido a minha nova bíblia de cabeceira. A cartilha pra qual tenho estudado e a matéria de vestibular que tem me tirado o sono.

Descobri que não sei lidar com amor.
Descobri que alguns poetas tinham razão e amar é saber deixar alguém te amar. Não é instintivo como alguns dos comandos humanos, como comer ou transar. É lapidável e mutante.
E eu ainda não encontrei o jeito certo de começar essa nova escultura. Estou espetando, furando e desmodelando e a deformidade e crueza desses blocos de pedra andam machucando a superfície da minha pele.
A viagem pra Nova Friburgo foi uma dessas lascas.

Não sei porque raios ainda me incomodo tanto com o passado dele. E numa viagem pelas vias expressas nas quais ele circulou por toda vida, eu tinha duas pontadas no coração por segundo. Ele tinha uma história pra cada curva e um personagem pra cada fronteira. E diante do cenário onde Gustavo vivia sua “outra vida”, eu ia me sentindo diminuir como um “guliver” preso numa fenda espaço-tempo.
Bobagem, claro.
Eu também tenho passado (extenso) e se ele for comigo à Cabuçu também vai estar num cenário da minha vida que está povoado por outros personagens e outras histórias. Mas não sei... Foi estranho mesmo. E estranho de modo singular. Acho que não como a maioria das pessoas acharia estranho o passado de seus parceiros, mas estranho de modo particular. Estranho como Henrique Haddefinir acha estranhas as coisas que ninguém mais pode vislumbrar. Estranho como numa poesia triste. Estranho de maneira egoísta. Estranho como as sensações mais infantis de que o outro não tinha o direito de viver tanto antes de você. Estranho como invadir um filme retrô que você viu várias vezes em preto e branco e que agora faz parte da sua realidade. Estranho como é estranho imaginar os passos do outro nos mesmos paralelepípedos em que você pisa, só que em outra época. Numa época em que você não existia e os sonhos dele eram outros. Numa época em que ele tinha outras paixões. Numa época imaculada pelas suas interferências. Estranho como se você fosse um espectador forçado de uma novela alheia. Estranho como imaginar em que cantos ele esteve com outras pessoas. Estranho como é estranho o coração de quem ama a ponto de desejar que a vida não fosse nada até o dia em que você surge.
Estranho como é estranho pensar assim...
E será que outras pessoas também pensam dessa maneira? Ou será que é um privilégio de quem namora alguém que teve uma vida num cenário tão longe do seu?
Se tivesse passado por perto da casa dele seria pior. Já foi ruim quase ver um ex dele. E como isso é estranho...

Andei de teleférico. E continuamos a nossa saga de demarcar momentos. Pegamos um trem bala pra viver tudo. E eu tenho medo de ser muito, pra ser rápido. Uma vez li um livro chamado “A Filha de Mistral” e uma personagem rejeitada pelo amado dizia: “ama-me pouco, para me amar muito tempo”. E essa frase sempre me pareceu intrigante. Pros outros, viver um primeiro amor correspondido pode ser só uma etapa. Mas é a minha cara encarar isso como um prenúncio.
Às vezes a gente perde tempo demais falando em como seria um pro outro, a perda. Perder ele. E ele me perder. Falamos até em morte. E eu, que já tenho uma boa galeria de “coisas que nunca aconteceram”, fico morrendo de medo de agora começar uma de “coisas que não acontecerão jamais”. E esses momentos, assim como a viagem e outras coisas, soam todos como cenas de filmes trágicos de Pedro Almodóvar.
Fora com isso!!!!
Começar coisas pensando no fim delas é coisa de maluco! Por isso acho que meu cérebro derreteu. Derreteu no ato de analisar o passado do Gustavo, que pela inconstância ameaça nosso futuro, e derreteu ao temer a duração dessa história toda.
Falamos pouco de mim. Meu passado e minhas histórias com outros não são um personagem tão firme da nossa convivência. Me orgulho de quase tudo que fiz, mas minha vida não é tão válida como o Gustavo parece julgar que a dele seja. E isso é muito rico pra ele. E pra um homem que nunca pôde falar de nada pra ninguém, ter um interlocutor é muito animador. E desse jeito, o que ele foi e fez se torna um terceiro item desse triângulo analítico.
Surtei. Apaguei tudo. O amo tanto que é como se o antes fosse o nada. Esquecendo que o antes é que me faz o agora. Ele diz que eu sou maduro quando na verdade eu acabei de repetir as matérias do Jardim.

Ver o filme foi doideira!
Dois cowboys casados que se apaixonam. Um deles que viver tudo e o outro, martiriza-se por não ter a mesma coragem: Gustavo e Henrique numa licença poética. E todo o meu medo da solidão dele se tudo viesse à tona, ali, na tela.
O Filme? Lindo.
Ir ao cinema com o meu amor? Perfeito!
Mas com meia-hora de projeção eu percebia: são tantos os casais que com o fim de uma relação perderiam no máximo a felicidade e um pouco de sanidade (coisas perfeitamente subjetivas), e nós, dependendo do fim, perderíamos o controle de outras vidas e veríamos isso reverberar pra um trêmulo futuro.
Estou sendo dramático? Estou!
Ultimamente eu e ele andamos falando sobre fazer o teste do HIV. Tanto ele quanto eu temos medo do resultado. Mas eu tenho um medo quase insuportável de ter feito isso à ele, sobretudo porque entre nós dois, todo ato atinge um terceiro componente dessa dança maluca de risco e torpor.
Não sei... Não sei mesmo. É como se eu quisesse aparar todas as arestas e protegesse uma espécie de mensageiro dos ventos, pra que ele não balançasse e assim tocasse a canção que anuncia o deslocamento de alguma coisa.

Acho que a razão desse blog minar loucuras é porque dele eu excluo os meus discursos de felicidade e termino por ater-me a utilizá-lo como um canal pra todas as coisas que ameaçam essa leveza que eu vivo. Por vezes vivo. Porque esse namoro foi a melhor coisa que já me aconteceu e eu amo esse cara cada dia mais.
A sensação de ter alguém. De ser fiel a alguém. De contar com alguém é maravilhosa. Única. E eu estou vivendo um êxtase total.
Já agradeci tanto a Deus. E embora eu esteja oscilando constantemente entre estar bem e estar preocupado, tem sido muito bom. Muito bom. Sobretudo porque em alguns momentos eu consigo ser só alguém que ama. Sem esses pzisismos e paranóias. Essas coisas que me tornam esquisito e pedante. Esquecendo que o casamento dele me incomoda. Esquecendo a dor de saber que ele ainda beija e dá prazer à esposa. Esquecendo que eu sou um pontinho confuso dessa vida toda que ele viveu. Esquecendo essa mania de me diminuir. Esquecendo que tanta coisa na minha vida antes dele me envergonha. Esquecendo que nossa história é urgente porque não é segura. Esquecendo que como diz a frase lá no início do post “É por tudo ter de acabar, que tudo é tão belo”. E esquecendo que eu sou o desvio da estrada pra onde o Gustavo sempre volta. E esquecendo que a qualquer momento, ele pode tornar a voltar...

Esse é meu novo momento de glória!
Por Deus, que ele dure.
E mais ainda, que eu saiba aprender a viver e amar.
Sem pensar.
Dobrado Por Henrique Haddefinir às 18:53
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