Bial, que geralmente no BBB faz discursos longos, algumas vezes clichezados, mas nem por isso indiferentes, costuma ter a minha simpatia à frente do programa. No entanto, ontem, quando "brincou" com a relação de Dourado e Dicesar, ele teve um infeliz momento que eu espero não se repetir ao longo da edição.
O papel de Dicesar e Serginho na edição se desenha de maneira perigosa nos últimos tempos. Se não bastasse o fato de a alienação de Serginho acabar provocando uma valorização excessiva de suas características mais provocativas, parece que junto com Dicesar, começa a se concretizar uma confirmação de uma teoria social abjeta que nos permeia desde que assumir preconceitos ficou out.
Os dois gays masculinos da casa são o que chamaremos aqui para fins de entendimento, escrachados. A escolha de Dourado como possível regressor ao programa se justifica imediatamente por isso. Ciente de que precisava se reavaliar para manter-se no jogo, ele assume uma postura reflexiva. Abre a guarda com Dicesar. Entretanto, as tiradas homofóbicas continuam num nível que as pessoas aqui fora podem considerar tolerável, mas que quem é gay desde sempre sabe que se tornam insuportáveis muito rápido. Dicesar se manisfesta. Dourado se mantém tranquilo. Quase submisso. Mas em momento nenhum vai deixar para trás suas convicções homofóbicas. Mesmo assim, se resigna. Cansado da montanha-russa comportamental, Dicesar aparece sempre insatisfeito. Dourado sempre calmo. Acontece então a impressionante corrente de favorecimento a Dourado sob a tutela de sofrer de heterofobia. E como bem disse a Mary W. do BBB, o Décimo, falar em heterofobia é uma insanidade sem tamanho, já que é uma condição que torna tudo acessível a todos que dela compartilham. E que não inclui nenhum glossário de comportamento que os gays já vão precisando aprender a usar desde a mais tenra infância. O engano começou e se formou. E quando Bial faz a brincadeira do "amor ou ódio", Dourado deixa vir a tona todos os seus pensamentos tacanhos sobre a homossexualidade, mas é tarde demais, pro público não é mais homofobia, é um homem em busca de compreensão tanto quanto qualquer um.
Do outro lado, Angélica prepara sua aproximação, ciente de que ser lésbica é uma das poucas coisas que podem ser encaradas como um problema pra Dourado. Afinal, os dois gostam de mulher. E se não "gostar de mulher" não for argumento suficiente para julgar Dicesar e Serginho, o fato de não serem tão "discretos" quanto Angélica, será.