Falabella nunca foi de declarações isentas de uma reafirmação pessoal. Seu objetivo em suas entrevistas sempre foi confirmar os mitos em torno de sua personalidade. E entre muitas auto-homenagens a seu senso de humildade e valor ao trabalho, ficam pelo caminho as coisas que diriam realmente quem é Miguel Falabella. E depois que Rick Martin saiu do armário, começaram a procurar os possíveis candidatos brasileiros a fazer o mesmo para dar declarações. A pérola de Falabella foi essa:
Depois que Ricky Martin saiu do armário, não para de pipocar matérias com celebridades opinando sobre a atitude do cantor. Em entrevista ao site do jornal O Dia, o ator Miguel Falabella elogiou a coragem de Ricky, mas afirmou que assumir a sexualidade está "fora de moda".
"Achei maravilhoso [atitude de Richy]. Mas acho tão fora de moda esse negócio de questionar a sexualidade dos outros. O mundo está acabando... Não tenho a menor intenção de saber a opção sexual (sic) das pessoas, só das que quero comer. Se ele teve esse tipo de necessidade é um fato. Os preconceitos sempre vão existir, porque o ser humano é mesmo intolerante", disse o ator.
A primeira cagada está em dizer que sair do armário está "fora de moda". O dia em que poder viver sendo você mesmo num mundo onde as minorias estão sempre sendo oprimidas for estar fora de moda, prefiro mudar de mundo. Se Rick fez isso é porque a atitude é representativa pra ele e não devia ser considerada nada que não fosse louvável. "Fora de moda" é disfarçar as próprias inseguranças com declarações de esnobismo fingido. Depois vem a cagada-mor, quando ele usa a expressão "opção sexual". Tão lido, viajado, esclarecido e (quero acreditar), distraído. Sem falar na grosseria de dizer que a "opção sexual" pra ele só interessa se for das pessoas que ele quer comer. Sutil e delicado como um tijolo.
Adoro as coisas que ele escreve e faz. Ele é uma grande referência pra mim enquanto artista e pessoa. Na minha adolescência ele era um ícone do que eu queria ser enquanto escritor. As coisas que ele dizia e fazia tinham muita relevância e se ele tivesse se assumido gay naquela época, isso teria me dado alguma força pra lidar com meus fantasmas. Talvez seja isso que ele não entende. Não nos assumimos só para nós mesmos. Formamos uma corrente que empurra o mundo para nos assumir também.
Uma pena, Miguel. Uma pena.