Quarta-feira, 28 de Setembro de 2005

Edu Disse

As gaivotas ficam um bom tempo sobrevoando o mar...
mergulham com força quando vêem o que querem.
Às vezes retornam com o peixe, outras sem ele.
Você sempre mergulha...os peixes estão aí...é só sobrevoar e manter os olhos abertos dentro d´água também!
Dobrado Por Henrique Haddefinir às 14:58
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Sábado, 24 de Setembro de 2005

A Revoada das Gaivotas e o Triste Fim dos Recomeços


Será que se ele soubesse onde estou agora, isso faria alguma diferença?
Será que se ele soubesse que andei a esmo por todo o dia e que chorei agudamente por várias vezes e que agora nem a beleza do mirante acalenta meu coração... será que se ele soubesse, isso mudaria alguma coisa?
Será que se ele visse a minha tristeza. Será que se provasse a minha solidão... Será que assim, ele venceria o karma? A maldição? Essa praga que assola e condena a minha existência a uma danação emocional.
O inferno é aqui!! No meu peito.

Meus crimes contra a ética do mundo e contra as leis divinas já são castigados por aqui mesmo, em terras terrenas, e sob carne viva, e sem a translucidez indolor da morte e mais feroz que a ação corrosiva da culpa. Meus castigos se assemelham aos dos mortais que se acompanham da gentileza de Lúcifer: eles queimam, e se regeneram só pra poder voltar a queimar. E meu coração caminha dessa maneira na história da minha vida: ele sente, e depois morre e o sopro de alguma Fênix percorre suas proximidades e ressuscita-o, só pra ele voltar a sentir e morrer... E esse tem sido o ciclo! A única constante garantida para as próximas temporadas. A única certeza que se funde em mim em meio a tantas dúvidas: a circunferência se fecha... Ele sentiu e hoje voltou a morrer.
Será que se ele lesse isso as partidas iriam extinguir-se?

Provavelmente não. Ele foi treinado pra partir e eu pra colecionar o "adeus". Dessa vez a morte foi tão súbita quanto lenta e eu zigzagueei o quanto pude pra Fênix não voltar a me encontrar. Dessa vez a extinção me interessa. Os recomeços não. E não que eu tenha sentido demais. Não sei comparar suas batidas descompassadas. Mas é que dessa vez eu pedi por ele... Dessa vez eu tentei evitar o findamento, mais do que nunca e como sempre. Dessa vez eu não comprei caixões... Eu não cedi ao funesto. Não respirei os ares lúgubres. Eu caí no erro habitual da minha certeza lúdica e deixei o Sol entrar: a luz invadiu e eu me esqueci que podia anoitecer.
Será que se ele lesse isso, me estenderia lanternas?
Não! Ele já quebrou todos os interruptores. E partiu... Outro "adeus" pra coleção. Outro não dito, e implícito.
Vou renunciar ao amanhecer!! Sou o mais novo herege dos dogmas das novas chances! As lições de recomeço não me interessam mais. Fim da testagem! Já concedi muitas oportunidades ao destino pra medir a minha capacidade de ressurgir. Agora eu quero aprender a renegar! Criar a casca em que todos os corações ricocheteiam e trocar minha coleção de "adeus" por passagens doadas a mim por quem não está mais disposto a ficar.
Eu agora quero passar a ir.
Acenar enquanto o quadro principal diminiu. Ser a imagem que escurece a tela e não a que fica depois que o filme acaba. Eu não quero mais chorar no cenário da costa marítima... E imaginar onde ele sorri com a paz que aprendeu a conservar.
Será que se ele soubesse que eu choro, seu sorriso seria menos doce?
Não... ele não é capaz de saber nada sobre o meu pranto. Eu choro tão solitário quanto aquela gaivota que acabou de passar... Ele não pensa em mim até me veja. Porque sabe que eu sempre estou no mesmo lugar.

Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?
I can't take my mind off you
I can't take my mind off you
I can't take my mind...My mind...my mind...'Til I find somebody new
Damien Rice
Dobrado Por Henrique Haddefinir às 15:58
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Segunda-feira, 19 de Setembro de 2005

Aquele Espasmo

Diz-se que quando as palavras não são ditas, o significado do que querem dizer ainda não é real.
Ultimamente eu ando assim... não dizendo as coisas porque quem sabe assim elas não se perdem no campo do imaginário. Ando metaforizando com quase tudo. Me descrevendo em outros e terceirizando a minha própria pessoa.
Ultimamente eu ando assim... Louco. E ando não querendo falar claramente sobre nada. Passo horas me criticando e nunca cheguei tão perto das verdades osbcuras sobre mim mesmo.
Ultimamente eu ando assim... Apaixonado pelo Wellington! CABRUMMMM!!! Pronto falei!!! Joguei fora o benefício da dúvida, o compromisso pessoal com a conceitualização correta dos sentimentos e o mistério como aliado para tornar tudo mais fácil de ser esquecido. Joguei tudo fora! Pronunciei as palavras exatamente no contexto com as quais elas vêm passando pela minha cabeça há dias: esses sentimentos pelo Wellington (guri) estão me tomando o juízo e agora, mais do que nunca, aquela sensação de cansaço mental e emocional se apossou de mim como jamais fez antes.
Tá na hora de ser superficial um pouquinho... Todo mundo sempre se apaixona e eu sempre evitando reconhecer esses sentimentos, pra não me sentir fútil. Agora, quantas vezes uma pessoa pode se apaixonar na vida? Será que todas as vezes em que senti isso, foi paixão? Não... acho que não... O Guri me tomou de assalto de um jeito que nenhum fez antes. Não por ele. Mas porque eu fui de cabeça, apoiado na certeza categórica de que ele ia se apaixonar por mim, desconhecendo totalmente as evidências de que eu não era a projeção das expectativas dele, ao passo em que ele, era quase 100% das minhas.
E ultimamente eu ando assim... envergonhado! Acho que minhas ânsias começaram a se transformar em martírios e eu fiquei tão vulnerável que corro o risco de virar um satélite negativo que envelhece e azeda, numa roda vida de experiências frustrantes e insólitas. Eu não posso mais me entristecer! Se meu compromisso de levantar sempre acabar, aí sim eu viro um lamento humano. E quando a gente constrói uma imagem lacrimosa, ela quase sempre desperta a pena e a pena é um perigoso alimento pra captação das atenções alheias. Eu não posso mais chorar!
Houve um momento em que eu achei que o Guri ia mesmo se afeiçoar a mim. De todas as histórias, essa foi a que me fez acreditar mais. E foi aí que eu me entreguei. E errei. Ele parece incapaz de se envolver especificamente com alguém (ou comigo) e do mesmo jeito que eu tenho a minha saga em busca do namoro sério, ele também pode vir a ter a dele, que pelo pouco que o conheço, parece se originar na compreensão da própria homossexualidade, da própria sexualidade, do quanto ele não está disposto a se arriscar. Claro que vai haver alguém que provocará essa libertação. Não fui eu. Mas fiz ele pensar a respeito.
Ultimamente eu ando assim... me humilhando! Mais pra mim mesmo, por sinal. Pelo menos o nível das experiências têm subido e não estacionado numa só forma e intensidade. Eu cheguei muito perto dele mesmo! E acho até que foi por isso que eu sofri tanto. Parece que ainda há degraus pra descer até começar a subir. Eu tenho chorado como não chorava há muito tempo. Eu penso nele como não pensava em ninguém há muito tempo. Mas nada do que eu diga ou faça parece surtir efeito na mente firme, escudada e objetiva que ele tem. Ele cai na noite. Beija tudo e todos. Embebeda-se de vodca. Tem uma sacanagem quase melancólica no olhar. Mas sempre me parece que ele sofre tanto quanto eu. Talvez mais do que eu. É certo que não faço parte da razão direta de seus sofrimentos, mas sou parte do que ele quer ver em sí mesmo ou esconder de sí próprio. Infelizmente eu o faço questionar-se e ele detesta isso. Ele não consegue se apegar a mim. Eu não sei se ele consegue se apegar a alguém. Minha vaidade adoraria que ninguém tivesse esse poder.... mas eu sei que tudo é uma questão de ideal. Um dia ele vai se apaixonar e tudo será desimportante.
Dessa vez tá muito difícil de esquecer.
Por vezes um desespero quase insuportável se apossa de mim. Estou mesmo assustado! Sobretudo porque sei que minha psicologia retardada é que está me levando a isso. Se eu não parar de esperar por esse sonho, eu jamais vou acordar! Minhas tristezas e esperanças a respeito dele me fazem esquecer de tudo! Que meu trabalho está sendo reconhecido. Que eu apareci na tv (!). Que eu viajei pra um Festival.... tudo! Eu não consigo saborear essas vitórias. E isso me torna ridículo! Contraditório e ingrato!
Eu ando mesmo assim... patético! Mas tenho sofrido muito mais do que eu posso suportar. E tem sido muito ruim! Muito ruim!! E eu nunca pedi tanto a Deus por mim mesmo! Juntei as mãos até quase fazê-las sangrar, e pedi muito que desse certo. Agora... acho que tenho que ver esse sangue brotar entre pedidos pra que eu esqueça logo os lábios vermelhos do meu guri... Deus do céu! Dessa vez tá muito complicado... Muito....
Nunca gostei de dar nomes aos meus sentimentos. Jamais me declarei apaixonado por alguém e nem quem amei, ouviu de mim um "eu te amo". Mas o guri me despregou os controles. Esse podia ser o post em que essa paixão ganharia o recibo das palavras escritas e ainda assim, eu nunca precisaria dizer. E não disse. E nem meus dedos tiveram a oportunidade de escrever. Deus que me ajude a descobrir essas lacunas que eu não consigo preencher.
Eu não quero sentir pena de mim...

What I am to you is not real
What I am to you you do not need
What I am to you is not what you mean to me
You give me miles and miles of mountains
And I'll ask for what I give to you
Is just what i'm going through
This is nothing new
No no just another phase of finding what I really need
Is what makes me bleed
And like a new disease...
DAMIEN RICE
Dobrado Por Henrique Haddefinir às 17:02
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Sábado, 17 de Setembro de 2005

You're ready to fly. I'm ready to crash

Eu sou o primeiro ou você já fez isso com outros?
Há mais algum?
Há mais alguém que detenha em sí os efeitos desastrosos da aproximação com você?
Me fale... tem mais alguém com quem eu possa compartilhar essa sensação tão ruim de perda e ridículo? Tem mais alguém? Me dá o endereço... o telefone... o email.
Se houver eu quero saber se as sequelas são as mesmas.
Se houver, eu quero saber se a respiração desse alguém pára quando ele se recorda do quanto está esticando os braços pra encostar nas asas e ao mesmo tempo, no quando seus tornozelos estão presos no chão por onde ele se esfrega e não rasteja. Não! Ele não rasteja!
Se houver, me fale onde posso encontrar essa vítima. Ela vai poder me dizer as coisas que ouviu de você e eu vou poder comparar com as que eu ouvi. Será que foram as mesmas? Será que você também sorriu pra ela? Será que disse que estava se sentindo muito feliz? Será que você também fez parecer que tudo era perfeito?
Me diz onde está se houver. Eu quero companhia pros meus sentimentos de mediocridade.
Aproveita e me conta sobre as suas noções de fantasia. Aproveita e me fala até onde você vai. Cadê a fitinha amarrada? Você já demarcou os limites? Já fabricou as pílulas pra evitar as paixonites alheias?
Como é que você consegue? Me conta! Me conta como você consegue virar as costas e não olhar pra trás! Me conta como você faz pra não sonhar... Não! Melhor ainda! Me conta porquê eu não estou nos seus sonhos... Não! Não... apaga esssa parte! Todo mundo tem o direito de sonhar com quem quiser. Me conta até onde Eros corre no seu sangue. Até onde Morpheu genealiza-se em você. Me conta dos deuses que você adora. Me explica porque é tão difícil expurgar você de mim...
Te ensinaram isso? Em qual escola? Gostaria de aprender, mas acho que minha inclinação pra crença é auto-didata (é assim que se escreve isso?).
Me conta qual o tom dos seus recomeços.
Me conta sobre a sua capacidade de adorar-se. Me conta da sua fascinante auto-suficiência. Me conta porquê é tão ruim pensar que suas particularidades serão dedicadas à outras pessoas. Me conta sobre o seu novo amor. Aquele que despertou em vc essas coisas que vc despertou em mim. Me mostra o botão que ele apertou. Porque eu procurei e sofri um curto.
Me conta o que você faz pra não ouvir.
Me conta porquê as palavras não te tocam. E se tocam, porque elas não tocam a música que eu compus?
Me faça uma lista das frases feitas que eu ainda não usei. Vamos comparar com a lista de 'porquês" que eu impreco a Deus todos os dias. É tudo rota de colisão mesmo... E na minha estrada, quem não colide passa indiferente. Eu estou sempre no acostamento... enguiçado...esperando carona.
Me mostra onde você pode me aborrecer. Me mostre onde eu te aborreço. Podemos insistir na colisão. Me conta sobre tudo de bom que você já viveu e de todos que você quis conquistar. Me envenene com a sua felicidade passada e me sufoque com suas expectativas pra um futuro onde não estou... Me fale dos anteriores. Me mostre com quem posso pegar o pote de fel que todos os que te rodeiam, passam adiante. Eu prometo enchê-lo até a borda!
Me esclareça as dúvidas que geram meus anseios.
Me fale dos seus escudos. Onde está essa fenda que eu não consegui encontrar?
Eu perdi muita coisa pelo caminho. Muita força de vontade, amor próprio e dignidade foram escorrendo por onde eu te seguia. Me mostra como você consegue não deixar rastro algum.
Cadê a placa que dizia que você não era o destino?
Cadê o aviso que impedia as origens?
Me conta como você consegue? Me conta como eu não consigo?
Eu queria me ver como te vejo.
Acho que iria me sentir melhor. Ver a sujeira que me contamina sendo liberada por mim. Isso seria libertador.
Me conta...
Sacie meu último desejo vexatório.
Me conta... porquê.









Dobrado Por Henrique Haddefinir às 16:26
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Terça-feira, 13 de Setembro de 2005

...


Dobrado Por Henrique Haddefinir às 17:42
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O divino

"Pois é preciso que saiba que nós, poetas, não podemos trilhar a vereda da beleza, sem que Eros se coloque a nosso lado e se arrogue o direito de guiar-nos. Sim, mesmo que sejamos heróis, à nossa maneira, e disciplinados guerreiros, parecemo-nos todavia com mulheres, porquanto o que nos eleva é a paixão, e nossa aspiração será sempre o amor. Nisso se resumem a nossa delícia e a nossa vergonha. Percebes agora que nós poetas, somos incapazes de ser sábios ou dignos? Que necessariamente andamos sem norte, que forçosamente nos entregamos sempre e sempre à devassidão e às aventuras dos sentimentos? A maestria do nosso estilo é mentira e bobagem. A nossa glória e honorabilidade não passam de uma farsa. A confiança que as massas depositam em nós é sumamente ridícula, e a educação do povo ou da juventude à base da arte é um empreendimento arriscado que mereceria ser proibido. Pois como pode ter aptidão para educador, quem tiver por índole uma propensão natural, incorrigível, para o abismo? Bem gostaríamos de renegá-lo, mais por mais que nos esforcemos, ele nos atrai... A forma e a ingenuidade levam à embriaguez e à volúpia. Talvez instiguem o homem nobre a horrorosos excessos passionais, que sua própria austeridade decorosa considera infames. Também elas conduzem ao abismo, sempre ao abismo! A nós, os poetas, digo, conduzem ali, uma vez que logramos elevar-nos, senão apenas vaguear..."
Thoman Mann - Morte em Veneza
Dobrado Por Henrique Haddefinir às 16:13
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Sexta-feira, 9 de Setembro de 2005

Divã Psicodélico

* escrevi esse texto pro jornal da escola. É de um personagem que eu inventei pra falar sobre a vida no teatro e no meio gay.

Fiquei aqui um tempão diante dessa tela pensando em como começar esse artigo de um jeito que não provocasse o incômodo daqueles pra quem eu quero falar. E é pros gays que eu quero falar.
Essa reflexão parece estúpida! Eu também sou gay! Mas esses dias eu percebi que se tem um povo que fecha os ouvidos pro exercício da discussão, esse povo é o povo da pseudo-aceitação. Quem já é gay pra sí mesmo e pros outros não tá nem aí pra nada. Já sabe quem é e o que precisa ser, não precisa se desculpar e nem convencer ninguém. Mas aquele que circula sorrateiramente entre os becos escuros ou viaja longas distâncias em busca do anonimato, esse sim sabe que muita coisa está em aberto e que sua cabeça quase sempre desvia do assunto.
Outro dia numa boate eu ouvi um carinha contando pro outro que era gay porque tinha sido molestado por um tio quando criança. Ele falava com aquela voz trêmula, tentava agir naturalmente e ainda deu uma virada de cabeça bem teatral depois que aquele silêncio constrangedor pairou no ar. Eu quase ri. Os outros logo mudaram de assunto e eu (numa noite nada produtiva), me pus a pensar naquela confissão do rapaz. Pra ele, ele era gay porque tinha sido "corrompido" pelas mãos sujas do tio tarado. Pra ele, a partir do momento em que sua "inocência" foi imaculada pelas vias sórdidas do sexo, o mundo "normal" fechou as portas pra ele e sua única saída foi se entregar àquela prática "ensinada" pelo tio e depois aperfeiçoada pelos anos seguintes de sua existência atormentada.
Comecei a falar sobre o assunto com outros gays que estavam lá na hora (e que também tinham encalhado) e pra minha absoluta surpresa, descobri que muitos lá concordavam com o sujeito do tio tarado. Fiquei pasmo! Teve até um bichinha com um arco na cabeça que disse: "eu fui criado pela minha vó, ela adorava me vestir de menina porque sempre quis ter uma neta". E quase chorou dizendo isso!! Eu comecei a me sentir muito estranho... Uma realidade alternativa se abriu diante de mim e eu de súbito estava cercado de um monte de caras que tinham milhões de razões pra explicar sua condição gay, todas horrendas e pavorosas, e que tinham os olhos fechados pra única e verdadeira razão pela qual isso acontece: a natureza!
Caracas!!! É aqui nesse ponto que o rapaz atormentado rasga o artigo! Natureza?? É aqui nesse ponto que eles acham que eu sou um viadinho engajado que adora o Luiz Mott e que não perde uma parada gay! Por favor rapazes, leiam até o fim!!!
Pois bem, tudo devia se resumir numa máxima: não há causa exatamente por não haver distúrbio! A ciência já tá careca de saber que não sabe de onde se origina a homossexualidade, e essa já é a maior prova de que ela se origina do mesmo lugar comum de onde surge a heterossexualidade: lugar nenhum! O cidadão hetero sabe que é hetero do mesmo jeito que sabe que seu cabelo é liso e o cidadão gay, sabe que é gay do mesmo jeito que sabe que seus olhos são castanhos.E ponto final!!
Ah, e esse aqui é ponto em que o rapaz que não rasgou o artigo lá no páragrafo anterior, se pergunta: "quem ele pensa que é? qual a formação desse metido?". Eu sou formado na escola da vida (argh!!). Tá, tá bom... Pelo amor de Deus minha gente, se todos fizermos um exame de consciência vamos perceber que éramos diferentes desde os primórdios de nossa infância! Eu nunca brinquei de boneca, mas sabia desde cedo que tinha algo de "errado"comigo. Não adianta dizer que a culpa era do primo safado ou do tio tarado porquê a tensão sexual só chegou a existir porque o rapaz já era gay muito antes disso. É claro que há casos de moléstia. Mas se o cara não for gay, ele não vai "virar" por causa disso! Isso não pode ser uma regra ou se aplicaria a todos os casos, e não é o que acontece. Muitos tios tarados molestam seus sobrinhos e os caras jamais passam a transar com homens por conta disso. Dá um revertério mental, mas não sexual! Até sexual, mas não homossexual! Se o cara for gay, o tio tarado vai ser a descoberta e não a causa! Eu mesmo, com dez aninhos olhava cheio de sensações pros meus primos e fazia preces pra ser "molestado" por eles. Óbvio que a cultura religiosa pressiona os fatos e eu tinha milhões de culpas quando transava com eles. Milhões! Pra mim o fogo do inferno era meu destino! Mas eu queria. Eu os queria tanto quanto eles me queriam! Morria de vergonha disso. Achava que dois homens só eram capazes desse tipo de contato e que esse negócio de ser "bicha" era um retardo sexual que me deformava. Mas com a graça de Deus (Deus, sim!), a maturidade e a busca por respostas me mostraram que o tio tarado era página virada. Ele tinha sim "feito mal" à minha infância e inocência, mas foi só um estágio da minha descoberta. Um mal estágio. Mas só um estágio. Mais tarde eu descobri que há sentimento entre os homens. Claro. É tão óbvio que parece imbecil. Somos seres naturais. E eu me apaixonei e percebi que eu me angustiava com a dor e a perda do amor tanto quanto qualquer amigo meu hetero.
Eu sei que temos uma inclinação natural pra querer saber o porquê das coisas! Principalmente daquilo que não entendemos. Se todo mundo fica dizendo pra gente que ser gay é errado, claro que começamos a nos perguntar porque isso aconteceu com a gente. E as explicações vêm de onde dá pra elas virem. De acordo com a história e cabeça de cada um. Se somos essa "coisa tão ruim", isso tem que ser culpa de alguém! Só pode ser culpa de alguém! É aí que entram o tio tarado, os primos sacanas, a mãe dominadora, ser o filho único, ter uma vó presente, ausência paterna... e por aí vai.... Nenhum desses "traumatizados", pára pra pensar que nada vai mudar a sua identidade gay! Ela existe. Está aí desde sempre! Não foi criada por nada nem ninguém! Você pode tê-la ignorado por muito tempo, escondido-a de sí mesmo, pode ter aberto mão dela e passado a vida inteira transando com mulheres, mas ela está aí! É uma característica imutável! E não tem que ser explicada porque é natural. Como a heterossexualidade.
Por fim, preferi não entrar nessa discussão com meus amigos da boate. Eles pareciam estar muito certos de suas convicções. E se eu tentasse, pareceria uma militante enlouquecida (aliás, se você que tá lendo disser isso, eu coço o saco, cuspo no chão e depois arroto na sua cara). Eu não tenho o direito de me meter nas teorias de ninguém, mas acho sinceramente que se nós mesmos não começarmos a enxergar que somos pensantes, amorosos e sentimentais como qualquer ser heterossexual, vai ficar difícil de encontrar serenidade na opinião dos outros.
Eu achava que todo gay sabia que era gay desde sempre. Eu achava que todos compartilhavam da minha certeza de que isso não precisa de explicação. É, e pronto! É pretensão demais achar que a natureza se enquadraria tão perfeitamente nas nossas regras: mulher com homem e nada de ramificações. Não existe um único ser vivo que tenha só uma espécie de comportamento. O problema é que pensamos. Questionamos. E isso torna tudo mais complicado. Mas não existe o que complicar. Somos o que nascemos pra ser. E podemos encontrar milhões de funções pra estarmos aqui. Mais simples do que possa parecer: viemos pra medir a capacidade de aceitar as diferenças. Viemos pra freiar a superpopulação... Mas viemos. Estamos aqui. Pra quê lutar contra isso?
Não quero convencer ninguém de nada. É melhor deixar isso bem claro! Isso aqui é só um artigo sobre uma coisa que me chamou a atenção. Por bem, acho melhor terminar. Talvez todas esses questões fiquem mais claras na cabeça dos meus amigos atormentados quando eles amarem. O amor por outro homem vai provar que somos divinos como qualquer ser. E esse amor existe. É só nos deixarmos sentir.
E pra não terminar assim, parecendo um texto final de um filme açucarado, eu devo contar que lá pelas quatro da manhã eu consegui pegar um estrangeiro lá no banheiro da boate. O cara me catou, me levou pra pista e... a boate fechou! Nem peguei o telefone. O cara mora na Argentina... Outras noites virão.
Té mais...
Dobrado Por Henrique Haddefinir às 16:12
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Domingo, 4 de Setembro de 2005

Eu Contra o Sonho

Acho que talvez seja o meu estado sonolento que esteja me fazendo sentir tão vulnerável hoje...
Não... Na verdade eu acho que não. Eu sempre me sinto assim quando tenho meus encontros com o novo personagem da minha novela barata sobre a busca de um grande amor. E põe barata nisso... Acho que me perdi.
O Guri não pode ser classificado como possível novo grande amor. O Guri é mais um que vem e que possivelmente vai. Tá, ok, eu não devia ser pessimista... mas eu estou me sentindo muito estranho.
Eu achei que com o tempo ia passar. Essa sensação do novo tinha que passar. Eu já estou com 25 anos e à essa altura eu já devia ter começado a desenvolver uma imunidade azeda contra as possíveis armadilhas do emocional. Mas sei lá... acho que sofro do "Mal de Juliana". É uma amiga minha que reprojeta suas constantes decepções em constantes recomeços. Pode até ser uma boa definição pra uma coisa que não é tão boa assim, porque no fim das contas, o sofrimento vira um bem reciclável cheio de refis gratuitos.
Não sei mais do que eu estou falando... A noite com o Guri ontem foi cheia daqueles altos e baixos. Tinha horas que eu tinha certeza que ele era meu. Tinha horas que eu tinha certeza que eu estava enchendo o saco dele. E tinha horas que eu me perguntava porque eu ainda perco tanto tempo tentando encontrar essa redenção amorosa que nunca vem. E que talvez nunca vá vir!
Na sexta eu tive uma discussão com o Mário de Oliveira sobre essa coisa de amor. Me parece que a homossexualidade centenária de um velho de 80 anos o impediu de acreditar que o homem ama outro homem e que essas relações perduram. Foi breve. Os anos de ouro que ele viveu nas ruas da cinelândia eram mesmo só pra divertir os gays da época com os paraqueditas, que no fim das contas sempre casam. E eles acham isso bom. Estranhamente, parece que como tudo no mundo, as regras se perdem e depois retrocedem e hoje em dia todo gay quer um "namorado" de aliança. Todo gay lembra de engrossar a voz e se ouve um timbre mais fino do colega, já o rotula com instruções sobre como é ser a "passiva até o fim". E quanto mais "machos", mais passivos. E toda a chance de compreensão disso tudo se perde no meio dessas contradições.
Porquê mesmo comecei a falar disso? Ah sim... O Mário de Oliveira disse que não acreditava em amor entre dois homens e eu passei uns vinte minutos tentando convencê-lo que não. Ele me olhou com aquela cara de velho que sabe mais que jovem e encerrou o assunto. Eu continuei firme no meu ideal, mas cada vez mais vacilante quanto à conquista dele. Aliás, isso é engraçado em mim. Enquanto todos cedem às evidências, eu quanto mais quebro a cara, mais acredito na fantasia! E quanto mais as pessoas se descartam, mas eu passo a acreditar nelas.
Eu não devia estar aqui falando de amor. Não é amor (não sei mais se digo isso pra me convencer ou se pra não me sentir como aquele povo que ama todo mundo a cada quinze dias). Não é. Embora as pessoas sempre digam que essa montanha russa emocional faça parte dos sintomas. Mas não é. É no máximo paixão! E eu detesto o visgo virulento que essa palavra tem.
Isso é ruim demais! Ir de euforia à tristeza em quartos de segundos! Ficar o tempo todo pensando em coisas pra te fazer interessante. Tentando sublinhar qualidades e ocultar tudo aquilo que possa vir a parecer um defeito. Tentando desesperadamente parecer especial. Inteligente. Indo contra todos os conselhos certinhos de que você tem que ser o que é e se adequando trôpegamente ao encaixe do outro. Chega uma hora em que falta o ar... Em que a visão daquela pessoa ali na sua frente é angustiante. Você tem tanta certeza de que ela é o primeiro passo pra te levar por estradas que você ainda não trilhou. Estradas que talvez confortem a ansiedade do teu coração e te mostrem a clareza das coisas. Você tem tanta certeza... e está tão perto. E tão distante. Há um desencontro tão grande entre as coisas que vocês pensam e dizem. Você nunca sabe qual será o ínfimo detalhe que pode vir a ser responsável por um próximo fim. E tudo é detalhe! E a pessoa não te conhece o suficiente pra saber que ela é tudo pra vc naquele momento. Que nada mais interessa a não ser estar ali com você. Que você tem tanta coisa boa no coração pra dar, que está apto a brindá-lo com todas as concessões que ele quiser! Você por mais que se doe, ainda é um estranho. E os estranhos são passíveis de julgamentos, e esse é o martelo que encerra as tentativas de coesão.
Eu estou muito triste hoje... Ontem a noite foi boa, mas poderia ter sido melhor se eu conseguisse vivê-la sem medo de não tê-las mais. E eu tenho medo. Sempre acontece. Meu corpo todo esvazia e eu estou sempre tentando me repreencher. Isso cansa... Talvez eu tenha me transformado num gafanhoto emocional que nunca se sacia de esperanças, corre sempre em busca de novos formatos e nunca percebe que fartou-se com tudo que ficou pra trás. É... talvez eu tenha... Talvez o supra sumo seja beijar o Guri em noites de sábado que podem vir a se perder mais tarde. Talvez eu tenha que aceitar que se existem os seres que se apegam, também existem aqueles untados. Eu posso vir a viver bem com o simples atrito, mas acho que mereço um bom abraço. De braços que não asfixiem, mas que também não afrouxem e transpassem.
Hoje eu vou dormir e talvez acorde melhor. Mais otimista. Eu sei que vou acabar investindo nisso até esgotar todas as possibilidades. Eu sei que ainda não aprendi a lição (e nem sei se esse tópico da leitura me interessa).
Eu só queria que alguém me quisesse sem condições. Que o Guri me quisesse...
É orgulho, idealismo, esperança, cegueira, carência... sei lá. Tudo podia ser traduzido em uma coisa muito simples: eu preciso ser gostado. E rápido. Antes que as palavras de Mário de Oliveira atropelem minha corrente sanguínea e eu vire um mar morto. Ou melhor, um rio de desesperanças...

"... levo assim calado, de lado do que sonhei um dia. Como se alegria recolhesse a mão... pra não me alcançar..."
Dobrado Por Henrique Haddefinir às 15:04
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